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Lua🌙

Celine:Quando chegarmos ao destino te explicamos tudo.

Otto:Não podemos mais ficar no Brasil - Isso era tudo que eles tinham pra me dizer enquanto viajavamos em um jato particular, com um piloto diferente do habitual.

Sei que você deve estar se perguntando o porquê de eu não estar enterrada a sete palmos.

Bem, a resposta é simples, tivemos que forjar a nossa morte depois do acidente que quase nos matou.

Ficamos quatro dias em um hospital completamente afastado e com um único médico no Brasil, por algum motivo não podiamos correr o risco de sermos vistos e fazer com que a história fosse por água abaixo.

Eu estava confusa e perdida, não sabia onde estava indo, porque de estava fugindo e muito menos por quanto tempo isso ia durar.

Saber que eu ficaria longe dos meus amigos doia e me doia ainda mais saber que eu ficaria sem o Benício.

Eu já tinha visto ele sofrer tanto e me chateava saber que eu estava sendo a causa de mais uma tragédia na vida dele.

Não queria ter deixado ele, a minha vontade de verdade era de voltar pros braços dele e pedir desculpas por fazer ele sofrer, mas eu não podia...

Eu não queria perder o Ben pras coisas ruins que aconteciam na minha vida porque eu amava muito ele, muito mais do que eu era capaz de colocar em palavras e sei que se eu ficasse estaria colocando a vida dele em risco por algo que eu nem sabia explicar.

Respirei fundo olhando pela janela tomada pela escuridão da noite, eu estava frustrada, triste e muito chateada.

Não tinha me resolvido com meu pai desde o dia que discutimos no hospital, o que tornava a situação ainda mais complicada, então tudo naquela noite me incomodava, as dores por causa do acidente, o frio tenebroso e as roupas que eu vestia que nem eram minhas.

Pousamos em uma espécie de aeroporto abandonado e descemos do avião as pressas.

Aparentemente ainda estávamos no Brasil e aquela era uma espécie de conexão para pegarmos um voo internacional.

Lá tinha um avião grande e ao lado um único homem alto e fechado.

-Vamos, não podemos demorar - Disse assim que nos aproximamos.

Lua:Calma, posso ir tomar um ar? Acho que estou passando mal - Ele me olhou impaciente.

- Você tem dez minutos - Disse olhando o relógio.

Otto:Quer que eu vá com você - Neguei com a cabeça.

Celine:Filha, deixa eu te acompanhar - Respirei fundo.

Lua:Eu preciso de um segundo sozinha, tá? Por favor... - Choraminguei.

Fui pra um lado escuro da pista onde não tinha ninguém.

Liguei o meu celular que por incrível que pareça saiu intacto do acidente.

Tirei do modo avião e chegou uma notificação da caixa postal, coloquei pra tocar e reconheci a voz do Ben, meu coração apertou só de saber que aquela voz era de choro e tristeza.

Benício:Oi Lua, hoje eu pensei em nós - Falou com a voz embargada - Lembra daquele livro que pediu pra eu ler? Aquele que dizia ser o seu favorito? Pois é eu li, li a última página hoje e nela dizia o seguinte "o amor que eu sentia por você era como poder tocar o fundo do oceano com apenas um mergulho, mas acabei me afogando nesse amor que me despedaçou" e é assim que eu me sinto, não fui despedaçado como a protagonista do livro que você gostava, mas estou despedaçado de outra forma, de uma forma que você não teve culpa - Respirou fundo - Eu sinto muito, sinto pela sua mãe que era uma mulher incrível, sinto pelo seu pai que era um sábio e sinto por você que foi a melhor pessoa que eu já conheci. Me perdoa por não te proteger como te prometi, me desculpa meu amor... - Desligou a ligação.

Essa foi a última coisa que eu escutei ele falar pra mim por meio de uma ligação.

Em questão de segundos as lágrimas começaram a descer incontroláveis pelo meu rosto.

Que merda é essa? Porque não podiamos ser felizes por muito tempo?

Eu não me conformava com o que estava acontecendo, eu queria gritar desesperadamente mas nem isso eu podia fazer para não chamar a atenção das redondezas.

Desliguei o celular e segui para perto do avião do jeito que eu estava porque eu sabia que as lágrimas não iam cessar tão cedo.

Otto:O que foi filha? - Eu neguei com a cabeça.

Celine:Aconteceu algo Lua? - Me olhou desesperada.

Lua:Aconteceu, aconteceu que a minha vida acabou e vocês não querem me contar o porquê - Falei em meio a soluços.

Otto:Vamos te contar quando chegarmos ao nosso destino - Respirei fundo tentando não surtar ali mesmo.

-Temos que ir - Olhei pro cara furiosa e subi no avião enorme e completamente... vazio.

Me sentei na última poltrona do lado da janela.

Meus pais sentaram juntos mais a frente porque sabiam que eu não queria companhia naquele momento.

O mesmo homem alto e fechado entrou no voo, falou algo com o piloto e o co-piloto e veio andando pelo corredor até sentar do meu lado.

Lua:Cara o que você tá fazendo aqui? - Perguntei em meio às lágrimas que não paravam de rolar.

-Garantindo que você não se afogue nas próprias lágrimas - Puxou um lenço do bolso do terno e me entregou, não neguei a oferta.

Lua:Qual o seu nome? E o quê está fazendo aqui? - Perguntei secando as lágrimas com o lenço.

-Sou Malakai, sou promotor de justiça e guarda costas de vocês nas horas vagas.

Lua:Como sabia que precisávamos de ajuda?

Malakai:Aí é uma historia que os seus pais tem que te contar - Revirei os olhos.

Ele fechou os olhos e cruzou os braços evitando papo comigo, enquanto o avião levantava voo.

Eu apenas virei o rosto para a janela e continuei chorando até que o meu corpo apagasse em sono.

A Lua e euOnde histórias criam vida. Descubra agora