Bora de mais um? Sim ou com certeza? Hoje o wattpad ajudou embora ele esteja me irritando em tirar os travessões 🙄 consegui postar quase que na hora certa kkkkkk. Boa noite, miill beijo e boa leitura 🥰
Fiquei a manhã inteira sentada na beira da praia apenas pensando e em nenhum segundo passou pela minha cabeça a opção de fazer o aborto, eu teria esse bebê sozinha, e seria seu porto seguro. Manteria segredo até ir para faculdade uns meses depois, quando estivesse estabilizada e com pelo menos um trabalho contaria que engravidei de um desconhecido numa festa qualquer de fraternidade e isso seria o suficiente.
Eu teria esse bebê, porque naquela praia quando me senti sozinha e abandonada me lembrei que ele estava ali e que a partir daquele momento eu jamais ficaria sozinha, óbvio que seria difícil, a maternidade não é um mar de rosa como vemos nos filmes e nas revistas. Ela é dolorosa e cansativa, mas eu estava disposta a passar por tudo.
Levantei sacudindo a areia grudada em meu vestido e segui caminho até a sorveteria dos pais do Henry, lá pedi uma porção grande de batatas fritas, coca-cola e um sorvete de uva, por mais que fosse um dia triste eu estava feliz, na verdade, eu sempre fui feliz por estar com minha própria companhia o ignóbil lá foi só um erro momentâneo que foi corrigido.
— Oi, como você está? — Henry sentou ao meu lado. — Dafne me contou um pouco do que aconteceu.
— Estou bem, não se preocupe comigo. — Toquei seu ombro. — Darei o meu jeito e você e a Dafne só precisam manter segredo.
— Claro, nós vamos te apoiar sempre. — Ele me abraçou.
— Obrigada mesmo. — O abracei.
— To falando sério Cloe, se precisar da minha ajuda para esconder um corpo, eu ajudo.
— Vou guardar bem isso. — Falei sorrindo.
— A Dafne está vindo para cá. — Ele disse me mostrando a tela do celular com a troca de mensagens entre eles.
— Ótimo, vou esperar por ela. — Falei voltando minha atenção a porção de batatas.
Comi tudo em silêncio enquanto esperava por Dafne que chegou 30 minutos depois, nós conversamos, contei a ela sobre todo o meu plano e ela concordou em me ajudar, depois de pedir um milhão de desculpas pela atitude do irmão e chora decepcionada, eu a abracei, não tinha mais lágrimas para derramar e sejamos sinceros, ele não merecia.
— Aquele babaca não pode ser o meu irmão. — Ela disse secando as lágrimas. — Não consigo olhar na cara dele, quero distância.
— Dafne, sei que está arrasada agora, mas Dominic é seu irmão. — Falei sendo sincera, não queria ser a causa de uma briga entre eles.
— Sei disso, mas agora estou magoada com as atitudes dele e prefiro ficar distante. — Ela fez uma pausa. — Ou então vou matá-lo.
— Não pode fazer isso.
— Vou começar a pegar o carro da mamãe, assim vamos juntos à escola. — Ela disse com tristeza na voz.
— Não precisa fazer isso, Daf, posso ir andando. — Falei, mas ela me interrompeu.
— Se ficar no mesmo carro que ele, sou capaz de jogar o carro pela represa. — Confessou, e o pior, ela pareceu sincera.
— Tudo bem, vamos juntas. — Concordei, era só por duas semanas mesmo.
Duas semanas e dois tudo se resolveria, não sei porque, mas tenho a sensação que essa semana passará milhões de vezes mais devagar que o normal, essas seriam as duas semanas mais longas da minha vida, só que em algum momento elas acabariam e eu torcia por isso. Esperei até que Dafne comesse, meu estomago não aguentava mais nenhum grão e eu estava exausta.
Mas, no fundo, eu sabia que isso era só uma desculpa para que eu me trancasse no quarto e chorasse sem controle, e isso eu não iria permitir, estava magoada, sim, porém não posso deixar que as atitudes de terceiros tenham influência negativa sobre minha vida. Por isso forcei mais um pouco a fiquei ali com o casal enquanto esperava a hora passar, fazíamos planos para a faculdade e todos eles incluíam um bebê, sorri ao constatar os bons amigos que tinham, eram meio loucos, sim, mas eram tudo que eu precisava naquele momento.
— Não pode desistir de Paris por minha causa. — Falei a Dafne que enlouqueceu a uns minutos atrás. — Esse é o seu sonho.
