Be Mine

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C A T E    B L A N C H E T T

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O que aconteceu? O que foi aquilo? Essas perguntas martelavam incessantemente em minha mente enquanto eu fazia o caminho de volta para minha cidade. Agora, no conforto da minha casa, a sensação de vazio e insignificância só se intensificava. A ausência de minha filha tornava tudo ainda pior, amplificando a sensação de solidão e confusão que me envolvia.

Eu andava de um lado para o outro, tentando encontrar alguma clareza, alguma resposta para o turbilhão de emoções que me consumia. A imagem de Hernández, com lágrimas nos olhos, não saía da minha cabeça. A dor e a determinação em seu olhar me perseguiam, e eu não conseguia entender completamente o que tinha dado errado. Por que não consegui dizer o que realmente importava? Por que, no momento crucial, minhas palavras falharam? Eu estava prestes a pedir desculpas, a tentar consertar as coisas, mas sabia que isso não era suficiente. Ela queria algo mais, algo que eu não conseguia articular. E agora, a única coisa que restava era um vazio esmagador e uma casa que parecia ecoar a ausência dela também.

Minha mente estava um caos. Será que eu realmente a amava? Será que todo esse tumulto era amor? Eu sabia que me importava profundamente com ela, mas a palavra “amor” parecia tão pesada, tão carregada de expectativas e promessas. Era mais fácil manter a confusão, a incerteza, do que enfrentar a verdade nua e crua. Eu queria poder voltar no tempo, segurar sua mão e dizer algo que pudesse ter feito a diferença. Queria consertar o que havia quebrado entre nós, mas não sabia por onde começar. E se tentasse e falhasse novamente?

Minha casa, que antes era um refúgio, agora parecia um espaço cavernoso, ressoando com o silêncio ensurdecedor da ausência de Hernández. Cada canto, cada móvel, parecia lembrar-me do que eu havia perdido, do que eu não consegui segurar. Eu me joguei no sofá, exausta, olhando para o teto e tentando fazer sentido de tudo. Será que eu estava apenas assustada? Será que a ideia de amar alguém tão intensamente me paralisava? Ou será que eu estava simplesmente confusa, perdida em meus próprios sentimentos?

Fechei os olhos, tentando acalmar a mente, mas tudo o que conseguia ver eram os olhos dela, cheios de dor e desapontamento. Ela queria ouvir que eu a amava, queria uma confirmação de que seus sentimentos não eram em vão. E eu falhei em lhe dar isso. Como eu poderia ter deixado as coisas chegarem a esse ponto? Por que era tão difícil para mim admitir o que estava sentindo?

Talvez, no fundo, eu soubesse a resposta. Meu miserável ex-casamento com David tinha me deixado cicatrizes profundas. Eu havia me fechado, construído muros ao meu redor para me proteger de mais dor. O amor havia se tornado algo assustador, algo que eu temia mais do que qualquer outra coisa. Ele tinha me deixado desconfiada, insegura. Cada briga, cada palavra amarga, cada momento de isolamento dentro do casamento havia me moldado, me tornando alguém que preferia a segurança da distância emocional à vulnerabilidade do amor verdadeiro. Cada vez que eu abria meu coração para ele, acabava machucada. E agora, eu me perguntava se estava condenada a repetir o mesmo padrão com Hernández, mesmo que ela fosse completamente diferente, e o que eu sentia por ela fosse diferente.

Com ela, havia uma esperança, uma luz que eu não tinha experimentado há muito tempo. E, no entanto, quando ela se declarou, meu instinto foi recuar, proteger-me, em vez de abraçar a chance de algo verdadeiro e profundo. Eu queria acreditar que poderia superar isso, que poderia ser forte o suficiente para enfrentar meus medos e abrir meu coração novamente. Mas a incerteza me consumia. E se eu não conseguisse? E se eu acabasse machucando a garota da mesma forma que fui machucada?

Levantei-me e fui até a janela, olhando para a madrugada lá fora. As luzes da cidade brilhavam à distância, indiferentes à minha dor. Eu precisava tomar uma decisão, precisava encontrar um caminho para lidar com tudo isso. Mas por onde começar? A lembrança do rosto dela, de sua voz, de seu toque, tudo isso me enchia de uma dor doce e agridoce. Ela merecia mais do que minha indecisão, mais do que meu medo. Ela merecia alguém que pudesse amá-la plenamente, sem reservas.