Maya e Carina - Depois do acidente

A espera

Carina Pov

- Carina, sei que a Vick vai te fazer companhia hoje. Posso ligar para o Link avisando que não volto hoje para casa, não tem problema nenhum. - Jo me tira do transe por um momento, eu estava olhando para o nada, pensando em nada. - Sacudi ligeiramente a cabeça e olhei para ela.

- Não, amiga. Vá ficar com seu marido e seus filhos. Eu vou ficar bem. -suspirei ao pensar em toda a situação - Nos vemos amanhã.

- Tudo bem, estou mais tranquila porque ela vai ficar com você. - Jo me responde calmamente e se vira para para Vick para passar algumas instruções. - Vou deixar um remédio com você, - falando com Vick - quando chegarem no apartamento delas, tente fazer a Carina tomar um banho para relaxar e comam uma coisa leve, depois dê um comprimido desse remédio que retirei na farmácia do hospital. - entregou a cartela de comprimidos - Ela precisa descansar. Amanhã será um novo dia e ficarei com ela. - Vick escutou tudo atentamente e assentindo a cada palavra dita pela médica e amiga de Carina.

- Certo, pode deixar que vou fazer tudo ao meu alcance para ajudá-la. - Vick guardou o remédio em seu bolso e me chamou.

- Vamos Carina, vamos para sua casa, vou te acompanhar.... Amanhã de manhã você retorna para o hospital, você precisa descansar e infelizmente não tem nada que você possa fazer agora ficando aqui. Precisa estar bem amanhã, para a Maya.

- Você tem razão Vick, eu apenas não consigo... não consigo. - respondi depois de alguns segundos parada, não conseguia me mover.

- Vem, vou te ajudar. - Vick falou pegando no meu antebraço e caminhando lentamente comigo até meu carro que estava no estacionamento do hospital. Por um momento lembrei que no começo de tudo eu vinha trabalhar de carona com a Maya, logo no início da nossa relação, ela me deixava no trabalho e partia para a Estação. Trabalhávamos em locais muito próximos, então era mais prático usar um carro só. Nem me lembro quando isso parou, mas há muito tempo que comecei a vir trabalhar em meu próprio carro.

Vick pediu a chave do carro, dizendo que eu não estava em condições de dirigir, realmente não estava. Retirei a chave da bolsa com certa dificuldade, estava nervosa, sem rumo. Vick pegou a chave de minha mão, desarmou o carro e abriu a porta para eu sentar no banco de passageiro, depois deu a volta e entrou no assento do motorista.

O trajeto entre o hospital e meu apartamento foi feito em completo silêncio. As ruas estavam vazias, já se passava das duas da manhã. Chegamos no prédio e Vick estacionou o carro na garagem subterrânea. Permaneci sentada no banco do passageiro, poderia ficar ali por muito tempo. Ela esperou alguns segundos e abriu minha porta.

- Vamos Carina. Vou te fazer companhia hoje. - Vick já tinha percebido que era necessário repetir várias vezes a mesma informação, pois parecia que a outra não estava ali, estava de corpo mas minha cabeça estava totalmente em outro local. - Vem.... - ela me estendeu a mão para eu sair do carro e seguimos para o elevador do prédio.

Vick apertou o botão do meu andar e simplesmente não falamos nada, acho que ela sentia que precisava de meu espaço, precisava respirar. Eu continuava olhando para o nada, meu cérebro pensando em mil coisas. Saímos do elevador e com as chaves na mão ela abriu a porta e falou:

- Vamos entrar.

Entrei em um movimento automático, andando em passos curtos, quase em transe mesmo, me encaminhei direto para meu quarto e desabei na minha cama olhando para o teto. Depois de saber do resultado da operação ainda não tinha me dado o direito de chorar, passava e repassava, na minha cabeça, todas as informações que me deram, sobre todos os procedimentos realizados, eu sabia as consequências de todas as complicações na sala de cirurgia. Como médica não tinha como fingir que a situação não era simples, na verdade era grave! Tentava ser racional analisando todas as possibilidades que Maya poderia encarar. Agora, só queria ela de volta. Queria ela bem. Queria ela junto a mim. Todas as outras coisas viraram detalhes.