— Mas não quero ficar longe de vocês e quero poder te ajudar. — Ela tocou minha mão, com a mesma cara de cachorro pidão que sempre fazia, mas dessa vez não deixaria ela me convencer.
— Não, esse é o sonho seu e você vai correr atrás dele. — Exclamei séria. — Irei atrás dos meus e acho que terei uma ótima companhia.
— E eu vou estar a 30 minutos do apartamento dela. — Henry disse sorrindo. — Posso ajudar no que for preciso.
— Agradeço muito a vocês dois, mas vamos com calma. — Falei bebendo um gole do meu refrigerante. — Tem bastante tempo pela frente.
Na verdade, eu estava em pânico por dentro, tinha tanta coisa para fazer em tão pouco tempo que tive que respirar fundo ou enlouqueceria, afinal faltavam 9 meses e garanto que isso é tempo o suficiente para organizar minha vida e o primeiro passo dela seria a formatura depois disso as peças se encaixariam.
Fiquei ali na sorveteria até o pôr do sol, e aproveitei esse deslumbrante acontecimento para caminhar pela cidade e clarear os pensamentos obscuros, o trajeto até minha casa durava cerca de 40 minutos, mas como caminhei em passos de tartaruga apenas para curtir aquele momento sozinha cheguei em casa em mais ou menos 1 hora, comprimente meus pais e subi pro quarto, depois de um dia como esse um banho quente lavaria minha alma cansada.
E foi isso que fiz quando deixei que minhas lágrimas se misturassem a água morna que percorriam meu corpo dolorido, naquele momento ponderei desistir passou mil coisas na minha cabeça e para ser sincera eu não sabia o que fazer com aquela nova descoberta, porém enquanto a água deslizava meu corpo, foquei apenas em um lugar específico, minha barriga que, na verdade, era inexistente e não tinha nenhum ponto de volume, mas tinha alguém crescendo ali dentro e foi ali que percebi que faria o impossível por esse alguém. Quando sai do banho e coloquei o pijama me certifiquei de trancar a janela do quarto, apaguei as luzes e apaguei na cama sentindo meu corpo finalmente descansar.
Pela manhã acordei com um incrível bom humor, só poderia ser o ar de uma manhã ensolarada de domingo, me apeguei a isso e fiz minha higiene pessoal e meu café da manhã comi tudo sozinha já que meu pai tinha uma partida de golfe e minha mãe estava dormindo, depois de alimentada subi as escadas pro meu quarto e fechei as cortinas, peguei o notebook e decide que assistiria até não aguentar mais, esse sempre foi e sempre seria meu programa favorito.
— Cloe o que acha de sopa de ervilha hoje pro jantar? — Minha mãe perguntou colocando a cabeça para dentro do quarto.
— Não é cedo demais para a gente se preocupar com isso? — Falei procurando o relógio no canto do monitor. — Puta merda, já são 20:30 da noite?
— Olha essa boca mocinha! — Ela me corrigiu. — E sim, são 20:30, o que quer comer?
— Sopa de ervilha ta perfeito. — Falei colocando no notebook de lado. — Quer minha ajuda?
— Quero sua companhia, hoje seremos só nós duas. — Ela respondeu e eu podia sentir a tristeza em sua voz.
— Quer conversar?
— Por favor!
Sai do quarto e fomos direto para a cozinha, sentei em uma das cadeiras do balcão enquanto esperava minha mãe pedir a sopa a um dos seus restaurantes favoritos, apenas observei, analisei suas feições e fiquei calada esperando que ela falasse qualquer coisa, como demorou muito tomei a iniciativa.
— O que ta rolando entre você e o papai? — Perguntei sem enrolação.
— Trabalhar junto do seu pai é o mesmo que estar no inferno. — Ela desabafou sentando na minha frente. — Ele é teimoso e cabeça dura, acha que pode tomar conta de tudo sozinho e quase sempre reagi da pior forma possível.
— Tá, agora me conta uma novidade? — Fiz uma pausa esperando que ela olhasse para mim. — Ele é uma pessoa difícil de lidar, é guiado pelo impulso e sejamos sinceras isso raramente da certo, mas vocês já estão casados 26 anos e sempre souberam lhe dar tão bem com os problemas.
— Isso foi antes do seu pai se tornar o meu chefe. — Ela disse e eu podia imaginar como era passar o dia inteiro seguindo as ordens dele.
— Você sempre foi boa em lidar com problemas, respira fundo ou procura alguém para substituir você. — Conclui e ela pareceu analisar minha ideia em silêncio.
