capítulo 35

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A mesma rua escura e lamacenta que um dia a moça havia pisado causava-lhe sérios arrepios, desta vez estava um pouco mais populada, vários casais passeavam em direção ao bar agora conhecido pela jovem.

Aquele consortes transmitiam uma sensação tão calorosa, Amelia desejava um dia poder estar assim com seu esposo sem nenhum intriga ou problema entre eles só um passeio sobre o céu estrelado.

-Como vou entrar aqui sem ser reconhecida.-perguntava a seus botões enquanto o pé batucava de forma compulsiva- vão pensar que me estou a prostituir e vão logo espalhar um boate pela cidade inteira.

O sentimento presagioso que lhe corrompia não a deixava dar nem um passo em direção aquela taberna, o arrependimento de ter saído dos seus aposentos para ali já a chateava porém o motivo de ali estar era maior que seus pavores.

-Me acompanhe sem questões!- com o toque inesperado da amiga Amelia se assustou ao ouvir a voz de Emma.- Louis me contou tudo, lamento que você tenha de sofrer adultério já no início do casamento.

Adultério? Palavra tão pesada, nunca a havia prenunciado nem escutado, só lido em seus  romances falhados, nunca pensou que iria ter de relacionar aquela palavra à sua vida amorosa.

-Adultério? Timotheé é um fiel marido, não se deixe enganar pelos boates alheios Watson!- Lencastre não acreditava bem nas suas palavras um ponto de insegurança acreditava que seu marido era bem capaz de ser-lhe infiel.

-Foi Louis que me contou e ele tem provas.

Tentando se disfarçar no meio da multidão as duas amigas tentavam descontrair com a música até Louis chegar.

-Venha comigo!- sem escolha a jovem foi arrastada pelo braço sendo afastada da companheira.

A melodia confortante das guitarras portuguesas e dos cânticos do povo tranquilizavam um pouco a jovem, Louis a arrastava por corredores estreitos onde só era possível visualizar fumaça e a extrema poeira no ar.

-Para onde você me leva?- a morena questionou enquanto tossia.

-Não se preocupe!- os dedos macios de Chalamet acariciavam lentamente o braço da jovem.

O ambiente estava animado, o ritmo do coração da garota batia nas mesmas batidas da morena, mesmo sem ter visto provas ela acreditava cegamente em  Louis.

-Entre!- Louis pousou a mão na cintura da Lencastre a empurrando para dentro de um cómodo.

O olhar perdido da jovem, analisava cada recanto daquele cómodo. Num canto estava uma secretária com uma pequena pilha de pastas.

-Eu lamento a trazer novamente neste local por um motivo não muito agradável.- naquele sítio a música tinha se tornada quase inaudível.

Amelia fingiu um sorriso e o cunhado não acreditava nem um pouco naquele sentimento que ela espelhava. Era visível nos olhos castanhos da Lencastre o medo de descobrir uma verdade.

-O ambiente em sua casa hoje estava tenso pelo simples motivo de eu ter descoberto as milhares traições de meu irmão...- as mãos escondidas em suas costas começavam a tornar-se deveras inquietas era difícil a moça controlar o nervosismo- contei para meus pais e eles esperavam que eu encobrisse tal coisa, eu não sou igual a meu irmão.

-Eu pensei piamente que seu irmão iria ser fiel!- um fio de mentira fugiu de sua voz.- me apaixonei loucamente por ele para agora sofrer como qualquer outra.

Nem tudo em suas afirmações era verdade, mas o sentimento de ser enganada sem aviso a machucava de forma dolorosa. Uma lágrima solitária escorreu de seus olhos mas logo o Chalamet a limpou.

-Não chore...- ela levantou o olhar só sonseguinfo visualizar os olhos do cunhado- ele não merece nenhuma lágrima sua, você agora só precisa de arranjar alguém que a ame.

"Alguém que a ame", a inocência da jovem não percebia o lado perveso do garoto em sua frente.

-Eu não vou fazer o que ele me fez!- ela calmamente se afastou dele.- eu não sou igual a ele.

-Então seja pior!- Louis pegou no braço da morena a puxando para si, mas para pena do garoto esta não correspondeu ao contato físico.

-Eu preciso de ver as provas!- ela direcionou-se para as pastas as espalhando pela mesa procurando provas concretas.

-PROVAS?- o jovem Chalamet aumenta o tom de voz e seus gestos já não transparecem calmidade- a forma como ele trata você já é uma prova, você é única, é especial. Você é a mulher que ele escolheu para se casar, ele trata você como se fosse uma vulgar.

Mentira não era mas a Lencastre não poderia exigir algo a Timotheé, afinal foi ele que a salvou de ir para Paris.

-Você está exagerando, Timotheé me ama!- Louis relaxou sua face mas a raiva estava em seus punhos que aos poucos se cerravam com força- ele não consegue expressar sem carinho de forma tão visível quanto gostaria mas ele é bondoso, ele é um perfeito marido.

-Você está a tentar convencer você ou a mim?

Por mais que aquele assunto fosse de tamanha importância Amelia estava a irritar-se com o cunhado, não era preciso de provas para a pobre moça acreditar que o marido a traia mas o facto de Louis querer que ela expresse a sua tristeza sobre aquela situação a deixava profundamente incomodada.

-Já chega disto.- a jovem se desencostou da secretária e seguiu caminho pra porta.

-Não!-o Chalamet agarrou o braço da moça- você não compreende? Está a fechar seus olhos para a gravidade desta situação.

A insistência do garoto arranhava a teimosia da garota que só queria voltar para sua casa e descansar. Com os olhos vidrados no de Louis a jovem proclamava para si mesma para gritar com ele e nunca mais lhe dirigir a palavra mas ela jamais faria aquilo.

-Por favor Louis!- um suspiro foi expulso de seus lábios- pare com isto.

A manipulação não era uma carácter forte da protagonista mas ela aprimoraria todos os seus dotes para afastar aqueles que desvendariam a mentir que seu casamento era.

-Eu só quero ser feliz, mesmo que meu marido não me ame o suficiente.- uma falsa lágrima solitária escorreu do olho esquerdo da menina.

-Ver você chorar me destrói.- com a mesma mão que agarrava o braço da moça ele desceu-a e acariciou a palma da mão da Amy- Fuja comigo!

Os olhos castanhos da jovem que antes forçavam por chorar agora se arregalavam de forma automática. FUGIR? COM O CUNHADO? Uma tremenda loucura. Com o receio do que poderia sair da boca do cunhado ela afastou seu braço da mão dele.

-O que disse?- ela repetiu mais que uma vez pra si para verificar que estava lúcida.

-Não precisa de ser hoje mas nós poderíamos tentar ser felizes juntos.- seus reflexos mandavam ela se afastar dele só que mesmo assim ele não se afastava dela- você não deseja viver com alguém que a ame?




Não revisado

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