— Uagadu! Uagadu! Uagadu!
— Tenho a ligeira impressão de que o reino se chama Uagadu — Disse James perto de Eleanor, que se conteve em lhe lançar apenas um olhar cético antes de voltar sua atenção a grande chegada de seus convidados.
Suas carruagens eram rústicas, adornadas com plantas, flores brancas, e alguns detalhes em ouro. Ao redor das duas carruagens marchavam soldados com pouquíssimas vestimentas, quase totalmente nus exceto por pequenos pedaços de pele de animais! Carregavam lanças, e usavam crânios de animais na cabeça, mas o mais impressionante para os convidados sem sombra de dúvidas era uma diferença nítida como preto no branco.
— A pele deles é completamente escura!
— Como isso é possível?
— Não olhe, filha — A marquesa cobre os olhos da pequena Mara que encarava curiosa.
Os relatos não mentiram, um reino com vestes selvagens e pele escura como o breu. Eleanor estava tão fascinada que mal ouvia os murmúrios amedrontados ao seu redor, apenas se concentrava nos detalhes únicos de mais um reino que pretendia manter contato amistoso.
Ao todo foram apenas duas carruagens, mas pela quantidade de guardas ao redor, era notório que uns vieram a pé por todo o trajeto — o que não é uma tarefa fácil. Haviam outros que estavam montados em uma espécie diferente de animal que Eleanor não soube identificar, com certeza não era um cavalo, havia duas montanhas de pelo em suas costas e ninguém por aquelas redondezas vira um cavalo assim.
— Que criatura horrenda é essa? — Perguntou James.
— Parece ter o pelo macio — Melissa acrescenta encarando o animal enquanto as carruagens paravam.
— Isso se chama dromedário, alguns vendedores o utilizam no mercado perto do porto. São de terras distantes daqui, bem úteis para carregar cargas pesadas ou humanos — Félix esclarece sabiamente atraindo olhares dos ouvintes.
James revira os olhos.
— Hã, não, não essa criatura. Estou falando desta criatura — Aponta para a pessoa que saía devagar da primeira carruagem.
— James! Isso são modos? — Repreendeu indignada com a atitude de seu noivo, chamar seus convidados de criaturas horrendas? As vezes era difícil saber o que se passava na cabeça de James.
Eleanor retoma a atenção para as pessoas que desciam da carruagem e um arrepio percorre sua espinha.
Um homem de pele escura que comparado com qualquer outro homem ali era um gigante, sai com dificuldade da carruagem que estava espremido. Seu porte físico era de um guerreiro, mas estava ornamentado com colares de ouros e pulseiras que mais se assemelhavam a correntes de tão maciças.
Se tinha cabelo ou não, não dava para saber. Estava muito bem escondido abaixo de um grande crânio de animal selvagem, cuja espécie novamente era irreconhecível. A pintura na sua face não era mera maquiagem como as jovens damas utilizavam na região, era carmesim, amarelo, branco, e fazia desenho de linhas e círculos em todo seu rosto que realmente dava medo em um rosto tão fechado.
Eleanor engole em seco e força um sorriso amistoso para ver se recebia um de volta.
Ela sorri calorosa.
Nenhuma reação esbouçada.
Nem sequer um índice de sorriso.
"Será que foi essa a sensação que Davi teve ao enfrentar Golias?" Não conseguiu evitar o pensamento.
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Seu nome é Eleanor
Historical FictionEm Bravença o ditado é claro: "Nobres acima do povo, leis acima dos nobres, e Deus acima de tudo". Reino rico, com abundância em comida, e um reinado respeitado. É nesse reino que mora uma jovem princesa e futura rainha, que diferente das outras sab...