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Aviso:Este capítulo contém gatilho, se você é sensível não recomendo a leitura, pule pro próximo capítulo.

Benício⚡

Dominique:Não quero você perto da minha filha - Disse com o ódio exacerbado estampado em seu rosto.

Benício:Tudo bem - Levantei as mãos saindo de perto da minha irmã que estava no colo do meu pai.

Eliot:Deixa ele pelo menos brincar com a irmã - Ela riu ironicamente.

Dominique:Pra quê? Esse moleque tem o dom de estragar tudo - Fiquei parado sem demonstrar nenhum tipo de reação.

Eliot:Pra quê isso Dominique? - Perguntou incrédulo.

Dominique:Esqueceu do que ele fez? - Tocou no assunto pela primeira vez desde o ocorrido.

Eliot:Não começa...

Dominique:Eu não suporto olhar pro rosto desse menino e me lembrar que ele deixou o meu filho morrer - Fechei os olhos imediatamente e respirei do fundo da alma.

Benício:Eu era uma criança mãe... Eu era praticamente um bebê, quem deveria tá lá era você - Ela riu novamente o que tornava aquela situação ainda mais perturbadora.

Dominique:Você já tinha juízo Benício, era capaz de usar o raciocínio lógico - Neguei com a cabeça.

Eliot:Para gente, deixa isso quieto - Tentou apaziguar.

Benício:Porquê me culpa tanto por isso Dominique? O Natanael estava lá e nem por isso você culpa ele como me culpa - Questionei e ela me encarou.

Dominique:Ele não viu Benício, mas você sim e não fez quase nada - Eu ri negando.

Benício:É impressionante como você fala comigo, acha que eu não me sinto mal por não ter conseguido salvar o meu irmão? - Ela tinha em seu rosto uma expressão indecifrável - Todo dia quando eu acordo eu penso em como seria se ele estivesse aqui, desde quando o Benjamin morreu eu não durmo direito - Ela riu com seu sarcasmo que relação a espinha.

Dominique:Tenho certeza que não dói em você como dói em mim, ele era o meu filho - Colocou o dedo no meu rosto.

Benício:E eu também sou...

Dominique:Você não é mais meu filho desde aquele dia - Falou com o nojo explícito em sua face.

Eliot:Dominique! - A repreendeu se levantando do sofá.

Natanael:O que é isso aqui? - Perguntou descendo as escadas.

Dominique:Tira esse menino da minha frente por favor filho - Pediu pro Natanael que veio em minha direção mas eu me desviei.

Benício:Eu sei andar sozinho - Saí dali e meus pais começaram a discutir, nem fiz questão de me meter.

A Ísis começou a chorar, eu tinha pena dela e de como iria crescer nesse lar conturbado.

Fui pro quarto e me tranquei lá.

Aquele dia eu percebi que a minha vida tinha perdido o sentido pra mim.

Tudo em mim doia, mas nada se comparava a dor no meu coração, era como se eu estivesse morto por dentro.

Cheguei no meu limite,nem uma lágrima eu conseguia soltar pra tentar amenizar essa sensação sufocante. Me ajoelhei no chão gelado e me curvei colocando a testa no chão, implorei para que se algum tipo de força maior existisse que me tirasse desse inferno que estava virando o lugar onde eu deveria me sentir seguro e acolhido.

Tudo pra mim tinha se tornado massante e pesado, nada me tirava da cabeça que eu era culpado por tudo, culpado pela morte do meu irmão.

E se ele tivesse aqui como seria? E se eu tivesse me esforçado um pouco mais pra salvar ele? A dúvida me matava.

Eu queria o meu Benjamin comigo, não sabia viver sem ele.

Sentia saudade de chegar em casa junto com ele depois da escola e ir almoçar assistindo desenho, saudade das vezes que a minha mãe cantava pra gente dormir fazendo cafuné nos nossos cabelos, saudade dele e do amor dela.

Tudo virou impulso para mim naquela noite.

Me levantei atordoado e abri o frigobar pegando a primeira garrafa de bebida que eu vi, não me lembro bem o que era, só sei que era forte.

Virei a garrafa de uma vez só sentindo a minha garganta queimar.

Tossi por causa da queimação, peguei outra garrafa e virei da mesma maneira.

Fui pro banheiro e abri a gaveta de remédios.

Peguei um frasco inteiro de remédio tarja preta, virei na minha boca e engoli, fiz isso com uns três frascos e parei quando não tinha forças pra ficar em pé, a garrafa de vidro caiu no chão se estilhaçando.

Caí em cima dos cacos sentindo eles cortarem as minhas costas. Eu via tudo girar, uma ânsia invadiu a minha garganta mas eu evitei vomitar.

Apaguei e acordei diversas vezes, nem sei por quanto tempo eu fiquei nesse loop.

Eliot:Benício?! - Escutei ele me chamar muito distante - Filho tá tudo bem? - Me chamou mais uma vez e eu não respondi e mesmo se eu quisesse eu não conseguiria.

Apaguei de novo vendo uma luz fraca tentar invadir o meu campo de visão mas ela se apagou novamente.

Acordei novamente agonizando.

Eliot:ABRE A PORTA BENÍCIO! - Bateu forte na porta.

Escutei um baque alto, provavelmente ele arrombou a porta. Passos rápidos vinham em minha direção.

Eliot:Não, de novo não... - Escutei a voz baixa e embargada dele.

Senti ele se ajoelhar do meu lado sem nem se importar com os cacos cortando a sua pele.

Eliot:Ô filho - Susurrou me segurando em seus braços e foi ali onde tudo se tornou escuridão.

Em alguns segundos uma cena invadiu a minha mente, era como um delírio ou sonho,eu escutava a voz distante do Benjamim dizendo que me amava,tentei seguir a voz mas parecia que algo me puxava pra longe.

Benjamim:Ben?! - Falou distante - Oi irmão - Olhei ao redor e naquele momento eu apareci em um jardim, um dos mais bonitos que eu já vi, mas eu não via o Benjamim

Benício:Onde você tá? - Perguntei olhando ao redor.

Ele saiu de um corredor de rosas todo vestido de branco, ele era muito parecido comigo, mas tinha lá suas diferenças.

Benjamim:Não devia estar aqui - Disse sorrindo com tranquilidade.

Benício:Eu sei...

Benjamim:Porque fez isso irmão? - Perguntou disposto a me ouvir.

Benício:Eu não sei, eu só... estou perdido - Olhei pra ele encantado com a luz que ele carregava.

Benjamim:Pois precisa se encontrar imediatamente - Bagunçou o meu cabelo.

Benício:Eu quero ficar aqui - Ele deu um sorriso angelical.

Benjamim:Você não pode, ainda não é a hora - Disse pacientemente.

Benício:Eu sinto sua falta Ben - Falei triste e ele me encarou.

Benjamim:Eu também... - Me abraçou forte, foi o abraço mais reconfortante que eu já senti - Eu tô bem tá? tô feliz, quero que se lembre todos os dias que nada disso foi culpa sua - Eu assenti e ele me soltou - Agora precisa ir antes que seja tarde - Ele se virou e saiu acompanhado por um homem alto com barba grisalha, eles caminhavam felizes de volta ao paraíso, era uma energia diferente.

Eu não sabia como reagir.

E derrepente uma luz branca ofuscou a minha visão, fazendo tudo desaparecer.

A partir daí eu apaguei,não me recordo de mais nada.

A única coisa que eu lembro é de ter a certeza de que estava morrendo.

A Lua e euOnde histórias criam vida. Descubra agora