Fanfic da saga Divergente

Capítulo 2/ Joey

Estou na porta da minha sala, no terceiro andar quando ouço no rádio de comunicação da cede um certo alvoroço na sala de segurança. Ando rápido até lá, com um aperto no peito de preocupação. Mike trabalha nessa seção, e ainda é consideravelmente novo nesse trabalho. Chegando lá me deparo com a Anne dentro da sala com um rosto espantado, ela vem em minha direção e me abraça. Acho um pouco estranho mas retribuo o abraço, algo deve estar acontecendo.
-O que aconteceu?
-Mike, ele só se mete em confusão e nunca me obedece, ele nem se quer me respeita! - Diz ela em uma mistura de preocupação e raiva.
-Ele te ama
-Será? -Diz ela fazendo drama. Claro que o próprio irmão a ama.
Eu a abraço mais forte. Depois de alguns segundos ela me solta, me da um sorriso forçado, ajeita a postura e sai. Parecendo uma nova Anne, exatamente como ela faz quando brigamos: Em meio aquela gritaria, de um segundo para o outro ela parece retomar a consciência, fica mais forte, enxuga as lágrimas e diz ser superior a mim mentalmente. Então ela só se retira da sala, sem ao menos pedir desculpa pela nossa briga e finge que nada aconteceu, me tratando normalmente depois.
-Nem um beijo? -Penso alto logo após ela sair da sala, ela poderia ao menos se despedir, dessa vez a briga nem foi comigo.
Vou andando de volta  a minha sala, que fica próxima a sala dela, no terceiro andar.
Ouço o meu telefone tocar, é Mike.
-Alô
-Oi Joey, sou eu, Mike, hã hum - Diz ele procurando uma forma de não tocar direto no assunto. Depois de alguns segundos de "huuum" ele se entrega:
-Eu me meti em encrencas, estou na delegacia, o lugar para onde os bandidos vão...
Começo a ficar curioso, o que Mike teria feito. Anne ficaria furiosa ao saber disso, ela o avisou sobre essa tal de delegacia e como ela é perigosa.
-Em que você se meteu Mike?
-Bati em um revoltado
-E o que tem? Você faz parte da guarda, ele deve ter feito algo a você. Ele fez?
Alguns segundos de silêncio me intrigam, esses segundos me fazem chegar a beira da preocupação.
-Ele não se levantou Joey, ele não se mexeu. Ele morreu.
A primeira pessoa que eu matei me chocou tanto quanto ele deve estar agora, foi na Audácia, invasores. Eu simplesmente tinha que proteger o meu povo, era meu dever, minha obrigação. Afinal o que está acontecendo comigo? Eu não deveria estar lembrando disso, não agora, não nessa vida nova.
-Joey - Mike fala com uma voz fraca, não sei ao certo se ele chorou, provavelmente não, durão como ele finge ser.
-Vou resolver isso Mike, estou indo, onde fica esse tal lugar? - Digo interrompendo meus próprios pensamentos
-Onde fica o que? Por que você está falando com Mike? - Anne surge atrás de mim.
- Não é nada amor, preciso ir, a gente pode conversar depois? - Tento disfarçar
-Não é nada? Você é um péssimo mentiroso Joey! O que aconteceu? Por que Mike está na delegacia? - Ela fala, já sabendo que ele estava na delegacia
Me surpreende que ela já não esteja lá, e me supreende também ela ter me testado perguntando aonde Mike estava quando já tinha conhecimento do seu paradeiro.
- Eu já disse que não é nada, eu resolvo, é bobagem -Sou um péssimo mentiroso, vou levando minha mão em direção ao cabelo dela mas ela empurra minha mão e responde alterando a voz.
-Ele é meu irmão, tenho o direito de saber!
-Ele matou um revoltado -Digo rapidamente pegando a chave do carro que estava sob a minha mesa e saindo da sala, na esperança que isso tivesse chocado ela o suficiente para que ela não conseguisse se mover. Como de costume quando algo grave acontece.
-Ele matou um revoltado - Ouço ela repetir baixinho olhando pro chão.
Não a vejo mais, nem no almoço, o que geralmente é muito raro já que sempre almoçamos juntos.
A noite quando chego em casa ela está na cama, sentada lendo um livro.  Olho para Mike e ele me retribui o olhar com um sorriso de agradecimento, vai em direção ao seu quarto, e some no apartamento. Olho novamente para Anne mas ela não me retribui o olhar, só continua acompanhando o livro. Seu olho se movimenta rapidamente. Ela está brava, e tenta parecer calma, mas ao mesmo tempo tenta me fazer sentir indiferente.
-Boa noite - Digo para quebrar o silêncio
-Boa noite - Ela responde.
Entro no quarto e tiro a camisa, a jogo sob o poutrona mas Anne não me olha, oque realmente é estanho, ela sempre me olha quando tiro qualquer peça de roupa, mesmo que seja uma jaqueta.
-O que aconteceu hoje? Não te vi durante o dia
- O que aconteceu!? O que aconteceu!? Ah sim, o que aconteceu! - Ela está gritando e sendo irônica. Parece que dessa vez não conseguiu se manter calma, como o terapeuta havia recomendado
-Eu só estava ajudando Mi...- Sou interrompido por mais gritos
-Ele é meu irmão, ele matou uma pessoa, uma pessoa que só estava lutando pelo que quer
-O revoltado estava armado Anne!
-Mike o matou! Eu ando armada, acha que por isso mereço morrer!? - Suas palavras me envolvem e eu fecho rapidamente o olho só de pensar nisso, quando abro o olho vejo lagrimas nos lindos olhos castanhos dela.
-Você está nervosa, conversamos amanhã -Digo pegando minhas cobertas e me dirigindo ao sofá. Não vou ficar contra Mike, e hoje não vou apoiar Anne. Mike não quis falar nada a ela justamente para ela não perder o controle, como esta acontecendo agora.
Só consigo pensar melhor quando estou no chuveiro com a água quente escorrendo sob mim.
-Ela não vai me perdoar tão cedo - Digo a mim mesmo, paranóica como é, deve imaginar que guardo mil segredos com o seu irmão. E também deve pensar que isso foi uma traição, minha e do Mike, sorrio de leve ao lembrar de quão louca Anne é, e de como isso me encanta nela.