— Vou pensar sobre isso. — Ela caminhou até o armário e começou a arrumar a mesa de jantar.
Jantamos, assistimos a um programa de comédia e depois fomos dormir, já que estávamos cansada e amanhã era segunda-feira e tinha um dia cheio de merda para resolver, e ainda tinha que cruzar com o ignóbil nos corredores da escola, tirei uma boa noite de sono dormi o máximo que pude.
— Vamos? — Perguntou Dafne já pisando no acelerador me fazendo agarrar com força o cinto de segurança.
— Tô vendo que adrenalina não vai faltar.
Chegamos naquela fase chata do final do ano onde ninguém suportava mais nada, íamos por pura obrigação, mas o fato de estar acabando me enchia de energia, mesmo que eu não estivesse transbordando de felicidade e agora estivesse mais quieta do que nunca, tentei aproveitar o que pude, me distrair com Dafne era uma dessas coisas das quais me tiravam o foco dos problemas e me aproveitei disso já que nada de interessante acontecia.
Almoçamos juntas, e pela primeira vez no dia dei um sorriso sincero ao ver Henry completamente vermelho porque Dafne sentou em seu colo, achei que o garoto explodiria e enquanto isso eu me acabava de rir.
— Qual a piada Norris? — Dafne chama minha atenção.
— Nada, só estou prestes a ver um colapso. — Falei olhando para Henry, que respirava com certa dificuldade. — Preciso fazer xixi ou farei nas calças.
— Mas você está de vestido. — Henry disse tentando soar o mais normal possível.
— Você me entendeu!
Fui até o banheiro com certa dificuldade já que minha bexiga parecia que ia explodir, depois de aliviada lavei as mãos e saí do banheiro em direção ao refeitório, Dafne e Henry não estavam lá, então decide que tomaria uma pouco de sol, caminhei até o gramado tirei a garrafa de água e um livro da bolsa e me deitei colocando a bolsa em como um apoio em minha cabeça, me certifiquei de arrumar o vestido pagar calcinha faltando 2 semanas pro final do ano não estava em meus planos, mas nada estava indo conforme o plano.
Peguei meu livro e continuei com algo que sempre me trazia paz, ler um bom e velho romance nunca iria falhar e fiz isso por um longo tempo, acho que fiquei tranquila por 1 hora, até uma sombra gigantesca levar o sol para longe de mim.
— Engravidou para me segurar? — Dominic exclamou fazendo meu estômago revirar.
— Como é? — Falei pegando a garrafa de água e o livro e os segurei com força.
— Você tinha um plano, me seduziu e agora acha que pode me prender com essa coisa. — Ele falou apontando discretamente para minha barriga e eu apenas gargalhei. — Qual a graça? — Ele perguntou confuso.
— Meu Deus, garoto, você se acha tão bom ao ponto de alguém querer te prender? — Falei e seus olhos saltaram. — Vem cá, qual parte do que falei ontem você não entendeu? — Fiz uma pausa apenas para olhar ao redor e ter certeza de que ninguém ouviria. — Eu não quero você na minha vida e muito menos na vida do meu bebê, não quero te ver, não quero falar contigo e muito menos quero te segurar, se você fingir que morri será a melhor coisa da minha vida! — Confessei sentindo as forças indo embora, porém mantive a postura. — Vai lá, pode manter sua pose de jogador, a última coisa que quero no mundo é que você esteja perto de mim. — Soquei as coisas na bolsa e sai andando sem me importar.
Decide que não assistiria as últimas aulas e fui direto para a biblioteca, lá eu teria paz, então me sentei no lugar de sempre, entre as duas estantes e me entreguei a leitura fugindo da minha realidade maluca e entediante, me concentrei em aproveitar cada segundo na minha própria companhia e realizaria isso fazendo tudo aquele que sempre gostei.
Duas semanas depois…
Hoje era o grande dia, e eu queria poder dizer que eu estava radiante, porém ficar agarrada a privada em plena 06:30 da manhã dizia o oposto, os sintomas estavam mais intensos e os enjoos matinais já faziam parte da minha rotina, e hoje eu teria que driblar se quisesse participar da cerimônia de formatura, na verdade, eu não queria, mas Dafne me obrigou quando caiu no choro dizendo que não estaríamos juntas num dos dias mais importantes das nossas vidas e em meio a lágrimas, desespero e drama acabei aceitando.
