Be Mine

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Os dias que se seguiram àquela noite no hotel foram longos e dolorosos. Cada minuto parecia se arrastar, cada hora uma eternidade. Estava de volta ao meu apartamento em Nova York, mas tudo parecia diferente. O espaço que antes me trazia conforto agora parecia vazio e frio. Meu coração estava partido, e cada canto do meu lar me lembrava de Cate. Durante os primeiros dias, a raiva e a mágoa eram quase insuportáveis. Eu me perguntava como ela podia ficar tão quieta depois que me declarei para ela. Será que significava tão pouco para ela? As dúvidas e as perguntas sem resposta ecoavam na minha mente, me impedindo de ter qualquer paz.

Mas conforme os dias passaram, a raiva começou a ceder lugar a uma tristeza profunda. À noite, deitada na cama, as lágrimas vinham mais fácil, e eu me questionava se ela estava pensando em mim também. Eu sentia falta de Catherine, de seu sorriso, de seu toque, de suas palavras gentis, de sua risada. Lembrava-me de como seus olhos brilhavam quando estávamos juntas. E do jeito que ela olhava para mim, como se eu fosse uma das únicas pessoas no mundo que importava. Sentada no meu sofá, olhei pela janela para a movimentada rua abaixo. As pessoas passavam, vivendo suas vidas, enquanto a minha parecia estar em pausa.

Elena estava ao meu lado, uma presença constante e reconfortante durante esses dias difíceis. Desde que contei tudo a ela, desde o momento em que desci correndo as escadas do hotel até chegar aqui, ela foi uma rocha para mim. Ela escutou cada palavra, enxugou minhas lágrimas e ofereceu conselhos, embora soubesse que a decisão final teria que ser minha.

Enquanto isso, arranjei uma forma de manter minha mente ocupada e ganhar algum dinheiro. Estou dando aulas particulares de física para um garoto que mora no andar de baixo, uma oportunidade que surgiu inesperadamente, mas que acabei abraçando como uma forma de me manter ocupada e focada em algo positivo. Ensinar a matéria que Cate leciona é irônico, mas tem sido uma distração bem-vinda. Porém, aquelas aulas não eram apenas um emprego; eram uma forma de me conectar com algo que Catherine amava, talvez como um meio inconsciente de manter uma parte dela comigo.

Por falar em Blanchett, ela tentou entrar em contato algumas vezes desde que nos separamos, mas até agora não tive coragem de responder. Mensagens não lidas e ligações não atendidas se acumulavam no meu celular, cada uma um lembrete da dor que ainda estava muito presente.

E a situação com Allyson adicionava uma camada adicional de complexidade ao meu já turbulento estado emocional. Suas mensagens bem-intencionadas, embora carecessem de menção direta a Cate, pareciam estar ligadas de alguma forma à minha ex-parceira. A sensação de que minhas respostas poderiam ser compartilhadas com ela pesava em minha mente, mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim desejava manter algum tipo de conexão, mesmo que indireta, com ela.

Era estranho como as vidas podiam ser tão entrelaçadas e ainda assim tão separadas. E enquanto digitava cada mensagem para Allyson, um misto de esperança e resignação se aninhava no meu peito. A vida continuava, e eu também, passo a passo, dia após dia, tentando encontrar meu lugar nesse novo capítulo que eu mesma tinha começado, pois eu compreendia a importância de cuidar de mim mesma e de proteger meu espaço emocional, mas, ao mesmo tempo, havia um desejo inquietante de permanecer conectada, mesmo que apenas através de intermediários. Então, continuei respondendo às mensagens de Allyson, compartilhando detalhes sobre como estava me sentindo e até mesmo sobre minha nova oportunidade de emprego.

— Então, como foi a aula hoje? — perguntou Elena, tentando trazer um pouco de normalidade à nossa conversa.

— Foi bem, na medida do possível — respondi, tentando soar otimista. — Tom tem um bom potencial, só precisa de um pouco mais de orientação e dedicação. Acho que posso ajudá-lo a melhorar suas notas em física.

— Não é estranho ensinar a mesma matéria que ela? — sua voz era cautelosa. Assinto, meus olhos voltando-se para a paisagem lá fora.

— Às vezes, é um pouco estranho, sim — admito, com sinceridade. — Mas tento separar as coisas e focar apenas no ensino. — Elena coloca a mão suavemente sobre a minha perna.