Benício⚡
Senti o meu pai me segurar pela nuca e enfiar dois dedos na minha garganta, uma pressão veio de dentro e me lançou para frente me fazendo colocar muita coisa pra fora.
Meu corpo tentava rejeitar mas ele continua com os dedos ali.
Cobria meu pai de vomito mas ele não parecia se importar com esse detalhe.
Tentava me manter acordado enquanto meus olhos insistiam em fechar.
Eliot:Quantos você tomou? - Perguntou pegando um frasco de um remédio tarja preta no chão.
Benício:Três... - Falei como conseguia.
Eliot:Três comprimidos?
Benício:Frascos - Vi ele arregalar os olhos pela pequena fresta entre as minha pálpebras.
Eliot:Porra Ben... - Ele continuou me fazendo liberar o máximo que eu podia da intoxicação que eu mesmo causei.
Dominique:O que tá acontecendo aqui?! - Escutei sua voz atordoada dela adentrar o banheiro do meu quarto - Benício! - Ela tinha um desespero grande na voz, muito contraditório.
Eliot:Isso é culpa sua - Ele disse alto enquanto me tirava daquele chão sujo.
Dominique:Não, eu não vou aguentar perder o outro - A voz era de choro e muito medo.
Natanael:O que aconteceu com ele? - Perguntou aflito enquanto o meu pai me carregava corredor a fora.
Eliot:Não tenho tempo de falar agora, precisamos sair - Essa foi a última coisa que eu escutei naquela dia.
Tudo se apagou novamente e eu não pude ver ou ouvir mais nada.
...
Acordei de manhã sentindo dor em tudo quanto era parte do meu corpo.
Eu estava ligado a algumas máquinas ainda.
Abri os olhos devagar vendo o meu pai sentado na poltrona da minha frente.
Ele estava com a cabeça apoiada entre as mãos olhando pra baixo, então nem me viu acordar.
Benício:Pai... - A voz saiu baixa e falha, mas ele pôde me escutar.
Eliot:Ô meu filho - Já se levantou chorando - Como você tá? - Me abraçava com muito pesar.
Benício:Acho que tô bem agora - Sorri fraco.
Eliot:Me desculpa por não conseguir te proteger deles - Se referiu a Dominique e ao Natanael.
Benício:Eu sei que tá todo mundo ali machucado pai - Ele se soltou do abraço me olhando.
Eliot:Mas não dá a eles o direito de fazer o que fizeram com você ao longo do tempo - Assenti.
Benício:Eu só queria parar de me sentir tão mal, mas olhando agora não adiantou nada - Ele me abraçou chorando de soluçar e eu também não pude conter as lágrimas.
Ficamos por um tempo em silêncio, a única coisa que podíamos ouvir era o meu choro contido por todo esse tempo.
Nos separamos quando eu fiquei mais calmo.
Meu pai enxugou meu rosto molhado pelas lágrimas.
Eliot:A Domique tá querendo te ver, quer que deixe entrar - Fiquei surpreso com a notícia.
Benício:Eu não consigo - Aquele com certeza não era o momento, eu tava sensível pra caralho, qualquer coisa me faria desmoronar.
Eliot:Tudo bem - Respirou aliviado.