Capítulo 02 - Memory Board

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" E sempre foi nos seus termosMe apeguei a cada palavra descuidadaEsperando que elas pudessem se tornar doces de novoComo era no início— Taylor Swift"

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" E sempre foi nos seus termos
Me apeguei a cada palavra descuidada
Esperando que elas pudessem se tornar doces de novo
Como era no início
— Taylor Swift".

Eu a encaro, com o peito se contraindo tão dolorosamente, que parecia que uma bigorna caiu de uma altura imensurável encima dele. Eu engulo em seco, e é como se houvessem lâminas na minha garganta. Fico sem reação.

Lauren não demonstra arrependimento no que diz em primeiro momento, mas, depois, consigo ver quando ela torce os lábios, como sempre fazia quando entende que passou dos limites.

Meus olhos já estavam cheios d'água outra vez quando me aproximo dela, até ficar tão perto, que sinto sua respiração pesada. Seus olhos eram meu refúgio, e, ao mesmo tempo, meu fim. Era estranho, da mesma forma, encarar Lauren nos olhos e não ver o amor da minha vida se desmanchando naquela imensidão verde. Ainda estava ali, mas se apagou.

Foi aqui onde entendi o significado da frase; "almas gêmeas são predestinadas a se encontrarem, não a ficarem juntas".

Nunca mais me procure.

Não espero que ela reaja, que me segure, ou que venha atrás de mim, apenas corro. Corro em direção à porta, e, em seguida, pela rua, em direção à minha casa. A ouço gritar meu nome, mais de uma vez, mas não me dou o trabalho de olhar para trás.
Meus sentimentos se explodem em mim, causando uma erupção de lágrimas. Eu soluço, e não poupo a dor que cada lágrima carrega ao escorregar pela minha bochecha. Embora Lauren, e até mesmo eu, disséssemos algumas coisas idiotas quando estávamos nervosas, ela nunca chegou ao ponto de usar um problema no qual eu tinha. Nunca. E eu nunca pensei que ouviria isso da boca dela.

Da boca da pessoa que era o amor da minha vida.

Deixá-la era algo que eu nunca pensei em fazer, até que fui obrigada.

Não morávamos longe uma da outra, então, com dez minutos de aperto no peito, sensação de coração estilhaçado e lágrimas, eu chego em casa. Bato na porta, e é Sofia, minha irmã mais nova quem atende. Ela ainda tinha apenas 7 anos, o que nos dava 10 de diferença.
Eu limpo a garganta, tentando desviar o olhar, mesmo que não conseguiria esconder o nariz e olhos vermelhos. Não gostava que ela me visse triste, principalmente se soubesse que o motivo era um provável término com Lauren. Desde que começamos a namorar, Sofia se apegou tanto a Lauren, que, na época, cheguei a pensar que era algum tipo de sinal do universo que Lauren era a pessoa certa, visto que Sofia nunca gostou de nenhum dos meus outros namorados. Lauren também a amava.

— O que aconteceu, Kaki? – Ela me questiona, com o tom de voz preocupado, é preciso fingir um sorriso pra ela.

Ela não reagiria nada bem se soubesse que não veria Lauren com tanta frequência assim mais, e nem poderia a mostrar seus desenhos abstratos para a mesma, que os tratava como se fossem as mais belas obras de Van Gogh.

Em Outra Vida, Talvez?Onde histórias criam vida. Descubra agora