Capítulo 11 - "vocês passaram a noite aqui"

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"Porque no meu coração e na minha cabeçaNunca vou retirar as coisas que eu disseTão alto, sinto que estão caindo— Seafret"

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"Porque no meu coração e na minha cabeça
Nunca vou retirar as coisas que eu disse
Tão alto, sinto que estão caindo
— Seafret"

Enquanto estou escorada em uma das pilastras na entrada da galeria, tudo o que consigo fazer é me arrepender de cada segundo onde eu pensei que seria uma boa ideia virar treze shots de vodka na boca, sendo que já estava com álcool no sangue. O que resultou foi óbvio; vômito e apagão. Não deu sequer tempo de divertir, de aproveitar a sensação de estar fora de si antes que meu estômago tentasse expulsar todo álcool pra fora.
Só consegui ver a primeira vez que Camila precisou ir ao banheiro fazer o mesmo que eu, dois ou três minutos depois de termos acabado a disputa, mas, levando em consideração a forma que ela estava quando eu acordei, imagino que tenha ido no mesmo caminho.

Eu preciso parar de achar que ainda tenho dezessete anos.

Da última vez que alguém teve disposição para me acompanhar assim, era a vez onde eu conheci Camila, e, embora tenha virado mais que treze, eu comecei a vomitar horas depois. Horas depois de ter pedido a Dinah o contato de Camila, antes dela ser levada ao hospital para tomar glicose na veia. Sempre tive o estômago muito forte para bebida, mas, aparentemente, isso está mudando.

Levo a mão até a barriga quando sinto meu estômago se contorcendo novamente, e puxo todo ar que consigo pra dentro, me concentrando em não vomitar o que nem tinha mais para ser vomitado.
Quando acordei, estávamos todos jogados no chão do salão, a música ainda tocando, e o sol queimando meu rosto. Sofia estava ao lado de Camila em dois puffs, eu estava no sofá, e Harry e Ashley no carpete. Precisei correr para o banheiro, e, em seguida, tomei o remédio para combater a ressaca, que já era algo que eu, honestamente, já estava acostumada.

Ela não me derrubava tanto assim mais.

— Que porra de vodka – eu xingo comigo mesma, prendendo o cigarro que eu tinha em mãos nos meus lábios, a fim de reacendê-lo.

Já se passavam das dez da manhã, e a praia estava começando a encher. Eu poderia ficar na galeria até metade do dia, então, não estava preocupada.
Trago a fumaça quando enfim consigo acender, e o tabaco relaxa todos os músculos do meu corpo. Eu precisava disso.

Embora os momentos um pouco após a conversa com Camila tenham sido leves, e tenham me lembrado da noite onde nos conhecemos, acho que sofri emoções demais antes disso. Ver Camila foi um baque. Enfrentar todas as linhas de limite que eu havia criado em mim para conseguir pedir um perdão sincero foi um baque. Escuta-lá dizer que, caso nós não tivéssemos acabado daquele jeito, ela largaria quem quer que fosse para voltar pra mim, porque queria que tivesse sido eu foi um baque. Acho que o maior deles. Eu não esperava isso. Esperava seu ódio.

Mas ela não me odeia. Não mais. Isso é bom, pelo menos, agora, apenas eu posso me odiar por isso.
Eu aceitei. Aceitei que aquele eu do passado já não cabia no meu eu de agora, mas, ainda assim, sinto um ódio genuíno quando a olho e penso que, se eu não tivesse sido tão idiota, tudo seria diferente.

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