Mas agora eu estava aqui, sentada no chão colocando para fora toda minha bile, o show matinal durava cerca de 10 minutos, depois tudo voltava ao normal, mas como hoje não era um dia normal eu podia voltar para cama e ignorar o fato de nada parar em meu estômago, a cerimonial começaria às 16:00 horas e até lá eu tinha tempo para me recompor.
E foi o que fiz, fiquei deitada esperando a agonia passar e tomei um remédio de enjoo, fitei o teto até aquela sensação horrível de fraqueza passar, e logo após a fraqueza vinha a fome, mas não era uma fome normal e sim algo pré-histórico como se eu tivesse passado semanas sem comer e se tivesse sorte a comida permaneceria de mim, mas hoje eu não tinha pressa e podia esperar até que eu realmente estivesse me sentindo bem.
Não está sendo fácil mentir, odeio esconder algo da minha mãe, mas era necessário já que eu não estava disposta a ver a decepção estampada em seu rosto e quando eu estivesse bem longe séria melhor, fechei os olhos sentindo o sol esquentar meu rosto, esse ainda seria meu momento favorito.
— Você está virando minha vida de cabeça para baixo. — Falei tocando minha barriga inexistente. — Precisamos ter uma conversa muito séria sobre esses enjoos, que tal uma trégua? — Perguntei, como se fosse possível obter uma resposta. — Sua mãe é uma completa maluca, acho melhor você ir se acostumando com isso.
Continuei ali, tocando e acariciando, criando uma ligação, mesmo que ainda fosse muito cedo pela primeira vez na vida eu tinha alguém verdadeiro com quem eu podia conversar sem medo e mesmo que o pequeno ser humano dentro de mim mal estivesse formado eu já o tinha como meu maior companheiro, ou companheira pensei sorrindo. Eu era mesmo uma boba, mas ele ou ela não me julgaria, e isso era tudo que eu precisava naquele momento.
— O que acha de tirarmos um cochilo? — Falei desenhando um círculo em minha barriga. — A mamãe precisa de umas horas de descanso e acho que você também. — Me virei de lado sem tirar a mão do lugar e fechei os olhos deixando que o sono chegasse até mim.
Acordei a 13:00 da tarde com o estômago doendo, mas o corpo estava descansado e puta que pariu como eu precisava disso, levando da cama e fui direto pro banheiro, tomei um banho longo e demorado e quando saí do chuveiro fiquei encarando meu corpo magro por algum tempo, não era nenhuma novidade a perda de peso e isso me preocupava, tinha que sair logo dessa cidade para cuidar bem do meu bebê.
— Prometo cuidar de nós dois. — Falei tentando ignorar o fato dos meus ossos estarem aparecendo mais do que o normal.
Coloquei um vestido qualquer e desce as escadas em silêncio, andei direto para cozinha e chegando lá me certifiquei de que ninguém estava em casa, preparei um bom e velho macarrão com queijo e também um jarra generosa de suco de laranja, e enquanto esperava o macarrão comi uma fatia de bolo de chocolate, enquanto dançava pela cozinha feliz pelo meu estômago está suportando algo a campainha tocou.
— Essa é a sexta vez que venho aqui, quer me matar do coração? — Dafne disse entrando assim que abri a porta.
— Acabei dormindo demais. — Falei levando mais um pedaço de bolo à minha boca.
— O que temos pro almoço hoje, senhorita Norris? — Perguntou sentada na banqueta.
— Macarrão com queijo! — Respondi dançando.
— Está animada, ainda não vomitou, não foi? — Ela perguntou já sabendo da resposta.
— Espero que esse bolo delicioso e esse macarrão permaneçam dentro de mim. — Falei enquanto mexia o molho.
— Temos que ter uma conversa séria com essa minha sobrinha. — Sim, Dafne tinha certeza que era um menino.
Ficamos ali as duas na cozinha conversando e fazendo planos sobre o futuro, principalmente sobre a cerimônia de hoje e sobre a minha viagem de 4h 50 m para stanford em 5 dias, sim, eu queria sair daqui o mais rápido possível, e poder cuidar do que era mais importante para mim.
Até que meu pai chegou como um furacão e passou por nós com a mão na cabeça e o rosto vermelho, aquele era o sintoma mais presente em suas crises de enxaqueca, e por isso achei melhor ignorá-lo e continuar minha conversa com Dafne, ela estava ansiosa para fazer a mala e sumir logo tanto quanto eu, talvez até mais.
