Ettore -Série Irmãos Valente (Livro 4)

Capítulo 16

Boa leitura! 

Rita

—Mamãe, o que houve? O Ettore parece transtornado! —A Martina me questiona assim que eu me junto a elas na sala de estar, logo após o meu filho mais velho partir na companhia dos meus genros.

As minhas meninas são perspicazes e nem se eu quisesse poderia esconder algo dessa magnitude delas. Segredos sempre machucam a todos, guardados ou revelados, alguém sempre sairá ferido. E pela maneira com que o Ettore saiu daqui não iria demorar muito para que todos descobrissem a verdade.

Conto as minhas filhas a mesma história que contei ao Ettore minutos atrás, ocultando apenas o fato de que o Enrico é o verdadeiro pai da Donatella, esse segredo eu levo ao túmulo comigo se for possível.

Logo após o meu relato a Antonella nos confessou que e o Ettore havia saído em busca de vingança contra o pai e eu não poderia deixar o meu filho carregar a morte do próprio em suas costas e por isso eu vim rapidamente atrás dele, ao lado das minhas filhas e da minha nora, por exceção da Martina, que não pode vir devido ao repouso pós-parto.

Assim, que chegamos à localização exata deles em Milão, eu me deparei com o Enrico saindo da casa em uma maca e sendo colocado em uma ambulância. E como em um passe de mágica todo ódio que nutri por ele por todos esses anos se esvaiu e deu lugar ao medo de perde-lo. Medo de perder o único homem que amei em toda minha vida.

***

E já se passaram dois dias e finalmente ele saiu da UTI e foi para um quarto. Eu não sai do lado dele um minuto se quer, mesmo com os protestos das minhas filhas. Eu quero vê-lo acordar, quero me despedir como nunca pude fazer e virar essa página da minha história. Tê-lo visto entre a vida e a morte me fez entender que de nada adianta guardar magoas de coisas que já foram e não tem como serem mudadas.

—Nem depois de velho você deixa de ser tão teimoso, Enrico? —Resmungo, assim que saio do banheiro e o encontro sentado na cama tirando todos os fios ligados ao seu corpo. —Todos esses aparelhos ligados a você, estão aí por algum motivo, não acha?

Ele me olha como se tivesse visto um fantasma e se levantando caminhando em minha direção. As minhas pernas não me obedecem e eu apenas fico estancada no lugar sem conseguir me mover.

—Minha menina... —Ele sussurra tomando meu rosto em suas mãos, ouvi-lo me chamar assim revive lembranças de quando éramos dois jovens apaixonados que acreditavam que apenas o amor bastava para sermos felizes. —Eu imploro que isso não seja mais um dos meus sonhos. —Seus olhos úmidos e seu medo me deixam muda. —Rita, é você mesmo?

—Você precisa se deitar, Enrico! —Saio do meu torpor e seguro suas mãos entre as minhas. —Você passou por uma cirurgia delicada no coração e não deve se esforçar!

—Para o inferno meu coração. Ele só voltou a bater quando soube que você estava viva. —Ele me puxa para os seus braços em apertando e eu fico parada sem conseguir retribuir, tentando não me afetar com seu cheiro. —Como é possível que esteja aqui? As coisas que o Ettore me disse...

—São verdadeiras! —Me afasto dele e suspiro longamente. —Eu vou responder todas as suas perguntas, mas primeiro, precisa se deitar, por favor! —Meu tom de suplica faz com ele caminhe até a cama com a minha ajuda e se deite. —Eu vou chamar o médico!

—Não preciso da porra de um médico, Rita! —Ele diz furioso. —Precisamos conversar, eu preciso entender tudo o que o Ettore, o nosso filho, disse.

—Primeiro o médico! —Saio do quarto e chamo o médico responsável pelo Enrico e ele é levado para fazer alguns exames.

Vou para a recepção esperar as minhas filhas, assim que o Enrico foi levado para sala de exames, eu as avisei que ele tinha acordado.