Tão sonhado

Anos mais tarde

As vezes me lembro do dia do meu casamento e parece que isso não aconteceu, tenho medo de acordar e ainda estar em Florença trabalhando na loja de vinhos, na minha vida monótona e cheia de questões mal resolvidas. Sem saber se um dia a minha vida vai começar.

Mas ela começou, ela começou e eu descobri algumas coisas: 

O amor verdadeiro espera;

Costumes e tradições diferentes, podem ser negociados, desde que não haja inflexibilidades;

Minha família que já era grande e aglutinada, agora se tornou maior, uma família Greco-italiana, e eles são a minha família, nós brigamos e rimos, e sim, fazemos almoços simples parecerem banquetes que duraram por dias, e onde quer que eu vá, o que quer que eu faça, eles sempre estarão lá.

Apolo e eu, moramos na casa que ele construiu para nós, usando o lugar que um dia foi nosso esconderijo de crianças, hoje se tornou o nosso lar, é assim que gostamos de chamar, o lugar é tranquilo e perto de nossos pais, que agora estão mais idosos, logo em seguida ao nosso casamento, tive a minha primeira safra que foi um sucesso, e três anos depois, aqui estou eu, a um passo de expandir o nossos vinhos para serem exportados internacionalmente com muita dedicação e noites de trabalhos.

Apolo, trabalha como chef a noite no restaurante da família, e tem se dedicado a suas pinturas, mas ainda sem coragem de mostra-las para alguém que entenda melhor, o engraçado é que quase todos os seus tio tem um restaurante, não necessariamente grego como os Adrastéia, talvez, seja porque é um povo ligado a comida, não importa o momento ou ocasião grega, sempre haverá muitas pessoas em um espaço pequeno, falando ao mesmo tempo, crianças correndo para todos os lados e fartura de comida, talvez seja por isso, que não tive dificuldades em me adaptar, minha família é assim também.

- Vou me atrasar. - Falo escapando dos braços de Apolo e me levantando.

Sentei rapidamente para calçar os sapatos e ele me pegou.

- Fique só mais 5 minutos deusa, e te prometo que te levo para os campos elísios* - Ele me faz uma promessa quase que tentadora com a voz rouca.

Ele está deitado na cama, com o edredom sobre ele, estamos na época do frio.

Eu o olhos nos olhos, e faz uma cara de súplica para mim.

- Eu bem que queria marido, mas tenho uma reunião importante hoje logo cedo. - Falo indo para o closet pegar uma bolsa que combine com o meu look.

Estou usando um terninho todo preto de alfaiataria, com uma blusa de frio de gola alta também preta.

- Como estou? - Pergunto voltando para o quarto e parando em sua frente.

- Uma completa gostosa. - Ele fala com a cara amassada e com a voz cheia de málicia.

Dou um riso breve, verifico a minha pasta, vou até ele para me despedir.

E ele mais uma vez, me puxa para cama em um movimento rápido e começa a me beijar.

- Fique deusa. - Ele pede novamente.

- Eu preciso ir marido, é uma reunião importante, a noite prometo que passaremos juntos. - Falo saindo de seus braços e me levantando da cama novamente.

- Todo dia tem uma reunião importante. - Ele fala bufando e fazendo bico.

- Eu queria muito ficar, mas preciso ir, te amo e me espere para o almoço. - Me despeço e vejo o seu rosto se iluminar ao dizer a ele que almoçaremos juntos.

Eu sei que estou trabalhando demais, que estou de certa maneira, sacrificando um pouco do meu casamento, mas essa oportunidade me surgiu, e não posso deixá-la passar, é o legado da minha família, é mais um passo importante para os Capeletti, e não quero ser a única, que não contribuiu com isso.