30. Capítulo XXX - Destino selado

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CAPÍTULO XXX – DESTINO SELADO


Quatro anos depois

Sakura Uchiha cruzou os braços em frente ao peito, encarando o marido. Ela estava tentando não ficar irritada, mas Sasuke parecia ter um dom para lhe tirar do sério.

- Nós vamos sim.

- Não, não vamos – ele respondeu, sem tirar os olhos da estante de livros.

Sasuke andou para o lado, ainda olhando os títulos, e ela o seguiu, revirando os olhos.

- Eu já confirmei a nossa presença.

- Então desconfirme.

- Você sabe muito bem que não é assim que funciona.

Sem precisar ficar na ponta dos pés, ele alcançou o livro que buscava, abrindo o mesmo e lendo o começo do primeiro capítulo.

Sakura tomou das suas mãos, e ele fez uma careta. Não ia ficar lendo enquanto ela falava com ele sobre um assunto importante. Se quisesse evitar a conversa, precisaria se esforçar um pouco mais.

- Ele já está esperando – informou.

Ela revirou os olhos, afinal, isso não era problema dela. Ler a historinha de dormir era tarefa do Sasuke, então se ele fosse ficar bravo com alguém seria com o duque, e não com ela.

- Acho melhor você concordar logo.

Sasuke cruzou os braços em frente a peito, estreitando os olhos.

- Não vou no casamento do homem que cortejou a minha esposa.

- Isso foi há quatro anos.

- E você acha que ele se esquecer de você?

A duquesa bufou, irritada.

- Ele está se casando com a minha melhor amiga.

- Então acho que ela é a única pessoa necessária nesse casamento.

Sakura quis rir, mas se controlou. Naruto havia sido encontrado do outro lado do país, sem memórias após ser atacado por um homem misterioso. Ela sabia muito bem de quem se tratava, e quando soube do acidente de Neji Hyuga – a carruagem perdeu o controle e ele despencou de uma ponte – não foi complicado ligar os pontos.

A duquesa foi pessoalmente se desculpar com ambos, e Naruto mesmo sem memória, havia sido extremante gentil, lhe dizendo que a culpa não era dela. Talvez ele só houvesse falado isso por ela estar gravida de oito meses na época, chorando muito. De qualquer modo, não importava. Ele e a Hinata haviam se envolvido durante sua perda de memória, e quando tudo voltou, ele a pediu em casamento.

Neji também lidou bem com o fato de um ex pretendente de uma jovem que ele sequer estava cortejando houvesse tentado assassina-lo. Só pediu para que quando ele estivesse melhor e a criança já houvesse nascido, pudessem terminar aquela competição de tiro, onde o duque interferiu dizendo que ficaria ao lado o tempo todo, só para garantir que ele não tentasse nenhuma gracinha.

Sakura ganhou no ano seguinte. E no ano após esse, e no após esse. Esse ano, porém, a competição anual havia sido adiada devido ao casamento iminente e ao fato da duquesa estar esperando o segundo filho. Uma garota dessa vez, tinha certeza disso.

- Tudo bem – ela devolveu o livro.

Sasuke o pegou, desconfiado.

- Tudo bem?

Ela concordou.

- Não quer ir? Tudo bem. Eu e o Itachi iremos. Ele certamente está ansioso para ver a tia Hinata novamente.

Sasuke lhe olhou feio.

O nome do primeiro filho havia sido em homenagem ao irmão falecido do duque. A antiga duquesa quase ficou doida com a informação, e mimava o menino o máximo que conseguia.

Sakura não se importava com isso, afinal, amor nunca é demais. Quando as avós se juntavam, a duquesa e o duque conseguiam muito tempo livre, pois o filho primogênito era basicamente sequestrado para ser paparicado.

- Criatura manipuladora.

Ela riu, saindo da biblioteca, sabendo que estava sendo seguida pelo marido.

- Manipuladora? Eu? Jamais. Só lhe dei exatamente o que pediu. Fique em casa, acabe com o meu uísque. Nós vamos passar uma semana em Londres, com ou sem você.

- Nosso uísque.

Sakura começou a subir as escadas, segurando a barra do vestido. Não podia mais usar calças por causa gestação: couro nunca esticava, e depois do quarto mês, se tornou impossível de se vestir.

Sua mãe, como sempre, ficou mais do que feliz em providenciar um guarda-roupa novo, e Sakura ficou satisfeita com o fato de que não precisava usar espartilhos.

- Meu uísque – corrigiu.

Eles dividiam a garrafa, e juntando com o fato de que ela estava há quase seis meses sem beber, Sasuke já devia ter acabado com a sua parte, o que deixava só a dela.

- Nosso. Não tomei um único copo desde que você parou.

Sakura tentou não mostrar surpresa com isso.

Ele havia feito a mesma coisa durante a primeira gravidez, porém, não havia dito claramente que era por causa dela. Agora, Sakura tinha certeza.

- Tudo bem, nosso – admitiu.

Quando terminou as escadas, respirou ofegante. Ficava mais cansada ultimamente, e seus pés estavam começando a ficar inchados.

O duque ofereceu o braço, e ela aceitou.

Quando recusava, ele simplesmente a jogava no colo, e agora estavam no meio de uma discussão, portanto, ela não queria ser distraída como ele fazia toda vez que a tocava.

Caminharam em silêncio até a porta do quarto entreaberta, e Sakura enfiou a cabeça pela fenda.

Itachi estava deitado na grande cama, com a coberta no queixo, exatamente como ela o deixou vinte minutos atrás, quando desceu para buscar o marido.

O último livro havia acabado, e o menino não dormia sem uma história. Por sorte, Sasuke expandiu muito a biblioteca, colocando uma ala infantil. Com três anos e meio, o garoto era sem dúvidas muito inteligente. De acordo com a antiga duquesa, o Itachi havia puxado muito mais do tio do que o esperado.

Algumas vezes a mulher jurava que ele estava fazendo algo que o tio também fazia quando tinha sua idade.

- Boa noite, meu docinho – Sakura disse, sorrindo.

- Boa 'note', mamãe.

Sasuke a olhou mais uma vez, e então suspirou.

- Mande fazer as malas.

Ela sorriu.

- Já mandei, amor.

Ficando na ponta dos pés, ela beijou sua boca, tentando aproveitar o breve contato. Sasuke passou o braço pela sua cintura, mas quando o pequeno limpou a garganta, exatamente como fazia toda noite, ele se afastou, sorrindo.

- Já vou fazer a sua massagem.

Ela concordou.

- Não esqueça minha torta.

Revirando os olhos, ele entrou no quarto, já mostrando a capa do livro para o filho. Quando se sentou na cama, ela continuou parada na porta, apenas observando a interação dos dois.

Ela sabia.

Desde o momento em que firmou aquele acordo com o duque de olhos negros, Sakura sabia lá no fundo, que seu destino estava selado. Ela pertencia a ele, e ele, era completamente dela.

O Canalha PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora