Capítulo 15

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Boa leitura! 

Ettore

Eu pensei muito em como reagiria quando me encontrasse cara a cara com o covarde do meu pai biológico, mas em minha imaginação eu não senti essa dor em meu peito, a sensação de abandono se fez presente em meu ser e eu não estava preparado para isso.

Observo Enrico Valente, as marcas da idade já presentes em seu rosto, idêntico ao do Emiliano, quem não os conhecesse facilmente os confundiria. Os mesmos cabelos negros e olhos azuis vazios, como os meus e os da Alessa. Minha irmã e eu herdamos todos os traços característicos dos Valente, incluindo o gosto por violência e a sede de vingança.

Tento deixar meus sentimentos guardados no fundo do meu coração, apesar de não ser uma tarefa fácil, desde que me entreguei aos meus sentimentos pela Antonella, minhas emoções estão a flor da pele e eu não posso deixar que elas me dominem nesse momento.

—Tenho certeza que está me confundido rapaz! —Ele me encara e seu olhar assassino me arranca um sorriso de escarnio. —Acredito que vocês não sabem com quem estão se metendo e se cooperarem eu prometo ser benevolente e lhes garantir uma morte rápida.

—Esse cara é engraçado, não é? —O Vince sorrir largamente. —Para sua infelicidade, meu caro, Enrico Valente, não seremos benevolentes com você!

—Ameaças de um covarde não nos causam medo! —O Alessandro se senta no sofá de forma confortável e me encara. —Gostaria de ser eu mesmo a socar a cara desse infeliz, mas acredito que é um direito seu fazer isso! —Ele bebe seu whisky e seus olhos raivosos se voltam para o Enrico que serra os punhos, porém, não ousa fazer nada, afinal somos quatro contra um.

—Isso é alguma vingança contra a família Valente? Por se for não faz qualquer sentido, todos estão mortos! —Ele diz frio, mas posso sentir uma certa tristeza em sua voz. —É dinheiro que querem?

—É só isso que importa a você, não é? —Ele me olha confuso e eu me aproximo, ficando a poucos centímetros dele. —Por conta da sua ganancia a minha mãe viveu no inferno!

—Acaba logo com isso, Death! —O Felipe diz impaciente. —Você veio para matar esse desgraçado, não para bater papo!

—Eu não posso mata-lo, pelo menos não agora! —Rosno entre dentes. —Prometi a Antonella que ouviria a versão dele da história!

—O maior e mais temido assassino de aluguel da Itália recebe ordens de uma mulher? —A voz carregada de ironia do Enrico nos chama atenção e eu olho para ele. —Já ouvi falar de você, temos contas a acertar!

—Com certeza temos! Vou fazer com você o mesmo que fiz com o seu irmão, os gritos do Emiliano embalam os meus sonhos até hoje! —Minha provocação causa o efeito que eu queria e sinto o momento em que seu punho se choca contra o meu rosto. —Você era mais forte, Enrico! —Sorrio limpando o sangue que escorre do canto da minha boca.

—Eu vou matar você e vingar a morte do meu irmão e das minhas sobrinhas! —Ele grita em um acesso de fúria e eu apenas me afasto dele.

Uma das coisas que aprendi em todos esses anos é que a melhor forma de torturar um homem é começando pela sua mente.

—Ouviram isso, rapazes? Ele vai vingar a morte da Alessa, da Martina e da Donatella! —Dou um largo sorriso e sou acompanhado pelos meus cunhados. —Como vai vingar a morte de quem não está morto?

—Que falta de educação a nossa, nem nos apresentamos ao titio Enrico! —O Vincenzo diz divertido. —Prazer, eu sou o Vincenzo, noivo da Alessa!

—Minhas apresentações são dispensáveis, não é mesmo, meu amigo? —O Felipe sorrir. —Eu sou o marido da Martina, sua sobrinha!

—E eu sou o Alessandro e acho que já deduziu que sou o marido da Donatella!

