Tão sonhado

A noite que nunca acabou

Estou aqui neste quarto de hospital sozinha,  já tem algumas horas, pedi à Laura que não contasse nada há Apolo, e que ela voltasse para o escritório para resolver a minha agenda do final do dia.

Não quero piorar mais a situação, não quero pensar nisso, para ser sincera, a realidade é que eu não sei como contar à ele sobre isso.

Eu não sabia o quanto queria isso, até estar passando, estou em oração para que a médica volte com boas noticias, eu precisei fazer alguns exames e tomar medicação na veia, ela me disse que voltaria quando os resultados dos exames estivessem prontos.

- Geórgiaaa!

Ouço uma voz a me chamar.

E quando olho para porta, Apolo está lá parando de correr e ficando em pé nele.

Trocamos olhares, mas não dizemos nada um para o outro, ele vem até à mim, e eu tento me sentar na maca, e sinto uma fisgada no pé da barriga.

- Não precisa, deusa, eu fico a aqui ao seu lado. - Ele fala em um tom baixo.

Viro meu rosto para olha-lo e tentar dizer algo.

- Apolo eu...

- Xiiii, não precisa me dizer nada, estou aqui e isso basta. - Ele fala com a voz calma, mas com os olhos cheios de preocupação.

Ele me estende a mão, e eu a pego, e ele permanece ali comigo, e a médica entra.

- Você é a Geórgia Luna Capeletti Adrás... - Médica enrosca no meu ultimo sobrenome.

- Adrastéia. - Apolo completa corrigindo nome.

- Pelo visto é você. - Médica aponta para mim com a caneta e vem até os pés da cama.

Trocamos olhares, e ele aperta a minha mão.

- Bom, os resultados dos exames, mostraram aquilo que nós já sabemos, infelizmente, a senhora teve um aborto espontâneo completo. - Ela dá a noticia.

Sinto, como se todo o peso do mundo caísse sobre mim, como se todas as orações que eu fiz foram em vão, eu não tenho coragem de olhar para Apolo, que permanece imóvel ao meu lado.

- Eu aconselho buscar uma ajuda mais especializada, pois conseguimos observar, que não foi o primeiro. - Médica finaliza.

- Como, como assim doutora? - Apolo dá uma leve gaguejada.

- Bom, foi possível observar uma oscilação de beta hcg no organismo da sua esposa, é esposa certo? - Ela pergunta para confirmar.

- Sim, minha esposa. - Ele confirma prontamente.

- Então, o beta hcg é uma substância produzida pelo embrião. Por conta disso, a quantificação da quantidade de beta hcg é fundamental para comprovar a gravidez. No caso da sua esposa, esse índice, oscila muito, o que nos faz acreditar, que este não é o seu primeiro aborto. - Ela fala séria explicando à ele que ouve atento.

- Não é o meu primeiro aborto? Como assim? - Pergunto a começar a chorar.

- Provavelmente deva ter tido bem no início, podendo ser confundido com menstruação, pois como é microscópio e as contrações parecem com cólicas, a maioria das mulheres confundem. - Ela me explica.  - Mais alguma dúvida? - Ela pergunta prestativa, e sacudo a cabeça que não. - Vou pedir para a enfermeira vir te liberar, está de alta.

Assim que ela sai, eu me derramo em lágrimas, e segurando a minha mão mais forte ainda Apolo sussurra no meu ouvido com a voz embargada:

- Vai ficar tudo bem deusa, eu estou aqui.