UM APANHADO DE ALGUMAS LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
Escrever essas lembranças tem me dado uma enorme alegria. Fazendo isso, relembro dos áureos tempos de criança, quando a maior preocupação era de que modo e com qual brincadeira gastaria me...
Um belo dia, lá pelo início dos anos 80, eu voltava do trabalho para casa, numa sexta feira. Havia passado na Breno Rossi, na Rua 24 de maio, onde comprei o LP com os "Greatest Hits" dos Monkees, e não via a hora de chegar em casa para ouvir o disco. Naquela época eu já era aficionado por música, e sempre que possível, no dia do pagamento, comprava um ou dois discos para ampliar minha discoteca. Esse especificamente não era lançamento, visto que o conjunto nem existia mais. Porém, eu me lembrava dos episódios da TV, e gostava das músicas deles. Esse LP dos Monkees tenho até hoje. Mas naquela tarde, quase chegando em casa, passando em frente à casa do Zé Roberto, que era no mesmo quarteirão da minha, vi que havia ali um agito diferente. Ele, seu irmão João, seu primo Téio e o Toninho, amigo do João, estavam se preparando para ir acampar em Boiçucanga. Me convidaram de supetão pra ir também, e eu topei. Corri pra casa, guardei com cuidado o disco, peguei uma muda de roupa, botei numa mochila e voltei lá. Joguei a mochila dentro da Brasília do Toninho, que nessa altura já estava com o porta-malas e a tampa traseira cheia de bagagem e mantimentos para o acampamento, incluindo as barracas. Acrescentamos então mais minha mochila, e fomos embora. Já havia escurecido quando saímos, e nem lembro qual caminho foi feito, mas a certa altura, depois de mais de uma hora de viagem, estrada deserta e o Toninho dirigindo devagar, pois acho que não enxergava direito à noite, eis que de repente o farol da Brasília ilumina um grande vulto no meio da estrada, e de repente uma vaca aparece na frente do carro. Ainda bem que estávamos devagar, pois não dando tempo de frear completamente, a vaca acabou sendo atropelada e foi parar em cima do porta-malas da Brasília. Felizmente, foi só um susto mesmo: ela caiu em cima do carro, e depois levantou e saiu andando com se nada tivesse acontecido. O susto maior foi pra gente. Lembro que em cima de toda a bagagem que estava na tampa traseira, havia uma caixa de ovos que, com a freada e a batida, caiu em cima do Téio, que assim levou algumas ovadas na cabeça. Passado o susto, sem maiores traumas tanto pra nós como pra vaca, tocamos viagem. Estávamos tão devagar que o carro nem chegou a amassar.
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No caminho, antes de chegar ao destino, e não sei por que cargas d'água, tivemos que pegar uma balsa para atravessar alguma coisa. Nunca fui fã de praia, e quem usa óculos sabe o motivo: a maresia deixa-os constantemente embaçados. Por isso, nunca me familiarizei com o caminho para as praias, e fico meio perdido quando o assunto é algum caminho em direção ao litoral. Não posso nem imaginar qual caminho foi feito naquele dia que exigia uma balsa. Mas o fato é que embarcamos na tal balsa pra chegar até Boiçucanga. Lembro que fomos uns dos primeiros a embarcar, e por isso a Brasília estava na frente da balsa; por conseguinte, seriamos uns dos primeiros a desembarcar. Do lado direito, uma Toyota Bandeirante, quase um trator, e do esquerdo um carro de passeio, talvez um opala, não lembro ao certo. Quando chegamos ao destino, a balsa deu uma primeira "encostada" no píer, e antes da amarração, o Opala ao lado deu uma arrancada e saiu. O motorista já deveria estar acostumado, pois fez isso de forma fácil e quase natural. O Toninho, no embalo, arrancou também, porém como estava atrás do Opala, teve que esperar a vez. E nessa demora, quando já estava com as duas rodas da frente no píer, a balsa que ainda não havia sido amarrada bateu no píer e voltou. Na hora, achei que a gente fosse cair no mar pois ficamos com duas rodas na balsa e duas no píer. Para complicar, com o movimento lateral da balsa, a Toyota do lado estava chegando cada vez mais perto da lateral do nosso carro. Então, gritamos pro Toninho: ou ele ia pra frente ou pra trás porque com a balsa se afastando do píer, a gente ia cair no mar. Só não podia ficar ali parado. Ele resolveu ir em frente, e felizmente nessa hora a balsa já havia voltado um pouco, então conseguimos "pular" pro píer sem sofrer nenhum acidente. O Anjo da guarda, nesse dia, estava de plantão. Primeiro a vaca, depois a balsa.