Capítulo 15 - Vaca na estrada e um quase naufrágio

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Um belo dia, lá pelo início dos anos 80, eu voltava do trabalho para casa, numa sexta feira. Havia passado na Breno Rossi, na Rua 24 de maio, onde comprei o LP com os "Greatest Hits" dos Monkees, e não via a hora de chegar em casa para ouvir o disco. Naquela época eu já era aficionado por música, e sempre que possível, no dia do pagamento, comprava um ou dois discos para ampliar minha discoteca. Esse especificamente não era lançamento, visto que o conjunto nem existia mais. Porém, eu me lembrava dos episódios da TV, e gostava das músicas deles. Esse LP dos Monkees tenho até hoje. Mas naquela tarde, quase chegando em casa, passando em frente à casa do Zé Roberto, que era no mesmo quarteirão da minha, vi que havia ali um agito diferente. Ele, seu irmão João, seu primo Téio e o Toninho, amigo do João, estavam se preparando para ir acampar em Boiçucanga. Me convidaram de supetão pra ir também, e eu topei. Corri pra casa, guardei com cuidado o disco, peguei uma muda de roupa, botei numa mochila e voltei lá. Joguei a mochila dentro da Brasília do Toninho, que nessa altura já estava com o porta-malas e a tampa traseira cheia de bagagem e mantimentos para o acampamento, incluindo as barracas. Acrescentamos então mais minha mochila, e fomos embora. Já havia escurecido quando saímos, e nem lembro qual caminho foi feito, mas a certa altura, depois de mais de uma hora de viagem, estrada deserta e o Toninho dirigindo devagar, pois acho que não enxergava direito à noite, eis que de repente o farol da Brasília ilumina um grande vulto no meio da estrada, e de repente uma vaca aparece na frente do carro. Ainda bem que estávamos devagar, pois não dando tempo de frear completamente, a vaca acabou sendo atropelada e foi parar em cima do porta-malas da Brasília. Felizmente, foi só um susto mesmo: ela caiu em cima do carro, e depois levantou e saiu andando com se nada tivesse acontecido. O susto maior foi pra gente. Lembro que em cima de toda a bagagem que estava na tampa traseira, havia uma caixa de ovos que, com a freada e a batida, caiu em cima do Téio, que assim levou algumas ovadas na cabeça. Passado o susto, sem maiores traumas tanto pra nós como pra vaca, tocamos viagem. Estávamos tão devagar que o carro nem chegou a amassar.

No caminho, antes de chegar ao destino, e não sei por que cargas d'água, tivemos que pegar uma balsa para atravessar alguma coisa

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No caminho, antes de chegar ao destino, e não sei por que cargas d'água, tivemos que pegar uma balsa para atravessar alguma coisa. Nunca fui fã de praia, e quem usa óculos sabe o motivo: a maresia deixa-os constantemente embaçados. Por isso, nunca me familiarizei com o caminho para as praias, e fico meio perdido quando o assunto é algum caminho em direção ao litoral. Não posso nem imaginar qual caminho foi feito naquele dia que exigia uma balsa. Mas o fato é que embarcamos na tal balsa pra chegar até Boiçucanga. Lembro que fomos uns dos primeiros a embarcar, e por isso a Brasília estava na frente da balsa; por conseguinte, seriamos uns dos primeiros a desembarcar. Do lado direito, uma Toyota Bandeirante, quase um trator, e do esquerdo um carro de passeio, talvez um opala, não lembro ao certo. Quando chegamos ao destino, a balsa deu uma primeira "encostada" no píer, e antes da amarração, o Opala ao lado deu uma arrancada e saiu. O motorista já deveria estar acostumado, pois fez isso de forma fácil e quase natural. O Toninho, no embalo, arrancou também, porém como estava atrás do Opala, teve que esperar a vez. E nessa demora, quando já estava com as duas rodas da frente no píer, a balsa que ainda não havia sido amarrada bateu no píer e voltou. Na hora, achei que a gente fosse cair no mar pois ficamos com duas rodas na balsa e duas no píer. Para complicar, com o movimento lateral da balsa, a Toyota do lado estava chegando cada vez mais perto da lateral do nosso carro. Então, gritamos pro Toninho: ou ele ia pra frente ou pra trás porque com a balsa se afastando do píer, a gente ia cair no mar. Só não podia ficar ali parado. Ele resolveu ir em frente, e felizmente nessa hora a balsa já havia voltado um pouco, então conseguimos "pular" pro píer sem sofrer nenhum acidente. O Anjo da guarda, nesse dia, estava de plantão. Primeiro a vaca, depois a balsa.

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