Capítulo 17

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Boa leitura! 

Enrico

Eu nunca tive medo de morrer. Em meus cinquenta e cinco anos de vida, eu nunca temi a morte, até duas noites atrás, quando estive cara a cara com o Ettore, quem eu acreditava ser filho do meu irmão gêmeo, todavia, o destino é uma cadela e me coloca de frente para o meu filho, que me odeia profundamente. O simples fato de saber que o Ettore é meu filho com a Rita me fez sentir vivo como a muito não me sentia, mas a cada nova revelação eu descobria que não só meu filho estava vivo como as minhas sobrinhas que eu tanto amo e que a minha pequena Donatella é minha filha também. Dio! Um bastardo como eu não merecia um milagre como esse, porém, o que eu achei que não poderia melhorar se transforma por completo no instante em que eu descubro que a mulher que eu sempre amei estava viva.

E apesar de todo o ódio que todos eles parecem nutrir por mim, eu estou feliz. Feliz porque eu não via mais sentido em nada, as coisas pelas quais eu lutei, pelas quais eu abrir mão da mulher que eu amo já não tem mais sentido. Mas, agora que eu sei que eles estão vivos, eu vou lutar pela minha família, pelo perdão dos meus filhos e das minhas sobrinhas, demore o tempo que for eu não vou desistir deles.

—Duas semanas depois que você me deixou... —A dor presente em suas palavras dói em mim e eu já nem sei quero ouvir o que a Rita tem a me dizer.

—Eu não deixei você, minha menina! —Resmungo e ela me fuzila com os olhos. Mesmo depois de décadas sem vê-la, Rita Valente ainda é a mulher mais linda da face da Terra. —Eu teria a levado comigo, mas você me deixou!

—Me levado para onde, Enrico? Para um mundo cheio de violência e crime? —Seu ressentindo me deixa mudo e eu apenas abaixo os olhos. —O irônico é que por muitas vezes eu me arrependi de não ter aceito sua oferta, afinal, mesmo fugindo eu ainda parei no meio de tudo o que eu mais temia. —Depois de um longo suspiro ela se põem a andar pelo quarto. —Como eu dizia, depois de duas semanas que você foi embora, eu descobrir que estava gravida e eu fiquei extasiada, finalmente, poderíamos ser a família que tanto havíamos sonhado, eu tinha certeza que assim que você soubesse voltaria para os meus braços. Como eu fui tola! —Tento dizer algo, mas, ela faz um sinal para que eu fique calado. —Eu te mandei uma carta, no endereço que você me mandou caos eu mudasse de ideia, poucos dias depois a reposta veio e eu jamais vou me esquecer daquelas palavras. "Sinto muito, Rita, mas uma mulher e um filho não cabem na minha vida agora. Por favor não me procure mais e encontre um outro pai para essa criança porque eu jamais a reconhecerei como meu. Mas, se não quiser esse bebê como eu não quero, estou mandando uma quantia em dinheiro junto com esse bilhete e você sabe o que tem que fazer. Adeus." —As lagrimas molham seu rosto e eu freio todos os meus instintos de me levantar e toma-la em meus braços, porém eu tenho certeza de que eu sou o ultimo de quem ela quer algum consolo.

—Rita, eu preciso que acredite em mim, eu nunca recebi quaisquer correspondências sua. Eu jamais a abandonaria ou pediria para que abortasse um fruto do nosso amor! —Minha voz é quase uma suplica, mas ela parece perdida dentro das suas lembranças.

—Eu me tranquei no quarto, não comia, não dormia, eu virei uma sombra da garota que um dia eu tinha sido, eu estava com o coração dilacerado e um filho sem pai. Nesse momento de fragilidade que o Emiliano surgiu e me tirou do fundo do poço. Em uma noite eu acabei me entregando para ele, em busca de alivio para a dor em meu coração essa única vez decidiu todo o meu destino e dos meus filhos. Quando a barriga começou a se fazer aparente ele me questionou e perguntou se o filho era dele, eu tive a segunda pior ideia de toda a minha vida, a primeira foi ter dormido com você há vinte e três anos atrás. Eu estava sozinha e gravida e ele parecia me amar e eu disse que o filho era dele, no mesmo instante ele assumiu tudo, poucas semanas depois nós nos casamos. —Suas tremem e o choro se torna cada vez mais audível. —Nós fomos felizes por alguns anos, eu aprendi a ama-lo, mas o Emiliano queria mais, assim como você, e começou a se envolver com pessoas cada vez piores. De repente o homem que eu conhecia se tornou um monstro...

—Ele machucou você? —Minha voz quase não sai e quando nossos olhos se encontram eu sinto o ar sair dos meus pulmões com a certeza de que coisas ainda piores vem aí.

—De todas as formas que se pode machucar alguém, violência física e mental, o que segurava a minha sanidade eram os meus filhos e aí quando eu estava no meu limite, você volta e reacende todo o amor que eu tinha por você. E eu me entreguei aquele amor e você disse que me amava, que me queria de volta, mas sumiu na manhã seguinte e condenou a mim e aos meus filhos ao inferno.

—Eu ia voltar para você, eu estava em uma missão...

—Cala a boca, Enrico! —Ela grita. —Assim que a nossa filha nasceu o Emiliano me venceu como um animal! Eu fui violentada, abusada, humilhada de todas as maneiras possíveis. Eles me quebraram! Eu passei vinte e dois anos em cativeiro e eu só não sucumbi porque eu tinha a esperança de ter os meus filhos de volta! —Seu chora me destrói por completo e eu desejo estar morto. —E eu sonhava que você tinha voltado por mim e que quando não me encontrasse cuidaria dos meus filhos...

—Eu cuidei, Rita, eu os amei como meus! —Sussurro e ela rir sem humor.

—Ensinando-os a matar? O Ettore fugiu casa para proteger as meninas. E depois aquele monstro vendeu as minhas filhas. As minhas garotinhas ficaram soltas pelo mundo. A Alessa se prostituição, matou e roubou para cuidar das irmãs. A Martina foi abusada ainda menina e depois matou tantos outros que ousassem a colocar as irmãs dela em risco. A Donatella se tornou uma stripper, morou na rua, foi agredida... —Ela me olha nos olhos. —O nosso filho Ettore, se tornou um assassino frio e sem sentimentos, até hoje ele se culpa por tudo o que houve comigo e as irmãs dele.

—Rita, eu... —Procuro por palavras, mas, elas não existem. A culpa grita em minha mente.

—Eu perdoo você, Enrico! —Ela sai do quarto me deixando preso dentro de um mundo de arrependimentos e remorso. O que as minhas escolhas fizeram conosco? O meu desejo por poder e dinheiro destruiu a vida das pessoas que eu mais amo nesse mundo. 





A Rita é uma mulher muito forte. E ai quem acha que o Enrico tem culpa em tudo o que eles passaram?

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Até logo!

Ettore -Série Irmãos Valente (Livro 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora