6° dia da maratona, bora de mais um? Seii o quanto estão ansiosas... Boa Noite, miilllll beijos e boa leitura. PS. Tô amando nossa interação lá no grupo do WhatsApp!Quando deitei a cabeça no travesseiro eu só consegui ver a imagem do ultrassom, ela ficava se repetindo em minha cabeça como um filme, o som do seu coração ainda ecoava em meus ouvidos e sempre que pensava muito me pegava emocionada. Não tinha como descrever com clareza, mas sentir tudo aquilo me deixava imensamente feliz, fodam-se os enjoos, as tonturas e os quase desmaios, nada naquele momento era mais importante do que saber que o bebê estava bem. Eu sentia sono, mas não conseguia dormir aqui, não era como em Carmel que as 20:00 da noite o silêncio era absoluto em Oklahoma carros passavam, pessoas passavam e tudo isso me fazia ficar acordada lentamente, eu me acostumaria. Mas por hora ainda era o motivo de mexer com meu sono, por isso coloquei a mão na barriga e comecei a conversar com bebê até que o sono realmente fosse maior que a vontade de manter os olhos abertos. — Hoje tivemos um dia cheio em… — Falei acariciando minha barriga. — A mamãe te viu pela primeira vez e ficou muito feliz em saber que você está crescendo bem. Fechei os olhos e tentei imaginar como ele ou ela seria, como me olharia e qual seria a sensação de segurá-lo em meus braços pela primeira vez, acredito que seja mágico. — A mamãe te ama tanto que chega a doer. — Meus dedos desenhavam um oito em minha barriga. Fiquei ali por horas imaginando como seria minha vida agora, e senti saudade de Dafne, sua energia era contagiante e ela era uma das poucas pessoas da qual eu queria que fizesse parte da minha vida. Mas ela esqueceria de si mesma, e não ficaria focada em seus planos apenas por achar que tem alguma obrigação comigo. Sei que o que fiz foi doloroso e que talvez ela jamais pudesse me perdoar, mas fiz o que precisava ter feito para que ela vivesse a sua vida e não a minha. — Quanta coisa nós dois já tivemos que enfrentar juntos. — Falei lembrando de tudo que aconteceu desde a descoberta da gravidez. — É engraçado pensar que desde que você está comigo, apesar de algumas coisas saírem do controle, tudo deu incrivelmente certo. Sorri ao constatar que aquele bebê era como um amuleto da sorte, fechei os olhos e deixei que o sono caminhasse até mim. Demorou, mas gradualmente a vista foi ficando cansada e a moleza começou a tomar conta do meu corpo, ela era mais que bem-vinda, por isso me deixei afundar naquele mar de escuridão e adormece sentindo minha mente finalmente relaxar. Ao longe dava para ouvir o som da cidade acordando e eu como sempre me acordei com ela, fiz toda minha higiene matinal, fiquei surpresa ao me dar conta de que os enjoos simplesmente sumiram nos últimos três dias. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e desci as escadas em direção ao restaurante que ia enchendo lentamente. — Bom dia, querida! — Philippa disse do outro lado do balcão. — Bom dia, me diz o que posso fazer para te ajudar! — Falei analisando o talão de pedidos que Enrico tinha provavelmente colocado aqui. — De novo com essa história. — Ela disse me olhando de cima a baixo. — Não posso ficar parada enquanto você e o Enrico fazem tudo. — Falei a encarando do mesmo jeito. — Me deixa servir as mesas, pegar pedidos ou fazer as panquecas. — Você pode se sentar aí e tomar café, depois pensamos nisso. — Ela disse com tom autoritário, e sem pensar duas vezes peguei o talão de pedidos e me afastei indo em direção a um casal simpático quer acabou de chegar. — Bom dia, bem-vindos ao Dallas no que posso ser útil? — Falei simpática, ambos responderam e a moça com um sorriso no rosto me falou tudo que queria comer. Anotei cada coisa com muito cuidado e quando ela terminou peguei o pedido do seu namorado, caminhei para longe deles e entreguei o pedido a Philippa que me encarou com um olhar de fúria, em tão pouco tempo aqui já dava para perceber que ela odiava perder. Peguei uma bandeja com um café da manhã bem tradicional no bilhete dizia mesa 4, olhei a procura da mesa e encontrei um senhor olhando pela janela. — Bom dia, aqui está seu café da manhã. — Coloquei a bandeja em sua mesa. — Bom apetite! — Muito obrigado senhorita! — De nada, qualquer coisa que precisar é só me chamar. — Você leva jeito para falar com as pessoas. — Enrico disse se aproximando de mim. — É calma e doce. — Dois elogios do qual nunca ninguém me deu. — Falei o ajudando com algumas bandejas. — Você sempre acorda assim? — Enrico me encarou da cabeça aos pés, seu olhar julgador me fazia rir. — Esse bom humor todo vende onde? — Não sou uma pessoa matinal, mas confesso que uma boa noite de sono me faz ter um dia feliz. — Boa noite de sono? Como você conseguiu dormir com aqueles dois transando a noite toda. — Enrico falou dando sinal para o casal que atendi minutos atrás. — Juro para você que não ouvi nada. — Falei olhando para eles, era nítida a boa noite de “sono”. — Então você não dormiu, querida, capotou! Caminhamos juntos até o balcão e pegamos ainda mais pedidos, a manhã correu tranquilamente e como previ dei ótimas gargalhadas, às 10:30 tomamos o nosso café já que o movimento no restaurante havia diminuído um pouco. Philippa e Enrico me falaram sobre alguns pontos turísticos da cidade e de imediato tive vontade de ir visitar. Enrico disse que me levaria assim que tudo se acalmasse como estávamos em clima de Natal a pousada e o restaurante sempre ficavam lotados. No Dallas você não sente a hora passar, você conversa com tanta gente que simplesmente perde a noção da hora, em tão pouco tempo em Oklahoma eu já conhecia tantas pessoas diferentes e nenhuma delas me olhavam com o olhar julgador. Muito pelo contrário, eram doces e gentis, o que me deixava leve em instantaneamente feliz. — Agora você sabe porque não consegui fugir. — Philippa disse batendo de leve o seu quadril no meu. — Te entendo perfeitamente. — Falei passando os olhos pelos clientes. — Aqui é muito de diferente de Carmel. — Você veio de longe em menina. — Ela disse sorrindo. — Alguém te magoou muito. — Só um carinha que não vale nada e o homem que se dizia meu pai. — Falei com tanta naturalidade que me assustei por não sentir nada. Era assim que eu me sentia, com a relação a eles dois, nada, nem tristeza, nem raiva, nem amor, absolutamente nada, como se nunca os tivesse amado algum dia. — Uma das melhores sensações da vida é ter a certeza de que aqueles que nos magoaram hoje são insignificantes. — Philippa falou passando a mão em meu rosto. — Sinto orgulho de você, por ser aquilo que um dia eu deveria ser. — Você é a mulher mais forte que já conheci. — Falei segurando suas mãos. — Você é exatamente quem deveria ser! — Conclui e nossos olhos se encheram de lágrimas. — Reunião das meninas e ninguém me contou? — Enrico se aproximou a abraçando a mãe. — Você não sabe o orgulho que tenho de ser filho dessa mulher. — Ele disse depositando um beijo no topo da cabeça de sua mãe. — No final, o príncipe encantado pelo qual eu tanto esperava nasceria de mim. — Philippa disse o abraçando. — Vocês querem mesmo me fazer chorar. — Falei tentando controlar a onda de emoções que percorriam o meu corpo. — Isso aí é golpe baixo. — Tem razão, seus hormônios estão uma bagunça. — Philippa foi até o balcão e me entregou um copo de suco de maracujá. — Philippa me conta sobre sua gravidez. — Falei depois que bebi o primeiro gole. — As coisas mudam assim drasticamente ou isso só acontece comigo? — Quais mudanças drásticas aconteceram? — A dias atrás eu vomitava todo dia pela manhã, tudo me causa a enjoo e nada me deixava com energia. — Provavelmente seu corpo está se adaptando, acredito que sua alimentação melhorou muito depois que chegou aqui? — Em carmel eu só conseguia vomitar e dormir, estava mal, acho que não lidei bem com a rejeição. — Meu Deus, que o universo conspire a favor dos desgraçados que te magoaram, porque se meu caminho cruzar com o deles. — Philippa disse respirando fundo. — Espero nunca mais vê-los na minha vida. — Eu te entendo perfeitamente. — Disse pensativa, e eu sabia que era sobre o fato de ver o pai do Enrico quase todos os dias. — Sabe Cloe, dói muito, não posso mentir para você, mas hoje entendo o meu destino. — Se existe mesmo esse negócio de destino, o meu foi traçado por um filho da puta que me odeia com todas as forças. Philippa gargalhou, e a partir dali engatamos em outros assuntos, como o cardápio do restaurante e sobre algumas fofocas dos hóspedes, Enrico e Philippa pareciam querer me distrair dos meus problemas. Eles me faziam sorrir e por um certo período eu realmente esquecia, mesmo que eu visse em Philippa um pouco da Dafne e isso me causasse uma saudade absurda. — Sente falta de alguém? — Philippa perguntou quando me viu calada pensando. — A única pessoa que ficou ao meu e me ajudou a fugir. — Quem é ela e porque ela não está com você? — É a irmã dele! — Falei sentindo meu coração se apertar. — Ela é cheia de sonhos e planos, e eu sei que ela renunciaria cada um deles só para estar comigo, mas eu não poderia permitir que ela sofresse com as consequências de algo que fiz. — Você é uma boa amiga Cloe, saiba disso. — Ela tocou meu ombro. — Não sei se irei vê-la algum dia, mas espero que ela me perdoe. — Falei sendo sincera. Depois do nosso papo o restaurante encheu, como se tivesse sido planejado para tirar me dos meus devaneios, me dediquei aquele dia, atendi as pessoas com carinho e no finalzinho do