27. Capítulo XXVII - Eu sinto muito

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CAPÍTULO XXVII – EU SINTO MUITO


A carruagem balançava de um lado para o outro, e ela manteve os olhos no livro, fingindo estar concentrada na leitura. Contando os minutos, ela lia um total de três frases, e virava a pagina, tentando manter uma postura relaxada.

Sakura cruzou as pernas, e manteve os olhos fixos nas palavras.

Ia ficar tudo bem.

Tinha que ficar, pois seu plano era bom.

Talvez não fosse o melhor que tinha, mas era o único no momento. Com o canto dos olhos conseguia ver o movimento fora da janela: árvores passando, grama verde e nenhuma pessoa a vista.

Sakura não pretendia gritar por ajuda, pois isso só o deixaria mais irritado e não traria nenhuma vantagem. Provavelmente a faria perder qual tinha conseguido.

A duquesa não tentou resistir quando foi guiada para a carruagem, e quase suspirou de alivio ao ver Princess presa ao lado da carruagem.

Ela estava bem.

Mais calma, Sakura entrou e se sentou, abrindo a bolsa logo em seguida e pegando o seu livro, o único que sobrou, aquele que ela não conseguiu queimar. Orgulho e preconceito era um dos seus romances preferidos, e foi o primeiro que sua mãe lhe deu, assim que completou dez anos.

Sakura já havia lido o exemplar da condessa, escondido, óbvio, mas não contou a mãe, e isso tão pouco estragou o presente. Aquele livro era especial, e ela não conseguiu queimá-lo.

- Chegamos – ele anunciou.

A duquesa fechou o exemplar, o enfiando de volta na bolsa.

Olhando pela janela, conseguiu avistar sua casa que se aproximava, e se pegou sorrindo. Como não pretendia voltar logo, os empregados foram enviados para aas outras casas, e algumas pessoas do vilarejo mais próximo eram pagas para ir semanalmente cuidar do jardim e dos animais.

A casa, porém, estava fechada.

A carruagem se aproximou, e Sakura pulou para fora antes que parasse totalmente. Apesar das circunstancias, era bom estar de volta.

Sai a acompanhou de perto, e ela sabia que a arma ainda estava em suas mãos. Falando com o cocheiro em voz baixa, ele se distanciou um pouco, e ela aproveitou para ir em direção a grande casa.

As janelas de vidro pareciam estar sujas, com o pó acumulado, e Sakura decidiu que assim que tudo se resolvesse, iria deixar empregados fixos na casa.

Mordendo a boca, ela subiu os degraus de madeira, afastando a sensação de conforto e familiaridade. Precisava ser rápida, pois de acordo com ele, as passagens estavam compradas para dali dois dias.

Era quase impossível chegar ao porto nesse meio tempo, mas ele tinha certeza que conseguiriam, isso se fossem rápidos e demorassem pouco na casa.

Ela teria o que?

Vinte minutos?

Trinta?

Talvez menos.

Precisava agir rápido.

A porta se abriu ao usar a chave, e ela sentiu o cheiro de coisa guardada. Logo na entrada era possível ver que os móveis estavam cobertos por lençóis brancos, e ela tentou puxar na memória como foi a última vez que estivera aqui.

Olhando por cima do ombro, ela viu que ele ainda conversava com o homem.

Sakura entrou rapidamente na casa, deixando a porta aberta.

O Canalha PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora