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C A T E     B L A N C H E T T

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Era a primeira aula do dia, quando alguns alunos estavam reunidos na classe, alguns estavam sentados, outros ainda entravam. A aula ainda não havia começado, então a sala era um pouco barulhenta. Houve algumas conversas aqui e ali, mas ninguém realmente incomodava ninguém. O momento de calma e silêncio era o momento em que todos os alunos viam minha imagem na frente da sala, e era exatamente isso que eu estava esperando para poder fazer. Eu estava parada na porta, olhando para todos, mas ninguém olhava para mim. Eu estava apenas observando.

De repente, Hernández aparece na porta, mais cedo que o normal, quase esbarrando em mim, e fica um pouco surpresa ao me ver ali. No momento em que ela entrou, olhei para ela, como se estivesse a esperando, de certa forma, mas foi muito repentino. Meus olhos encontraram os dela, enquanto nos entreolhamos em silêncio por um segundo, mas parecia que demorou muito mais. Também vi seus olhos percorrendo meu corpo de cima a baixo rapidamente. Mas tentei ignorar isso.

O que fiz foi ser neutra e não parecer suspeita para os outros. Apenas sorri um pouco agora, tentando ser legal com a garota no momento em que ela entrou na sala.

— Bom dia, professora. — disse suavemente. Saí do meu pequeno sonho e voltei à realidade.

— Bom dia. Fico feliz em ver você chegar mais cedo. — digo com um pouco de sarcasmo, mas ela sabia que eu estava feliz em vê-la. Sempre fico, mesmo que nossa interação seja apenas por um breve momento pela manhã, antes do início das aulas. Mas é algo que eu venho procurando: ver Hernández.

— Eu parei de me atrasar, está bem? — diz ela, com um pequeno sorriso. Eu ri um pouco.

— Bem, eu agradeço por você não se atrasar mais. Mas não é como se você chegasse sempre na hora certa, então não seja muito arrogante. — respondi, mas meu tom não parecia maldoso, na verdade parecia um pouco doce, com um pouco de sarcasmo. Ela suspirou e revirou os olhos, brincando.

— Você está sempre me criticando. — disse em um tom zombeteiro.

— Talvez seja porque você sempre me dá motivos para isso, Hernández. — digo em tom divertido também, mas havia algum tipo de verdade nisso. Ela faz uma cara chocada, de brincadeira. Eu estava, de fato, gostando desse pequeno diálogo agora.

— Ok, isso dói. — diz com um sorriso, enquanto aponta o dedo para mim. Revirei os olhos, de forma brincalhona. Também ri um pouco quando ela falou isso, mas também percebi o olhar da jovem, olhando para o meu rosto, tentando olhar tanto, em tão pouco tempo... É algo que eu sabia que ela fazia. Ela sempre faz isso, e eu gostava, eu gostava que ela me observasse.

Hernández não estava realmente escondendo o fato de estar olhando para mim. Não era algo que me incomodava, eu já estava acostumada, mas não era uma boa ideia neste momento, então quis saber por que ela estava olhando para mim daquele jeito.

— Por que você está olhando assim para mim? — perguntei, com um tom mais sério, estava ficando desconfiada.

— Porque você está bonita hoje. — eu balancei a cabeça e desviei o olhar por um instante, só para conferir a sala, com um pequeno sorriso nos lábios pelo comentário da garota. — E eu quero beijar você, Cate. — acrescentou em um sussurro. Ela chamou minha atenção, e agora era só entre Hernández e eu.

A confissão da menina fez o meu coração bater mais forte, meus lábios tremeram um pouco. Eu não conseguia nem dizer nada. Por um momento, tudo o que eu consegui fazer foi olhar para ela, com uma cara ligeiramente surpresa, mas também com uma cara cheia de emoções.

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