Sento-me na beira da cama, a luz amarelada da tarde filtrando pelas cortinas semiabertas, criando padrões suaves no chão do meu quarto. O relógio insiste em marcar pouco mais de 16h, mas para mim, o tempo parece estagnado, suspenso entre expectativas e receios. Meu olhar vazio reflete a turbulência que assola minha mente, uma tempestade de confusão, perguntas não respondidas e emoções em conflito. Meu celular repousa em minhas mãos trêmulas, exibindo a mensagem que Cate enviou ontem. As palavras ecoam em minha mente, desencadeando uma avalanche de pensamentos e preocupações.Confusão e ansiedade apertavam meu peito. Por que Cate queria falar agora, depois de tanto tempo de silêncio? O que poderia ter mudado? A mente girava em espiral, trazendo à tona todas as dúvidas e dores que eu vinha tentando suprimir. Será que ela queria apenas oficializar o fim? Estava tão cansada de esperar por respostas que talvez nunca viessem.
As semanas desde o término foram um longo e doloroso processo de aceitação. Tentei seguir em frente, preencher o vazio com atividades e distrações, mas nada parecia funcionar. A ausência de Cate era um buraco negro que sugava toda a luz e esperança da minha vida. Agora, com essa mensagem, as feridas mal cicatrizadas voltavam a latejar, reabrindo-se em uma dor aguda e familiar. Não conseguia afastar o medo de que essa conversa fosse apenas para reafirmar o fim, para me dizer que já seguiu em frente e que eu deveria fazer o mesmo.
Mesmo que uma pequena parte de mim ainda nutrisse uma tênue esperança de que talvez houvesse uma chance de reconciliação, a realidade parecia muito mais sombria. O mais provável era que ela quisesse encerrar o capítulo de uma vez por todas, deixando-me sozinha para lidar com os cacos de um relacionamento fracassado. Não conseguia evitar pensar que talvez tudo o que eu esperasse fosse um vão desejo de evitar a verdade.
Se Elena estivesse aqui para ouvir metade dos meus pensamentos, provavelmente me diria que estou sendo pessimista, que estou deixando o medo e a dor obscurecerem minha visão. Ela sempre foi a voz da razão, a âncora que me segurava quando eu ameaçava me afogar nas minhas próprias emoções. Ela sempre me lembrava de olhar além da superfície, de considerar todas as possibilidades antes de tirar conclusões precipitadas. Mas, desta vez, sinto que os fatos falam por si só. O que vivenciei naquela noite no hotel foi uma verdade difícil de aceitar: Cate não me amava.
Por mais que eu tentasse resistir à ideia, os sinais estavam lá. As palavras vazias, os olhares distantes, a frieza que se instalou entre nós. Não era apenas uma suspeita infundada; era uma realidade dolorosa que eu não podia ignorar. Por mais que desejasse que as coisas fossem diferentes, não posso me enganar mais. Elena poderia me dizer para ter esperança, para dar a Cate uma chance de explicar-se, mas reviver aquele momento já bastava. As evidências estavam ali, diante de mim, tão claras e inequívocas como a luz do dia. Não era impulsividade, era auto-preservação. Eu não podia continuar me iludindo, esperando por um amor que nunca existiu.
A ideia de fugir me assalta, tentadora e sedutora. Voltar para o meu país, para a segurança da minha família, trancar o curso, dizer adeus para Cate e para meus amigos... Tudo isso parece um refúgio seguro, uma maneira de escapar da dor e da confusão que me consomem. Mas, no fundo, sei que não posso fugir para sempre. Não posso correr dos meus problemas, das minhas emoções. Por mais tentador que seja desaparecer, sei que isso não resolverá nada. As feridas ainda estarão lá, esperando para serem tratadas. E Cate... Ela merece uma explicação, uma conversa franca e honesta. Não posso simplesmente desaparecer sem dizer uma palavra. Não quero.
Além disso, há algo dentro de mim que se recusa a desistir, que se recusa a deixar essa situação me derrotar. Mesmo que seja doloroso, mesmo que seja difícil, eu quero enfrentar isso de frente. Quero encarar Cate, encarar meus próprios sentimentos, e encontrar algum tipo de resolução. Então, mesmo com o coração pesado e as mãos trêmulas, decido que irei ao café. Não porque seja fácil, não porque seja o que mais desejo fazer neste momento, mas porque é o que preciso fazer.

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Be Mine
FanfictionNum enredo permeado por uma confusão de sentimentos, S/n Hernández percebe que sua paixão pela professora de física, Cate Blanchett, transcende os limites de um simples crush, desencadeando uma série de eventos que viram suas vidas de cabeça para ba...