7. Capítulo VII - Talvez

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CAPÍTULO VII – TALVEZ


Dois dias após ir acompanhada do duque ao teatro, Sakura se encontrava tomando o chá da tarde. Ou quase isso. A xícara que segurava já havia esfriado há muito tempo e o sol já se escondia atrás das árvores. Ela sabia que devia entrar e se preparar para o baile da Lady Hyuga, porém, não conseguia encontrar forças para levantar-se.

Evitar sua mãe durante dois dias havia sido fácil, considerando que a condessa mesmo também estava lhe evitando após o incidente com a gargantilha. E apesar de não estar mais irritada com o assunto, ficou grata pelos dias que teve de paz. Precisava pensar. Ou talvez parar de pensar.

Sakura não conseguia parar de relembrar aquele beijo, das sensações únicas que sentiu no corpo todo, do modo como desejou mais e mais daquelas sensações. A lembrança era vergonhosa e ao mesmo tempo irresistível. Bom, agora ela entendia perfeitamente por que o duque era um libertino. E nem podia culpar as mulheres por caírem no seu charme.

Ela mesma caiu.

E essa talvez fosse a pior parte. O Uchiha não havia mandando nenhum bilhete, na verdade, nem havia comparecido ao evento da noite anterior. Por mais que não quisesse, Sakura não conseguia parar de se perguntar o que fez de errado. Talvez sua inexperiência o tivesse irritado, talvez o duque não se sentiu como ela - como se estivesse entrando em combustão de dentro para fora -, talvez não gostou de ser tocado. Ou, a pior das hipóteses, assim que viu a amante se sentiu... O que, exatamente? Amor não era, o duque de Longton era conhecido por seu coração frio. Talvez desejo?

Não importava, disse a si mesma.

Não importava o motivo, ela não precisava mais fingir, e com certeza o ideal era evitá-lo o máximo que conseguisse. O que, obviamente, não seria difícil. Encontrar com ele era uma raridade, e considerando que ele provavelmente estava lhe evitando - ou apenas houvesse lhe esquecido -, Sakura não precisaria se preocupar com a pequena possibilidade de esbarrar com o duque de olhos escuros.

E isso deveria ser um alívio. Se seu pai ficasse sabendo de sua indiscrição durante a apresentação, provavelmente iria tentar matar o Uchiha.

Então por que sua mente insistia em voltar para os flertes inapropriados? Para o gosto daqueles lábios macios?

Talvez o problema tivesse sido sua reação ao beijo.

Ora, quem poderia lhe culpar? Não era como se nas aulas de etiqueta alguém lhe informasse qual seria a reação apropriada ao beijar um cavalheiro que não fosse seu marido. Tudo bem, isso era mentira. Sakura sabia muito bem que a reação que todos esperavam era um tapa bem dado no rosto do dito cujo. Mas isso nem sequer havia lhe passado pela cabeça. A única coisa que pensou era que um homem experiente como ele deveria esperar uma reação madura de sua parte, como se aquilo não significasse alguma coisa.

E definitivamente não significava. Ponto final.

Com um suspiro, ela colocou a xicara na pequena mesa e olhou para o céu. Algumas partes se encontravam alaranjadas, com leves tons de vermelho. Gostava do pôr do sol, então permaneceu ali por mais alguns minutos.

Quando se levantou, Sakura estava decidida a esquecer aquela noite. Porém, enquanto caminhava para dentro de casa pensou em como a amante dele era bonita. Ela sabia que algumas mulheres após a morte do marido se relacionavam com outros homens, e sinceramente não podia culpá-las. A viúva do teatro parecia jovem, provavelmente ainda não havia completado nem mesmo trinta anos. Como seria justo exigir que se cassasse novamente após a morte do esposo? Ou que permanecesse sozinha? A mulher tinha o direito de se relacionar com quem entendesse, e o duque já compartilhava desse direito desde o dia que nasceu.

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