Talvez sejamos a pessoa certa, na hora errada.
Um romance adolescente. Um término indefinido. Um amor interrompido.
Já haviam se passado 10 anos desde que Camila a vira, e, embora tenha seguido com sua vida sem ela, as lembranças sempre a assombrar...
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"Você desenhou estrelas ao redor das minhas cicatrizes Mas agora estou sangrando — Taylor Swift".
— Não precisa ir pra um hotel, mãe – eu repito o que estou dizendo desde que ela me ligara, poucos minutos depois que Camila entrou na casa –, meu apartamento vai estar vazio por dois meses, só a senhora da limpeza que vai ir lá.
— Meu compromisso é no Brooklyn, e você mora no meio do centro de Nova York, Lauren – consigo ouvir os sons dos carros do outro lado, e imagino que ela esteja em uma das avenidas principais. – Vou ter que atravessar a cidade para chegar no meu compromisso todos os dias se ficar no seu apartamento.
Eu já estava sentindo falta da minha cidade. Nasci e cresci até minha vida adulta em San Diego, mesmo que com viagens frequentes à Nova York pelo trabalho dos meus pais, mas, quando entrei em contato com uma cidade grande como aquela, a calmaria de San Diego me estranha. Faziam-se muitos anos desde que não pisei aqui, e, mesmo que a nostalgia da minha adolescência se acendesse, eu ainda sentia falta da correria, das ruas cheias, do café na Quinta Avenida, do som dos carros...
Não acho que eu caiba mais em cidades menos movimentadas.
— É, você vai passar raiva com o trânsito se ficar lá mesmo – eu passeio o olhar atentamente pelas janelas da casa de Camila, garantindo que não havia nada fora do comum acontecendo. A última vez que vi sua silhueta, estava no seu quarto, e minha atenção é voltada para lá. – Papai ainda está aqui, não é? Quero ir vê-lo.
— Você vai precisar ligar pra ele, sabe que o coitado não está tendo tempo nem de respirar – eu concordo internamente, sabendo como aquilo era. – Onde você está? Já está em casa ou ainda está trabalhando?
— Na casa da Camila – suspiro fundo, forçando meu olhar na janela. Conseguia ver a sombra de Camila sentada na cama.
— Vocês duas reataram mesmo? – Minha mãe pergunta. – Não pensei que iria acontecer quando você contou que a encontrou.
Minha mãe era uma segunda Ashley na minha vida no quesito confidente. Tudo que acontecia na minha vida, seja mínima que for, ela estava sabendo, e com Camila não fora diferente. Ela sempre nos apoiou, e sempre amou Camila –bem mais do que gostou das outras. Ela dizia que Camila tinha a cara de pessoa certa.
— Não reatamos – um vulto surge na janela, e eu forço um pouco mais o olhar, tentando conferir se era Camila. – Saímos hoje e... – a sombra parecia maior – mãe? Eu te ligo já, já. Só um segundo.
Desligo a chamada e guardo o telefone no bolso da calça. Todos os meus sentidos de alerta estão ligados, e me esforço um pouco mais para conferir o que eu estava deduzindo. Eu consiga ver a sombra através da cortina da janela, já que a luz daquele cômodo estava acesa, e era, de fato, maior e mais magro que Camila.
