- Eu disse que podia ficar à vontade, mas você já está exagerando. - Cate tirou as minhas pernas, que estavam no sofá.- Perdão. - me ajeitei.
- Podemos começar?
- Pensei que havia desistido, já se passa das seis. - falei, olhando o horário no meu celular. Por pouco, eu não dormi ali mesmo.
Antes de Allyson sair, ela conversou uns minutos comigo, aquilo prendeu minha atenção, não me permitindo fechar os olhos. Mas, depois ficou difícil, eu já estava entediada e com sono.
- Estou ciente disso. - Cate disse, encolhendo os ombros de leve.
- Para alguém que respeita horários, você está sendo extrema. - ela arqueou um pouco as sobrancelhas e tirou os olhos de mim, mostrando que aquela conversa não a interessava nem um pouco.
- Acontece que eu não estava livre antes, Hernández.
- Eu entendo isso, senhora.
- Então, podemos? - ela estava um pouco apressada para começar.
- Podemos. - eu me levantei e a segui até o instrumento. Ela se sentou primeiro e, depois bateu no banco para que eu fizesse o mesmo.
- Há quanto tempo não toca? - o volume de sua voz estava mais baixo, e o tom suave.
- Há um tempo. Não estou tendo oportunidades para isso.
- Vamos relembrar então. - um canto de sua boca se curvou em um rápido sorriso. Seus olhos focados nas teclas enquanto ela esticava seus dedos.
Foi divertido. Não, interessante. Foi interessante aquela experiência com Cate, aquele momento entre nós duas fora de uma sala de aula. Foi interessante ver o seu amor por piano, e como seus olhos brilham quando ela está falando sobre, ou deslizando seus dedos pelas teclas, criando uma harmonia incrível. Ela era muito boa, e era apaixonada pelo instrumento.
A maneira como ela era reservada e tinha as coisas somente para si, me deixavam curiosa e instigada a descobrir mais sobre ela. O que eu sabia que, ela odiava.
Eu poderia listar as coisas que eu sabia sobre ela: ela era divorciada, tinha apenas uma filha, era professora de física na minha universidade, é viciada em café meio amargo, toca piano e adora usar ternos (o que, de fato, é muito atraente).
Eu estava um pouco trêmula com a sua presença. Estava com medo de cometer algum erro e levar um puxão de orelha seu. Mas, foi mais tranquilo do que eu esperava. Não sei se o motivo foi por ser a primeira aula ou se era porque ela estava mais calma. Ela estava de fato me ajudando, e sem a parte das grosserias.
- Obrigada por se oferecer a dar aulas de piano para mim.
- Pelo menos eu terei um tempo para tocar piano outra vez. Por mais que eu tenha que mexer na minha agenda agora.
- Desculpe-me? - ofereço.
- Não se desculpe, eu queria acrescentar algo. E, voltar a fazer algo que eu gosto, é melhor ainda. - um pequeno sorriso se fez presente no seu rosto.
- Então, por nada. - ela soltou uma risada, me fazendo sorrir. - Gosta do seu trabalho como professora?
- Eu amo. Adoro ensinar. - mesmo que às vezes ela perca a paciência o fazendo. Muitas das vezes, melhor dizendo. Cate gostava sim de ensinar, mas não era tão paciente com pessoas que não entendiam até a segunda vez.
- Além disso, o que gosta de fazer fora do trabalho?
- Você está querendo me interrogar agora? - Cate questionou em um tom divertido.

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Be Mine
FanficNum enredo permeado por uma confusão de sentimentos, S/n Hernández percebe que sua paixão pela professora de física, Cate Blanchett, transcende os limites de um simples crush, desencadeando uma série de eventos que viram suas vidas de cabeça para ba...