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Benício⚡

Era o décimo show que eu fazia na semana e eu não queria parar.

Estava num pico de energia tão grande que eu passava o tempo todo fazendo alguma coisa.

Fiz milhares de trabalhos e o amor dos fãs era o que me mantia de pé.

Eu estudava o dia todo pra evitar qualquer tipo de conflito interno.

Estava sozinho na minha cobertura estudando pra uma prova da faculdade de relações internacionais, eu estava indo bem até a campainha tocar.

Fui abrir a porta e lá estava Oliver.

Oliver:Que porra de discurso é esse? - Chegou entrando na minha casa.

Benício:Do que você tá falando? - Perguntei sem entender.

Oliver:O jovem cantor Benício Martin dá entrevista dizendo já ter superado a morte da namorada "é o ciclo da vida" diz ele, veja a matéria completa no nosso site - Lê a entrevista indignado.

Benício:Não lembrava disso - Falei coçando a cabeça.

Oliver:Como não se lembra? - Perguntou puto.

Benício:Eu tava bêbado nesse dia - Ele riu desacreditado.

Oliver:Para com essa porra Benício!

Benício:Relaxa cara foi só um deslize.

Oliver:Deslize? Olha o que você tá fazendo cara, nunca vi tu beber até se esquecer das coisas e olha que eu já te conheço desde a pré escola.

Benício:Acontece que eu não sou mais criança Oliver, as pessoas mudam - Falei como se não fosse óbvio.

Oliver:Geralmente mudam pra melhor.

Benício:Já acabou Oliver? - Revirei os olhos.

Oliver:Não, não acabei - Se aproximou - Para de evitar viver o luto, para de encher a cabeça de coisa pra não pensar nela, e nos pais dela - Apoiou a mão no meu ombro - Você não chorou, você não colocou nada pra fora ainda, acha mesmo que ficar guardando isso vai ser bom? Chega de fingir que não sente muito, porque não se permite sentir a dor? Eu sei que tá doendo, tá estampado no seu rosto.

Benício:Eu não queria sentir isso de novo... - Senti os meus olhos arderam.

Tudo que eu estava evitando pensar eu pensei naquele momento.

O velório triste, o discurso fúnebre da família, a terra sendo jogada em cima dos caixões, era perturbador pra mim.

Em pensar que um dia antes de tudo acontecer estávamos vivendo o melhor dia das nossas vidas.

Eu não conseguia respirar, o meu corpo fraco caiu de joelhos no chão no meio da minha sala

Abracei meu próprio corpo tentando me acolher porque o vazio dentro de mim era imensurável.

Eu não tinha me permitido sentir a dor até aquele momento, eu ignorei o fato de ter perdido o amor da minha vida.

O chão parecia se abrir sob o meu corpo e com o pouco de força que ainda me restava eu finalmente soltei as minhas primeiras lágrimas, lágrimas pela dor do meu coração dilacerado.

Um nó se formou na minha garganta.

As lágrimas pesadas escorriam pela minha pele e meus ombros pesavam.

O Oliver se aproximou e me acolheu como sempre fazia quando eu tinha um péssimo dia.

Se sentou no chão de frente à mim e me abraçou me deixando chorar em seu ombro.

A Lua e euOnde histórias criam vida. Descubra agora