dia ajudei Philippa a fazer um bolo de nozes e hospedei mais um casal em um dos quartos. No fim de tudo, eu estava sentada em uma das cadeiras do balcão comendo o bolo de nozes com uma coca-cola bem gelada. — Gostou do seu primeiro dia? — Enrico perguntou sentando ao meu lado. — Sim, foi divertido. — Falei e tomei um gole do refrigerante para ajudar o bolo a descer. — Todos os dias são assim? — Quando a gente se entrega a algo e leva aquilo como uma diversão ao invés de obrigação, as coisas fluem bem. — Ele disse pensativo. — Quando tinha meus 17 anos eu odiava ficar aqui, estava a fim do carinha do time de futebol e quase estraguei minha sanidade mental por ele. — Sinto muito Enrico. — Falei sincera. — Ele era tudo que eu precisava, me tratava bem, cuidava de mim. — Ele refletiu pensativo. — Os beijos do desgraçado eram uma delícia. — Ele sorriu. — Então chegou o dia em que fui conversar com ele e seus amigos estavam próximos, e então ele disse “desde quando eu falo com você, seu viadinho”. — Enrico a gente precisa socar a cara dele! — Falei irritada só de ouvir. — Você acha que eu não fiz isso? — Enrico sorriu e me mostrou uma cicatriz em seu queixo. — Saímos os dois na porrada e não fomos parar no hospital porque alguém nos separou. — Um filme parecia passar pela cabeça dele. — Jogadores são só encrenca. — Falei e ele me olhou com curiosidade. — Desde então mudei meu tipo, e prometi a mim mesmo que nunca mais ficaria com um cara que tivesse vergonha de mim. — Enrico concluiu. Algumas horas depois os atendimentos tinham realmente acabado e então pude subir as escadas até o meu quarto, hoje foi meu primeiro dia como garçonete e confesso que gostei, se fosse em qualquer outro lugar do mundo eu odiaria, mas aqui tinha uma energia especial. E no fim do dia, às 23h30, m deixei meu corpo relaxar em baixo chuveiro sentido a água relaxar meus músculos, passei tanto tempo embaixo d'água que minha pele ficou vermelha. Saí enrolada na toalha e parei em frente ao espelho gigantesco que tinha no quarto, encarei meu corpo, principalmente minha barriga. Não denunciava uma gravidez nem se olhasse com uma lupa, mas eu podia enxergar o mesmo pontinho que avistei na imagem de ultrassom, o mesmo pontinho responsável pelas melhores coisas que já me aconteceram. — Não sei qual foi o seu plano, mas desde que te descobri meu mundo inteiro gira em torno de você. — Confessei passando a mão na minha barriga ainda reta. — Vou cuidar de você e te ver crescer e amarei cada segundo da vida só pelo fato de você está nela. Respirei fundo me encarando no espelho, nunca em 17 anos de existência eu me imaginei sendo mãe, e agora eu simplesmente não me enxergava sem aquele pequeno ser humano que eu nem sequer conhecia. — Você veio para abalar todas as estruturas, não é. Troquei de roupa colocando um dos pijamas que Dafne me deu e fui até a janela do quarto, abri as persianas e dei de cara com a cidade linda e iluminada, aquela paisagem me encantou, me sentei na janela e observei o movimento dos carros. As luzes, as pessoas, cada uma vivia sua vida, a maioria deveria ter problemas até maiores que os meus, mas o sorriso não lhes abandonava em nenhum momento. — Eu não poderia estar em lugar melhor! — Falei contemplando a vista da cidade. — Não vejo a hora de conhecer tudo. Sorri me dando conta de que em tão pouco tempo eu já gostava de morar aqui, se não fosse por Daniel, Philippa e Enrico nada disso seria possível, encarei mais uma vez só para ter um vislumbre do que seria minha vida a partir de agora. E cheguei a conclusão de que a nova Cloe não deveria pensar no passado, a nova Cloe não mudaria minha essência, eu ainda seria a mesma de antes, só que apagaria da memória todas as pessoas que me magoaram. Sai da janela e fui em direção a cama, na mesa de canto próximo ao abajur tinha um livro, Philippa deve ter o colocado ali, folheei algumas páginas, e vi que se travava de um romance daqueles épicos que abalavam qualquer coração. — Vamos lá, não posso ignorar que adoro um bom livro. — Falei deitando na cama e me aconchegando entre as cobertas. Dessa vez me certifiquei de deixar a persiana aberta, desse jeito mesmo deitada na cama eu conseguia ter uma ampla visão do mundo lá fora, e isso de algum modo se tornou reconfortante. Fiquei ali quietinha apenas me concentrando na minha leitura por longas horas, até que meu corpo apagou de cansaço.
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Cloe Muller - Livro 2 🍇
RomanceGosto de pensar que destino não existe que isso é pura criação de histórinha de contos de fada, porque se fosse verdade o meu foi traçado por um filho da puta que me odeia com todas as forças. "Machucada e desacreditada do amor, Cloe fechou o seu co...