O começo do fim

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- Geórgiaaa!

Ouço a voz que reconheceria até no meio de uma multidão.

E quando olho para porta, está Apolo ofegante com a gravata solta no pescoço e as mangas da camisa dobrada até o cotovelo, parando de correr e ficando em pé na entrada do quarto.

Isso me gera um flashback nostálgico que tento não pensar, não quero reviver aquela noite. 

Trocamos olhares, mas não dizemos nada um para o outro, ele vem até à mim, estou inclinada e tento me esticar mais para o lado dele.

- Não precisa, deusa, eu fico aqui ao seu lado. - Ele fala em um tom baixo vindo até mim e parando colado.

Ele olha para Laura, que está ao meu lado sentada em na poltrona de acompanhante.

- Eros está com você? - Ela pergunta se ajeitando para levantar.

- Sim, está na recepção. - Ele informa e vai até ela, a ajudando- a se levantar.

- Não precisa, eu consigo sozinha. - Ela diz tentando se esquivar da ajuda.

- Que isso, meu primo me mataria se soubesse que deixei sua mulher precisando de ajuda. - Apolo fala em tom de brincadeira tentando convencer ela da sua ajuda.

Ela ri e eu também.

- Tudo bem, mas é só porque não quero que a minha amiga fique viúva. - Ela brinca de volta aceitando a ajuda.

Apolo termina da ajuda-la a se levantar, ela pega sua clutch e segue para a porta.

- Se precisarem de mim, estarei na recepção. - E sai.

Ficamos à sós e Apolo se aproxima da cama com o olhar no meu.

- Deusa eu... - Ele para e não finaliza a frase.

Vejo seus olhos cheios de lágrimas e preocupação.

- Eu não deveria ter sido tão irracional, por mais que aquela hidra de lerna deva queimar no inferno. - Ele fala frustrado e bagunça os cabelos que já estão bagunçados pela briga. - Eu te causei isso. - Ele fala num tom triste.

- Marido, se calme. - Peço à ele. - Não foi sua culpa. - Tento amenizar a situação.

- Então me fale que está tudo bem, me fale que nossa Chiara está bem. - Ele implora segurando a minha mão na beira do leito.

Quando vou falar, uma lágrima escapa.

Preciso me manter forte, eu deveria ter me mantido calma, mas também estou com medo, ainda não recebi nenhuma notícia médica, apenas fiz um exame de imagem e estou aguardando aqui no quarto.

Seu olhar se torna apavorado e ele fica imóvel, antes que eu pudesse dizer algo.

- Não... não.... - Ele fala angustiada segurando o choro. - Não deusa, eu não aguento. - Ele solta a minha mão. - Que inferno é este meus deuses? - Questiona nervoso limpando as lágrimas do rosto.

- Marido... - O chamo e ele se vira de costas.

Tento me levantar para pode acalma-lo, mas volto a posição que estava com medo de me mexer e isso gerar algo maior.

Eu sei que isso está gerando nele um gatilho daquela noite, sei o quão aquilo destruiu o meu marido, eu cheguei a acreditar que não íamos conseguir nos reerguer, por uma fração no espaço-tempo, eu acreditei tudo que tínhamos tinha ido embora com aquele bebê. Foi aos poucos que nós voltamos para nós mesmos e para o outro, eu coloquei muita coisa na frente da minha família e tudo que eu coloquei em primeiro lugar, foi me mostrando que não valia a pena e no fim, quem esteve e está comigo é ele, meu marido e peço aos deuses que a minha menininha esteja bem. 

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⏰ Última atualização: May 12 ⏰

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