Benício⚡
Escutei o osso da minha mandíbula estalar como um galho seco.
Foi um soco proferido pelo meu queridíssimo irmão, Natanael.
Eu sentia o gosto do sangue na minha boca e escutava o Natanael gritar coisas que eu não dava a menor importância, enquanto o meu pai tentava arduamente segura-lo.
A dor era insuportável,eu podia escutar os meus ossos ringirem o que fazia a sensação ser ainda pior.
Naquele dia eu desmaiei,desmaiei de tanta dor que senti.
Você deve estar se perguntando "mas porque Natanael fez isso?",essa é uma pergunta que eu também faria se não soubesse de toda história.
Alguns minutos mais cedo havia descoberto que minha mãe estava grávida e não consegui disfarçar a minha expressão preocupada, o que aparentemente fez o meu irmão se irritar.
Não é que eu não queira ter mais um irmão,longe de mim querer negar um membro da família,mas os meus pais não tinham a menor condição de ter outro filho,não tô falando de questões financeiras,estou falando de estabilidade psicológica,se criassem esse bebê como me criaram eu teria muito o que lamentar.
...
Acordei,aparentemente muitas horas mais tarde, em um quarto incrivelmente branco, sem ninguém por perto,era apenas eu e várias máquinas hospitalares ligadas à mim.
Meu rosto inteiro ainda doia.
Levei a minha mão até meu rosto e o senti quase que completamente enfaixado.
Fechei os olhos torcendo pra que tudo aquilo não passasse de um pesadelo...
Mas é óbvio que não era,na verdade sempre foi assim.A porta se abriu,era a Francine, enfermeira do hospital que eu sempre frequentei,digamos que eu sempre fui um menino de imunidade baixa,então sempre estava por aquele hospital e a Francine estava lá desde quando eu era só um garotinho.
Francine:Ora,parece que dessa vez a coisa foi seria né? - Ela se aproximou com uma bandeja cheia de medicamentos.
Benício:É... - Tentei sorrir mais obviamente não consegui.
Francine:Não fale muito por enquanto,sua mandíbula foi fraturada, mais os cirurgiões conseguiram recuperar - Explicou enquanto injetava remédio através de um tubo ligado a minha veia - Esse é pra dor,sei que tá sendo difícil suportar - Sorriu fraco - Mais você consegue,é um homem forte - Baixei os olhos,pensando que eu não era tão forte assim como ela pensava,mas eu preferia acreditar que era - O Natanael te trouxe porque seu pai precisou ir pro escritório dele. Seu irmão disse que vocês brigaram e ele só se defendeu - Me olhou desconfiada - É verdade? - Neguei como dava.
A tia Fran era a única pessoa que sabia os fatos da nossa família porque eu fui um menino tagarela antes de me tornar introvertido,então até hoje ainda conto muita coisa pra ela. O resto das pessoas ainda acham que a nossa família é igual a de um comercial de margarina.
Francine:Eu sinto muito querido - Suspirou - Tenta descansar,mais tarde pode chamar o Oliver pra vir fazer companhia pra você - Me deu um beijo na testa e saiu,tornando aquele quarto mais uma vez vazio.
Olhei ao redor da sala procurando meu celular e o encontrei em cima de uma pequena mesa ao lado da maca.
Fiz um breve esforço pra pega-lo, o que me fez perceber que não era apenas o meu rosto que doia, mais também o resto do meu corpo.
Pensei em mandar mensagem pra minha mãe vir pra cá,mais lembrei que ela não iria tão longe assim por mim.
Apaguei a tela do celular e me senti mais uma vez miseravelmente sozinho.