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Quarta-feira chega e os meus pensamentos ainda estão focados no que aconteceu durante a aula de ontem. Eu não consigo deixar de pensar no flerte que tivemos, na maneira como nos provocamos e de como nós ficamos ali, a centímetros uma da outra, e a proximidade entre nós parecia inebriante. Mesmo agora, pensando nisso, eu posso sentir um friozinho na barriga e não posso deixar de sorrir com a lembrança.

Eu sinto uma sensação de empolgação e antecipação toda vez que penso na próxima aula que terei com Cate e começo a me perguntar se eu deveria tentar fazer um movimento com ela e ver se ela se sente da mesma maneira que eu, ou isso é uma má ideia.

Eu não conseguia nem prestar atenção nas aulas, tudo o que se passava na minha cabeça era aquele momento de flerte. Foi uma experiência tão incrível e inesperada para mim, jamais imaginei algo assim vindo dela e, tudo o que eu queria era vê-la novamente e experimentar aquela sensação uma outra vez.

No entanto, eu não pude deixar de pensar sobre o que Elena havia dito, e quanto mais eu pensava sobre isso, mais confusa eu ficava. Eu queria acreditar que Cate poderia se interessar por outras mulheres, sim, mas eu ainda estava incerta. Porque ao mesmo tempo, eu achava difícil imaginar uma mulher como Cate, tão confiante e independente, sentir-se atraída por alguém tão jovem e inexperiente como eu. E como se não bastasse, sua aluna.

Mas, aquele flerte plantou uma semente de dúvida na minha cabeça, e a ideia de que Blanchett poderia estar interessada em mim me deixa esperançosa e nervosa ao mesmo tempo. Eu quero acreditar que aquilo significou algo para ela, mas também não posso evitar de ser um pouco cética. A situação toda parece tão complicada e confusa e é difícil saber o que fazer.

Eu olho para as anotações da aula que acabei de ter, tentando me concentrar no assunto em questão e tentando me livrar dos outros pensamentos que continuam surgindo em minha mente. Mas não parece adiantar muito, então penso em me mover para outro lugar e sair da escada em que eu estava, mas, antes que eu possa fazer isso, vejo Cate descer, com o rosto inexpressivo como sempre, enquanto carrega uma pilha bagunçada e pesada de livros e anotações.

Ela está usando uma camisa social, uma calça de couro e está com os seus saltos de costume. Seu cabelo está preso e ela está usando seus óculos. É raro vê-la neste andar às quartas, então imagino que seu trabalho tenha terminado mais cedo hoje. Ela não percebe que eu estou aqui, apenas segue o seu caminho, de cabeça erguida.

Desta vez, eu vejo que Cate realmente não me viu aqui e não me ignorou simplesmente. Ela parece imersa demais em pensamentos para querer olhar à sua volta. Parece que ela está até murmurando algumas coisas para si mesma.

No entanto, eu não posso deixar de sentir uma onda de emoções ao vê-la. Eu tento rapidamente me recompor e me concentrar nas anotações, mas não evito olhar para Cate de novo e de novo. Cada vez que eu olho para cima, e a vejo caminhando para longe com aquele passo confiante, me sinto hipnotizada por um momento. Hipnotizada ao ponto de não perceber Allyson até que ela estivesse parada na minha frente.

— Ei. — ela diz com um sorriso gentil, enquanto se aproxima de mim. Allyson sobe mais alguns degraus e se senta ao meu lado. Eu tento me concentrar novamente, afastar meus pensamentos sobre Cate e esconder minhas emoções. — O que faz aqui? — eu pisco algumas vezes para tentar recuperar o foco.

— Só revisando algumas coisas. — eu aponto para o caderno que eu tinha em mãos. — Tem andado ocupada? Não te vejo há uns dias.

— Ah, sim. Bastante, na verdade. Os estudos andam ficando mais carregados agora, e não mudam para melhor. — ela ri e eu a acompanho. Os dois anos na faculdade mostraram claramente para mim que só iria piorar, e ela estava apenas começando. — E, além do mais, eu fiquei umas tardes fora de casa. Meu pai estava perto da cidade e me convidou para eu acompanhá-lo em uma exposição de arte, já que curadoria será a minha profissão futura. — ela sorri. 

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