CAPÍTULO I – ROSAS VERMELHAS
Ela não gostava de prestar muita atenção no que sua mãe dizia. Claro que amava a mulher a sua frente com todo o seu coração, mas isso não significava que gostasse dela, mais especificamente das coisas que ela falava. Isso, porque não concordava com absolutamente nada, porém, aprenderá desde cedo a não discutir com ela, então simplesmente se sentava, colocava as mãos no colo e mantinha os olhos verdes grudados nela, fingindo prestar atenção em cada palavra que saia dos lábios finos e devidamente pintados em uma cor tão clara e natural que passava a impressão de serem simplesmente lindos assim. Não que naturalmente não fossem.
Sua mãe, antes de se tornar a Condessa, era apenas uma empregada, linda o bastante para capturar a atenção de um Conde. Sakura já havia ouvido essa história diversas vezes, a apesar de achar que se tratava de um belo e raro romance, não desejava isso para si. Suas prioridades sempre foram estranhas, ela mesma admitia isso com a maior sinceridade. Nunca se interessou por piano, bordados ou vestidos da moda. Preferia passar suas tardes lendo na sombra de uma árvore, cavalgando no campo ou invadindo o escritório do seu pai. Qualquer coisa que não lhe lembrasse o que o futuro lhe reservara: um marido ignorante que se acharia seu dono, filhos e mais filhos, e uma casa na qual ficaria presa o dia todo.
- Não acha essa ideia maravilhosa? – a Condessa perguntou, sorrindo com o canto dos lábios de um jeito tão misterioso e feminino que fazia Sakura se perguntar como ela aprendeu a sorrir daquele jeito.
A maioria das mulheres tinham uma série de sorrisos, todos apropriados para cada ocasião. Menos ela. Sua mãe sempre dizia que ela mostrava demais os dentes e gargalhava muito alto. Ora, do que serve a risada se não para expressar alegria? Nunca entendeu o motivo de não poder sorrir verdadeiramente quando tinha vontade. Na verdade, nunca entendeu o motivo de muita coisa, e já tinha se cansado de questionar a mãe. A resposta era sempre a mesma: não é apropriado. Afinal, quem define o que é apropriado? E por que simplesmente não poderiam mudar isso?
Seus olhos automaticamente se reviraram, e logo um olhar de reprovação surgiu no rosto da mãe.
- Desculpe – murmurou.
Mebuki Haruno suspirou e fechou os olhos durante alguns segundos, tentando manter a paciência. Ela sempre mantinha a paciência.
- Estava falando sobre a dança de ontem – continuou.
Sakura pegou sua xícara e tomou um gole do chá quente, sentindo sua língua queimar, mas mesmo assim manteve a expressão serena, como se nada houvesse acontecido. Ela depositou o chá de volta na bandeira, contendo a vontade de praguejar, e simplesmente voltou suas mãos para o colo.
- Que dança, mamãe?
Os olhos verdes da mulher brilharam de um modo suspeito, e Sakura soube o rumo que a conversa iria tomar.
- Ora, sua dança com o filho do marquês. Sabe que ele é o herdeiro do pai, não é? Em breve irá se tornar o Marquês de Kiglinot.
Um sorriso surgiu em seus próprios lábios. A mãe lhe lembrava desse fato desde o inicio da temporada, quando soube que Naruto Uzumaki estava em Londres e participaria de todos os eventos em nome da família Uzumaki. De fato, essa era a pior temporada de todas, que, felizmente estava no fim. Apenas mais quatro semanas, e finalmente se livraria de todas essas conversas. Mas, enquanto o último baile não acabasse, teria de suportar essa tortura. Fazia parte do acordo.
- É mesmo? – perguntou, com a voz carregada de sarcasmo, uma coisa que ela sabia que deixaria sua mãe irritada. Talvez irritada o bastante para encerrar o chá da tarde – Não imaginava isso.
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O Canalha Perfeito
RomanceTodas as debutantes da sociedade londrina desejam ardentemente se casar, preferencialmente com um nobre, principalmente se o nobre em questão for o filho do marquês, Naruto Uzumaki, dono de um belo par de olhos azuis e um sorriso gentil que faz dama...