Os olhos do Enrico saltam do seu rosto e eu vejo a cor deixar seu rosto. Seus olhos me analisam e sua boca se abre sem emitir qualquer som.

—As minhas menininhas estão vivas? —Ele sussurra e se aproxima de mim. —Ettore? —Ele segura meu rosto entre as suas mãos como se temesse que eu sumisse da sua frente. —Eu procurei tanto por você desde que eu soube as meninas tinham morrido no incêndio que matou meu irmão. Eu o procurei tanto, pensei que você fosse a única família que me restasse.

Suas palavras mexem comigo e antes que possa raciocinar meu punho choca contra o seu rosto, em um ataque de fúria. Coloco as mãos em minha cabeça me afastando dele, para que eu não quebre a promessa que fiz a Antonella.

—Eu não quero quebrar a promessa que fiz a minha mulher, então fica longe de mim! —Digo entre dentes e aguardo o Felipe ajudá-lo a se levantar e se sentar em uma cadeira. —Não adianta fingir que se importa com qualquer um de nós, não há nada que diga ou faça que vá mudar o seu destino. Você acabou com a vida da minha mãe, das minhas irmãs e consequentemente, com a minha.

—Eu não sei do que você está falando, Ettore! Eu jamais faria qualquer coisa que prejudicasse vocês, sempre os amei como meus filhos...

—O que você sabe sobre amor, maldito? Entende como essas palavras soam absurdas saindo da sua boca? Justo você, que abandonou a minha mãe gravida duas vezes! —Grito e sinto-me quebrar, colocar essas palavras para fora me faz com que elas se tornem verdade.

—Eu nunca faria isso com a Rita, eu a amava! —Ele grita e se levanta me olhando com fúria.

—Amava tanto que a abandonou por causa de dinheiro e posição. Abandonou a minha mãe gravida e a jogou nos braços do próprio diabo, o seu irmão! —Minhas palavras o deixam em choque e eu sorrio sem humor. —É Enrico, quem diria que um dia sua vida estaria nas mãos do filho que você abandonou.

—Isso não é possível! —Ele sussurra e coloca a mão sobre o próprio peito.

—E não satisfeito com tudo o que fez da primeira vez, volta e engravida a minha mãe mais uma vez! —Encaro seus olhos e ele parece fraco, mas não me importo. —E como um covarde vai embora de novo. Tem ideia do que a sua covardia fez com a vida da minha mãe e das minhas irmãs, papaizinho? O seu irmão, o mesmo que você deseja se vingar pela morte, vendeu a minha mãe como um animal, assim que ela deu à luz a filha de vocês!

—Não... não... —Ele parece desorientado e caminha pela sala apertando a mão sobre o peito.

—Ettore, eu acho que ele está passando mal! —O Felipe diz preocupado amparando o Enrico.

—Que morra! —Olho para ele com nojo. —A minha mãe passou vinte e três anos em cativeiro, por sua culpa! As minhas irmãs foram vendidas e passaram pelas piores atrocidades, por sua culpa! Eu me tornei um monstro, por sua culpa! —Encaro seus olhos e o que vejo neles é dor. —A sua morte vai ser ainda pior do que a do Emiliano.

—A Rita... —Ele sussurra sem forças caindo de joelhos.

—A minha mãe sobreviveu! —As minhas palavras parecem ser a cartada final e ele desfalece e eu apenas assisto.

—Ele está enfartando! —O Felipe grita e eu dou as costas.

—Chamem uma ambulância ou deixem que ele morra, eu não me importo! —Caminho para longe do corpo desfalecido do meu pai, escutando os gritos dos meus cunhados.

O alivio pela vingança que eu esperei senti não vem, no lugar dele sinto apenas um vazio ainda maior me consumir. 





Será que o Enrico vai morrer e levar a sua versão dos fatos para o tumulo? 


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Até breve!

Ettore -Série Irmãos Valente (Livro 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora