Idiota

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Chego em casa, e vejo que as luzes da sala estão acesas, um sinal que Geórgia está, tenho dificuldade em colocar a chave na fechadura, talvez tenha passado um pouco da conta, Eros parece que virou a minha babá, me impediu de beber e me mandou para casa.

Eu preciso beber.

Não consigo encarar essa situação sóbrio, não consigo olhar nos olhos de Geórgia e ver o quão eu errei e que meu egoísmo pode ter feito ela ficar nervosa e perder o nosso filho, eu poderia ter pego ela e levado ao médico como sempre faço, mas fui me deixar levar, eu deveria ter levado ela assim que saiu do banheiro, e invés disso o que eu fiz? Eu fiz amor com ela e depois briguei.

Não deveria ter deixado ela sair tão nervosa, deveria ter entendido um pouco mais a sua situação.

Não suporto me olhar no espelho, e ver no reflexo, o rosto de um homem que errou com quem não poderia errar, como olhar aqueles olhos agora?

Eu não consigo.

O fato de Geórgia também não querer contar à ninguém e me pedir isso, me sufoca, pois sempre fui honesto com o meu pai, deixei de ir aos almoços por isso, não consigo engana-lo mais ainda, a minha cota já deu. Eu prefiro me ausentar, do que fingir algo que não está bem.

Sou covarde, pois não consigo falar com ela sobre isso, não quero reviver aquela noite horrorosa, onde uma parte de mim se foi junto aquele bebê, aquilo acabou com o meu desejo de ser pai, pois se tinha alguma mensagem dos deuses, era essa.

Enfim, consigo abrir a porta, jogo a chave na mesa de canto na sala, sinto um cheiro bom vindo da cozinha, vou até lá e vejo que tem uma pizza no forno elétrico, dou meia volta e vou para o quarto, onde vejo duas Geórgias deitadas na cama de atravessada, está adormecida, ela parece ter pego no sono enquanto me esperava..

Cambaleio para trás, para olha-la dormindo, parece um anjo, vou com dificuldade ajeitar ela na cama. Pego suas pernas e coloco para cima da cama, isso faz com que seu robe se solte e mostre que ela está usando por baixo.

Isso me paralisa, igual ao dia que a vi pela primeira vez, assim, me lembro daquela noite, nossa noite de núpcia, onde toda a espera valeu a pena, meus olhos vagueiam por todo o seu corpo, a vontade que tenho é de acorda-la e tirar todo esse conjunto, mas não sou merecedor de tal coisa, dá ultima vez, fui omisso e nosso filho, não está mais aqui.

Ela resmunga na cama, abrindo os olhos e balbuciando:

- Apolo?

Ela passa os olhos pelo quarto, e me vê ao seu lado.

- Descanse. - Falo fugindo do seu olhar.

- Não, eu estou esperando por você. - Ela fala se esticando e ficando sentada na cama.

- Eu já cheguei. - Digo me virando de costas e tentando tirar os botões da minha camisa, mas parece que eles multiplicaram.

- Eu estive pensando se a gente... - Ela fala me abraçando de costas, sussurrando em meu ouvido, me arrepiando todo.

- Não Geórgia, não estou com cabeça para isso. - Interrompo ela titubeando para o lado.

- Você nem me deixou terminar de falar. - Ela fala levemente sentida.

- E não precisa, eu entendi o que você quer, e como te disse, não estou com cabeça. - Digo ainda brigando com a camisa.

Ela vem até mim, tenta procurar o meu olhar, mas não consigo olha-la nos olhos, não depois de tudo que eu fiz à ela.

- Deixa que eu te ajudo. - Ela diz começando a tirar a minha camisa.

Por um breve momento, me deixou levar, quanta saudade eu sinto do seu corpo, mas logo lembro do estrago que eu causei e seguro as mãos dela sutilmente.

Tão sonhadoOnde histórias criam vida. Descubra agora