Capítulo 30/ Joey

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-Ok, você venceu. Vamos ao Brasil
Digo me rendendo a Anne, ela utiliza bons argumentos quando quer.
-Vou providenciar tudo -Ela bate duas palminhas e da uns pulinhos de felicidade. -Eu te amo
Apenas sorrio satisfeito, Anne me convenceu a ir para o Brasil, especificamente para a Capital -Brasília-.
Já faz dois meses desde o último desmaio na Anne, que por sinal foi no chuveiro. A anemia está totalmente curada e a medica que parecia ser lésbica sumiu também. Como se não bastasse a "vida nova" ela fez uma baita "reforma" em si mesma, cabelos cacheados castanhos claros para combinar com seus lindos olhos castanhos escuros, seus belos 1.67m estão sempre em forma graças a volta dela para academia. Como se ela precisasse disso. Eu continuo o mesmo cara de sempre, mudanças radicais não fazem parte de mim, adoro meu cabelo sempre curto preto, meu jeito malhado e meus olhos azuis.
-Bom dia -Mike entra no apartamento.
-Bom dia -Me viro da bancada da cozinha para olhar para ele.
-Anne me ligou e eu vim correndo, fiquei sabendo da viagem.
É óbvio que Anne iria ligar para Mike, só esqueci desse pequeno detalhe. Ele chegou rápido porque estava no apartamento da Amélia.
-Embarcam em quanto tempo? -Ele me pergunta
-Como temos 1 mês e meio de férias, provavelmente em 1 mês, temos tudo, passaporte, visto, passagens reservas...-Paro de falar quando percebo que Mike não está muito interessado -Você não vai né?
Ele balança a cabeça afirmando que não vai, uma pontada de decepção me adentra, eu sabia que ele não iria.
-Amélia, mudança para o apartamento dela, bebê, e a reforma aqui -Ela fala como se tudo fosse um peso.
-Reforma aqui? -De quê reforma ele está falando?
-Vou começar o projeto amanhã depois que eu terminar a minha mudança, esse apartamento vai ficar top! -Mike diz empolgado e eu não entendo nada.

Não ter de ver Claire todos os dias me deixa contente.
-Anne! -A chamo.
Ela vem em minha direção e senta no meu colo séria, geralmente ela sempre vem divertida e pula, não só senta.
-Sim
-Já percebeu que não temos que lidar com a Claire? Estamos de férias!
-Nem lembrava da Claire.
O cabelo de Anne está macio e sedoso, ela observa a decoração atenta como se planejasse toda a reforma mentalmente.
-Você ainda pensa muito na Claire?
A pergunta me pega de surpresa, eu não esperava. Penso em algo o mais rápido possível. Dessa vez ela me fita com um olhar vazio, como se estivesse planejando algo.
-Não
-E o beijo da Amélia? Você ainda lembra?
Minha respiração muda ficando ofegante.
-Não, e se você quer saber eu nem ligo -Respondo o mais rápido que posso.
Ela ainda está no meu colo, virada para mim me encarando, intimidadora.
-Por que o bombardeio?
-Confiança -Ela me responde levantando as sobrancelhas com irônia.
O resto do diafoi tenso, não sabia como me portar diante dela. Vamos sair para jantar a noite.
-Pronta amor? -Pergunto a ela.
-Sim. Mike e Amélia?
-Já estão no restaurante -Minha resposta é imediata.
-Ótimo, passamos para abastecer no caminho -Ela me informa pegando as chaves. Incomum ela dirigir quando está comigo.
Ela para na porta antes de sairmos.
-Eu sei o que você fez -Dessa vez preferia o bombardeio.
-Então sabe que foi o certo -Dizer isso parece tão egoísta diante do seu rosto sem expressão.
-O certo para ele, só pra ele! -Ela diz indignada.
-Estamos atrasados.
Pego a chave de sua mão e abro a porta lhe dando uma leve esbarrada. Agora entendo o porquê de todas as perguntas, ela já sabia.
Estamos no carro e ela parece insatisfeita com as informações obtidas então dispara a perguntar:
-Amélia sabe?
-Não -Continuo a dirigir sem desviar o olhar embora esteja curioso para ver sua expressão.
-Por que você fez isso? Mike nem se quer é seu irmão, eu deveria ter feito isso! Você colocou sua carreira em perigo, quer saber? Eu não deveria ter feito isso, ninguém deveria! É errado.
Agora eu me viro para ela e vejo sua seu rosto confuso, será gratidão misturado com ódio? Resolvo contar a história, ela pelo jeito já sabe boa parte.
-Depois que ele matou o tal cara nós fomos a cadeia, eu tinha um velho conhecido da audácia e tudo o que pedi foi um favor, pequeno em comparação a tudo o que ele faz, era só ele fingir que nada aconteceu, só mais um assassinato -Dizer isso agora parece egoísta e vazio.
-Você parece horrível -Ela diz derrotada. Lágrimas enchem os olhos de Anne mas não a vejo chorar, ela apenas pisca algumas vezes rápido. O céu está claro embora já seja noite.
-Uma vez alguém me disse que todos temos um lado ruim e que ele só fica dormente, quando preciso ele desperta. Eu também sou uma pessoa má Anne, não é só você que consegue ser ruim quando quer.
-O seu lado não é ruim! É horrível! -Ela diz indignada comigo.
Chegamos e eu abro a porta do carro e procuro descer o mais rápido possível, Anne também desce e me encara do outro lado do carro apoiada na porta preta.
-Não me olhe como se eu fosse um monstro! Fiz tudo por você e pelo Mike! Pedir para que um assassinato seja esquecido é horrível, mas eu precisava! Mike é como um irmão para mim. -Eu sei que fui errado em fugir da lei e falsificar documentos e que talvez uma família nunca vai descobrir quem mantou o seu filho. Mas eu escolhi minha família. Eu escolhi Mike mesmo que isso vá acabar com a minha carreira e com a minha vida.
-Obrigada, obrigada mesmo Joey -Uma pequena pausa me faz pensar que eu ganhei essa luta -Mas a culpa sempre vai continuar conosco. Especialmente comigo, eu sei de tudo.
-Você pode ir até a polícia. Mas Mike sofrerá as consequências. Ele será preso, provavelmente por muitos anos e não verá o filho dele nascer muito menos crescer. E o tal cara continuará morto. Porque no final não importa o que tentamos fazer, o passado não muda.

Fanfic da saga DivergenteOnde histórias criam vida. Descubra agora