— Será um passo gigantesco na nossa vida, mas será incrível. — Ela disse me olhando com tanto carinho que fui obrigada a retribuir.
— Da última vez que você disse que algo seria incrível, olha só o que aconteceu. — Olhei discretamente para minha barriga e ela sorriu.
— Mas isso é incrível! — Ela sorriu. — E daqui a alguns anos você vai entender o que eu digo.
— Não achei que você fosse capaz de mentir para sua família! — Meu pai gritou me dando um susto. — Estou decepcionado com você Cloe, achei que a vizinha estivesse louca ao dizer que Dominic pulava sua janela durante a noite. — Ele continuava gritando. — Queria não ter precisado virar seu quarto de cabeça para baixo para descobrir isso. — Jogou o teste de gravidez em cima da mesa.
— Pai, eu posso explicar! — Tentei falar, mas o mesmo acertou um tapa forte em meu rosto, fazendo com que Dafne saltasse na minha frente.
— Eu não sou mais o seu pai, e acharia melhor que você e essa coisa morressem ao me envergonhar perante a cidade. — Proferiu em puro ódio, suas palavras deram mais que o tapa que ainda formigava.
— Estamos todos com os nervos exaltados, acho melhor levar Cloe pro quarto e quando tudo se acalmar vocês conversam. — Dafne disse soando o mais amigável possível ainda abraçada ao meu corpo.
— Essa vadiazinha não ficará mais um segundo na minha casa. — O homem que se dizia meu pai falou me olhando com nojo. — Leve ela pro seu irmão. — Ele disse ainda me encarando.
— Preciso conversar com a minha mãe. — Tomei coragem e falei.
— Sua mãe já sabe de tudo, quem você acha que me mandou vir aqui? — Ele fez uma pausa. — Saia da minha casa antes que eu te tire a base de pontapés.
— Não se preocupe com isso, farei uma mala rápida e faço questão de nunca mais olhar na sua cara. — Dei um passo a frente mais ele segurou com força o meu braço.
— Não levará nada. — Disse apertando com força meu braço que puxei no mesmo instante. — Você não tem nada aqui, aliás eu já cancelei sua inscrição em stanford.
Peguei o celular em cima da bancada, e minha carteira sem nem ao menos encará-lo, naquele instante tudo que eu sentia era nojo e certeza de que aquele desgraçado não merecia fazer parte da minha vida muito menos da vida do bebê.
— Nunca mais volte para essa cidade! — Gritou antes mesmo que eu chegasse a porta.
— Pode deixar, isso será um enorme prazer! — Retruquei e parei com a mão na maçaneta. — Faça o favor de esquecer da minha existência, a partir de hoje eu não serei mais sua filha. — Sai a passos largos e andei em direção a rua.
— Vai se fuder, seu velho idiota! — Dafne gritou em plenos pulmões e fazendo rir. — Ei! Espera por mim. — Correu em minha direção. — O que vai fazer agora?
— Ir embora dessa cidade antes que eu vá parar na cadeia. — Falei segurando meu celular com força.
— Para onde você vai? — Ela me segurou. — Vou com você.
— Ta maluca? — Parei segurando o choro. — Você vai para Paris construir seu sonho enquanto cuidarei do meu.
— Não posso te deixar sozinha nessa.
— Pode e vai, e você sempre estará comigo quando eu precisar, tenho certeza disso. — Lhe abracei com força. — Agora me ajuda a sair dessa cidade.
— Para onde?
— Qualquer lugar com muitas horas de distância daqui. — Falei pegando o celular para pesquisar um lugar. — E assim que checkei o mapa, Oklahoma piscou como uma árvore de Natal. — Por hora prefiro que você não saiba, assim vou me sentir mais segura.
— Cloe, promete que não vai deixar de manter contato comigo. — Ela segurou minhas mãos.
— Claro, Dafne, não vou me esconder de você. — Falei já sabendo que seria impossível manter contato com ela, Dafne não deixaria de se preocupar e isso iria atrapalhar o seu futuro.
— Então vamos preparar sua mala. — Pegou na minha mão me arrastando até sua casa. — Fica tranquila, seremos só nós duas. — Ela disse quando sentiu meu corpo se enrijecer. — E o Henry que nos dará carona até onde você quiser.
Naquele instante não me permite derramar sequer uma lágrima, eu tinha ódio puro circulando sobre minhas veias e não queria que aquilo afetasse minha ida para Oklahoma, nunca gostei de agir por impulso ou sem pensar, mas algo dentro de mim, gritava que tudo daria certo e por menor que fosse essa minha intuição eu me agarraria nela com todas as forças.
