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C A T E    B L A N C H E T T

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Nesta nova manhã, estou na cozinha, tomando meu café e só pensando enquanto olho pela janela. Minha mente está novamente cheia de pensamentos sobre a situação com minha filha e onde estamos agora. Não sei bem o que fazer agora, apenas tento me acalmar, mesmo que seja muito difícil. Minha mente está focada em soluções, nas coisas certas a dizer para consertar tudo isso.

Quando eu vejo Allyson passando para ir em direção à porta eu fico ansiosa. Ela não está usando fones de ouvido quando passa pela sala, mas não olha para mim, nem me diz nada. Eu sei que é uma forma de não reconhecer o que aconteceu ontem. O que torna tudo ainda pior, pelo menos para mim. Quero falar com ela agora, para resolver isso e não esperar mais. Então me levanto e vou atrás dela, com meu café na mão.

— Allyson, espere. — digo, enquanto me aproximo da minha filha. Não quero ser muito enérgica e apenas pressioná-la a falar comigo. Mas não posso deixá-la ir assim, com as coisas sem solução. Ela se vira, com o rosto inexpressivo. — Eu só queria conversar. — ajo calmamente, enquanto tomo um gole do meu café. Olho para ela, com o rosto tenso, tentando ser o mais sincera possível e consertar tudo que estraguei ontem. — Entendo que você esteja decepcionada comigo por não ter contado sobre meu relacionamento com Hernández, e sinto muito por isso... Eu deveria ter contado e conversado com você, como uma filha e mãe normal. — ainda estou tentando ser o mais calma e racional possível, mas está ficando cada vez mais difícil controlar minhas emoções.

Ela assente, mas não parece interessada. Respiro fundo novamente e tento ser mais sincera do que nunca, falando em tom calmo e gentil.

— Eu te amo muito, Allyson. Você pode pensar que sou apenas uma velha chata que tenta impedir você de se divertir e aproveitar a vida... mas acredite, só estou tentando mantê-la segura. Espero que você encontre um lugar em seu coração para me perdoar e entender por que ajo dessa maneira. — há um pouco de desespero na minha voz. Eu sei que minha filha está muito brava comigo e isso me machuca muito. Ela apenas assente novamente.

Respiro fundo, tentando me acalmar ainda mais, enquanto continuo conversando com ela. Percebo, porém, que ela nem está ouvindo; seu rosto inexpressivo não muda e ela está apenas olhando em outra direção. Minha voz ainda está calma, mas posso dizer que é cada vez mais difícil manter a calma e a racionalidade, quando apenas vejo que minha filha não se importa. Sou eu quem está colocando todo o esforço na conversa e estou cansada disso. Não sei o que dizer, só quero consertar as coisas. E meu tom está ficando cada vez mais alto, mas ainda é sutil o suficiente para eu não gritar com ela.

— Allyson, sei que você está muito brava comigo. Mas eu sou sua mãe, sempre amarei você, não importa o que aconteça. E não quero ficar distante de você, ainda mais assim... — olho para Allyson com uma expressão simpática, demonstrando minha culpa e medo.

— Você está... Você está apaixonada por ela ou algo assim? — ela pergunta, com receio. É óbvio que esta não era a pergunta que eu esperava daquela conversa. Meu rosto mostra um misto de emoções, que vão do choque à confusão, passando por um pouco de constrangimento, até vergonha, por não estar preparada para aquela pergunta. Achei que o foco dela estaria em mim e nos meus erros com ela. Mas eu respondo mesmo assim.

— Não, eu não estou. — minha resposta parece genuína, porque amo minha filha mais do que amo qualquer outra pessoa no mundo. Meus sentimentos por Hernández não fazem parte da equação aqui, não têm nada a ver com esta situação. Então essa é a resposta que dou à minha filha. E ela parece aceitar o que realmente é.

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