CAPÍTULO X – O MISTÉRIO DA CAMISOLA - PRIMEIRA PARTE
Sua sobrancelha estava franzida conforme observava o vestido azul na cama. Havia enrolado ao máximo para se arrumar, numa tentativa falha de evitar o inevitável. Ainda não se sentia totalmente recuperada, mas estava bem o bastante para sua mãe insistir que comparecesse. Afinal, havia desistido do recital somente para fazer um jantar onde a filha pudesse participar.
Pelo menos havia conseguido se livrar do espartilho.
Esse não era o tipo de vestido que costumava usar, porém, era seu tipo preferido. Não tinha muitos detalhes, não era pesado, e ao invés do espartilho apertado, ele dispunha de faixas de seda que ficavam extremamente confortáveis. Era esse tipo de vestido que normalmente vestia, quando não estava em Londres ou usando suas calças de cavalgar, e estava muito feliz por poder usar essa noite.
Exceto pelo fato da camisola não estar lá.
Mesmo sendo um vestido relativamente simples, sua mãe tinha uma mania de camisolas, e Sakura tinha que admitir que adorava as peças combinando, apesar de nunca falar em voz alta.
Mas essa era a primeira vez que a camisola não estava lá.
Olhou em baixo da cama e nas gavetas, e apesar de ter diversas peças em azul, cada uma tinha detalhes únicos para combinar com o vestido. E a camisola de seda com alças floridas não estava lá.
Franziu a sobrancelha de novo.
Precisava descer para receber os convidados que em breve chegariam, então colocou outra camisola em um tom parecido e se vestiu. Dessa vez optou por uma trança de lado, considerando que viriam poucas pessoas, não fazia sentido se arrumar muito.
Assim que começou a descer as escadas, viu sua mãe de costas, com a coluna ereta.
- Desculpa a demora, - falou, pulando os últimos degraus - Não achava minha camisola e fui obrigada a usar outra.
Sua mãe se virou, com um sorriso doce nos lábios.
Isso não fazia o menor sentido.
A condessa não tolerava atrasos, e sempre odiou que ela pulasse os últimos degraus. Sakura já estava cansada de seus discursos sobre como aquilo não era atitude de uma dama, e como seu rosto ficava mais corado do que o aceitável socialmente por conta do esforço.
Sua mãe nunca sorria quando ela fazia isso.
Franzindo as sobrancelhas, diminuiu o passo.
- Venha cumprimentar nossos primeiros convidados, querida - falou.
Sakura engoliu o seco, se aproximando, tentando recobrar a postura de bela dama. Assim que chegou a porta da sala de estar, seu sorriso vacilou. Ninguém menos que o Duque Uchiha estava ali parado, com os olhos fixos nela, como se soubesse o momento exato em que ela apareceria.
A última vez que haviam se visto foi no domingo passado, mais de uma semana atrás, quando ela fugiu da carruagem quase como se a mesma estivesse pegando fogo.
Talvez estivesse.
Sakura estava evitando pensar no assunto, e tinha conseguido com sucesso até o presente momento. Agora, como se fossem algum tipo de castigo cruel e maldoso, as lembranças invadiram sua mente sem convite, de uma forma tão intensa que ela sentiu aquele calor no meio das pernas e seu corpo começou a ficar tenso.
Seu rosto corou e ela deu um passo para trás, como se pudesse se livrar das lembranças caso se afastasse dele.
O que provavelmente era verdade.
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O Canalha Perfeito
RomanceTodas as debutantes da sociedade londrina desejam ardentemente se casar, preferencialmente com um nobre, principalmente se o nobre em questão for o filho do marquês, Naruto Uzumaki, dono de um belo par de olhos azuis e um sorriso gentil que faz dama...