Minha viagem seria longa e teria diversas paradas, cinco no total até que eu chegasse em Oklahoma, passaria 2 ou 3 dias na estrada até encontrar a paz que eu tanto queria, mas isso valeria a pena.
— Não posso ir com você? — Dafne perguntou enquanto socava algumas de suas roupas numa mochila.
— Preciso sumir Daf, se for comigo seus pais irão atrás e vão descobrir o motivo da minha fuga. — Falei estudando todo o trajeto que eu faria. — Essa gravidez ficará somente entre nós.
— Não quer mesmo que o Dominic faça parte? — Ela me olhou já sabendo da resposta. — Meus pais podem obrigá-lo.
— Não entendo porque o seu irmão faria parte disso, eu fiz tudo sozinha, Dominic não tem nada aqui. — Falei como se aquilo fosse verdade. — Esse bebê é somente meu Dafne.
— Ei, sou a tia e faço questão de fazer parte de cada momento. — Ela se aproximou e tocou minha barriga. — Eu já a amo Cloe, e amo você também.
As lágrimas rolaram, eu nunca duvidei da Dafne e por sua bondade e dedicação sabia que ela não viveria sua vida, e eu seria a grande pedra em seus sonhos se não a afastasse, no começo ela me odiaria, mas depois de tempo ela ia me entender.
— Vamos nos atrasar, o próximo ônibus sai em 30 minutos. — Falei enxugando as lágrimas.
— Acho que coloquei tudo que era necessário. — Ela disse levantando num sobressalto. — Tem uma caixinha branca na mochila, me prometa que só vai abrir quando descobrir o sexo do bebê. — Ela disse com sorriso no rosto.
— Prometo. — Falei me levantando.
— Isso é loucura. — Henry entrou no quarto de Dafne como um furacão. — Como vai cuidar de tudo sozinha?
— Vou cuidar de tudo, não se preocupe. — Falei sincera e Henry me abraçou forte.
— Vai ligar todos os dias e não vai exitar em me chamar quando for necessário. — Ele beijou o topo da minha cabeça, e quase desabei em lágrimas outra vez.
— Prometo que se precisar de qualquer coisa chamo vocês. — O abracei forte retribuindo seu abraço. — Agora me leva até o ônibus, porra. — O empurrei de leve e ele sorriu concordando.
Aquele trajeto de 15 minutos até o ponto de partida para minha nova vida me deixou eufórica, eu não tinha medo ou qualquer dúvida, aquele era o primeiro passo e nunca tinha me sentido tão segura, era confuso, como se finalmente as peças estivessem se encaixando. Eu sabia que aquele era o último tchau, a última vez da qual eu veria seus rostos e o momento onde eu poderia agradecer por tudo que eles já fizeram por mim.
— Amo muito vocês. — Abracei Dafne e Henry tão apertado que achei que chegou a doer.
— Cuide-se bem. — Dafne tocava minha barriga. — Me mande fotos todas as semanas, assim vamos acompanhar o crescimento do nosso bebê.
— Não vai mesmo nos falar para onde vai? — Henry perguntou preocupado.
— Quanto menos souberem, melhor. — Falei convencida. — Não deixem que chamem a polícia, digam que fui embora porque não aguentava mais.
— Tem certeza que não vai dizer nada a sua mãe? — Dafne perguntou.
— Você ouviu bem o que meu pai disse, eles não vão se preocupar com a minha partida. — Beijei seu rosto e logo depois o do Henry. — Peça logo ela em namoro! — Falei me afastando um pouco para observar o rosto de Henry ganhar uns três tons de vermelho.
Eles sorriram Dafne, com o rosto todo molhado devido ao choro, Henry, vermelho igual um tomate, aquela era a última vez que eu os veria, caminhei até o ônibus e dei o meu último tchau, sentei no último lugar escondida bem no cantinho e 5 minutos depois o barulho do motor ecoou me trazendo a sensação de liberdade.
Dafne me mataria quando entrasse no carro e visse que deixei o celular para trás, eu não queria ser encontrada, e por mais que aquilo doesse era o que precisava ser feito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cloe Muller - Livro 2 🍇
RomanceGosto de pensar que destino não existe que isso é pura criação de histórinha de contos de fada, porque se fosse verdade o meu foi traçado por um filho da puta que me odeia com todas as forças. "Machucada e desacreditada do amor, Cloe fechou o seu co...