Capítulo 26

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CORINGA

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CORINGA

Viajar é bom? Pra caralho, mas uma hora ou outra nos tem que voltar pra realidade do malandro, tem escolha não.

Arraial é bom pra porra, nego não. Aquele mar lindão, só no lazer com os de fé. Mas aí, nada se compara ao meu morro, papo reto. Vê os pivetes correndo descalço, tudo com o dedo ralado e ainda assim sorrindo pra caralho.

Pago os canas pra não entrar aqui, pra manter a paz por causa disso. Tem uns botas que quer jogar limpo, não aceita a propina e vem tentando invadir. Fico puto pra caralho com essa merda, nego não. Tem que dar o toque de recolher pra morador.

As vielas vazias depois das dez da noite, geral escaldado e com medo do que vai acontecer. Os soldados tudo em alerta, na adrenalina. Afinal precisa lutar pela nossa causa, pelo morro, seus moradores e pela própria vida. É um corre do caralho, tem que se manter ligado com o de lá de cima senão nós desaba. Papo reto, ruim pra caralho.

Mas agora nós tá na paz, com a favela só lazer e a firma ficando cada vez mais forte. Um dos maiores morros da facção em sinal de lucro, sendo a maior favela do Brasil em termo de população e outros caralhos lá. O bagulho é, aqui os morador gosta de viver, porque nós protege morador.

Bandido que for mexer com menor, leva um tiro bem no miolo. Vai pisar em morador só pra tu vê, tem dois papo comigo não porra, dou um tiro sem dor e fé caralho.

Sentei na cama, esfregando o rosto. Acordei com a movimentação do Matheus pelo quarto. Nos dorme de um olho aberto e outro fechado, afinal nós nunca descansa porque um segundo só é o suficiente pra gente se fuder.

__ Volta pra cama, moreno.--- Pedi e ele negou.

__ Preciso resolver uns b.o na facção, aconteceu um bagulho na cidade de Deus e eu preciso ir lá. Só lorota, viu.--- Falou ele, negando com a cabeça e sentando na cama pra colocar o seu tênis.

A forma que ostentamos nessa vida é boa, vou negar não. Mas os corres que precisamos fazer ninguém quer.

__ Ainda o b.o do corpo lá?--- Questionei e ele concordou.

Antes de nós partir pra Arraial, precisamos resolver um b.o que também era da facção. No dia que o pessoal foi, colamos no baile do alemão, o dono da facção é o Pitbull e ele convidou o pardal, dono da Cidade de Deus e lá nos fez um baile.

Na verdade, eu e os menor que somos donos de morro, só estamos cuidando do que, no final, é do grego. O morro é da facção menor, se nós não andar na linha, vai pra sete palmos do chão e aquele que falava ser nosso fiel, tá no teu lugar e usando tuas paradas. Fora a família, o resto é tudo conhecido.

__ Vou piar lá com tu, marca um dez.--- Falei e ele concordou.

Fiquei de pé, indo pro banheiro e tomei um banho. Coloquei uma bermuda jeans, um chinelo da Nike, uma blusa de time e aquelas correntes. Eu tenho um estilo meio largado, o grego gosta de algo mais chique. Eu sou do morro, porra.

Nosso Inacreditável AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora