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🖇 | Boa leitura!

🖇 | Alerta de gatilho: relatos sobre abuso sexual infantil. ⚠️

Lili e eu estávamos ficando mais próximos

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Lili e eu estávamos ficando mais próximos. Eu insinuei algumas coisas sobre a minha infância que não eram verdade e ela quase me contou sobre todos os seus traumas. Ainda havia ressalvas, ela ainda não estava cem por cento confiando em mim, mas isso seria mudado.

Tínhamos coletado várias provas das inúmeras corrupções praticadas por Frederic e eu inclusive consegui cópias dos documentos assinados por Lili que comprovavam o uso de funcionários fantasmas. Ainda assim, uma confissão de uma das partes valia mais do que apenas ter provas físicas. E mesmo que parecesse impossível para os meus dois colegas de missão, eu sabia que ela me contaria tudo logo. Talvez se a nossa relação se tornasse algo maior do que uma amizade isso fosse ser possível.

Lili recebeu uma notícia avisando sobre novas crianças no instituto. Elas foram resgatas de um esquema de tráfico humano e Lili se sentiu na obrigação de ir vê-las. Eu acompanhei e vi ela conversar com as quatro crianças que se mantinham retraídas e assustadas. Depois dali, a diretora explicou com detalhes tudo o que aconteceu e como descobriram.

Me afastei indo até a varanda e apoiei minhas mãos na mureta enquanto observava o jardim.

— Cole? — ouvi Lili me chamar logo atrás de mim.

— Oi. — virei-me para ela. — Eu só precisava tomar um pouco de ar. — expliquei.

— Você está bem? Aquelas histórias te abalaram? — aproximou-se.

Parei em silêncio por um instante e pensei em fazer algo que poderia soar de muito mal gosto. Mas era uma maneira e eu estava me vendo sem opções.

— É. Acho que não foi legal ouvir tudo isso. — falei. — Creio que me faça lembrar de coisas... — desviei o olhar.

— Que coisas? Você pode conversar comigo sobre se quiser. — tocou a minha mão e deixou que aquele contato se prolongasse.

Olhei nos olhos dela e me senti um completo idiota pelo que estava prestes a fazer. Lili parecia genuinamente preocupada, talvez um pouco curiosa mas não de um jeito maldoso. Passar pelo que ela passou certamente lhe fez começar a sentir uma enorme necessidade de ajudar pessoas com uma história parecida.

— Quando eu era criança... Acho que com uns onze anos... Eu fui... — fiz uma pausa dramática. — Fui molestado.

Lili engoliu em seco e assentiu com a cabeça devagar.

— Foi o meu tio. Ele estava de passagem, entrou no meu quarto no meio da noite e... — soltei um suspiro.

— Tudo bem. — chegou ainda mais perto, agora passando a mão em meu braço em um gesto acalentador.

— Demorou muito tempo para eu entender que não foi culpa minha.

— O que aconteceu com ele?

— Eu contei tudo ao meu pai. No começo ele não fez nada, achei que tinha me culpado ou que não tinha acreditado em mim. Mas aí, no dia seguinte, ele e o meu tio saíram para caçar. Algumas horas depois o meu pai voltou com o cadáver dele na parte de trás da caminhonete. Disse que o meu tio atirou em si mesmo por acidente. Eu sei o que realmente aconteceu.

First Lady ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora