Reação

1.2K 117 128
                                    

Carina POV

Toquei ia campainha e esperei a porta se abrir, fazia calor e a essa hora do dia, o sol ardia batendo diretamente no local que eu estava parada. Podia sentir que tinha alguém atrás da porta, pois ouvi um barulho logo depois que apertei o botão. Esperei um tempo e olhei no relógio, tinha que voltar para a clínica em 20 minutos, mas apenas permaneci parada, esperando. Estava decidida a não sair dali até que Maya falasse comigo, mesmo que isso me atrasasse um pouco. Depois de alguns minutos angustiantes a porta se abriu e vi Maya, de moletom, regata, com o cabelo ligeiramente bagunçado e uma garrafa de cerveja na mão.

- Você está bebendo? - perguntei depois que a encarei e direcionei meu olhar para a garrafa em sua mão.

- É o que parece, não é? - ela respondeu de uma forma debochada que me me chateou.

- Não deveria estar fazendo isso. - disse apertando os lábios e depois de um segundo fazendo isso, olhei para dentro da casa - Posso entrar?

- A casa não é minha mas fique à vontade! - Maya abriu espaço com o corpo ficando de forma lateral para mim e apontando o interior da casa com uma das mãos.

Assim que entrei, fui me direcionando para sala, conhecia a casa da Vick de algumas reuniões que fizemos aqui, chegando lá constatei várias garrafas de cerveja na mesa de centro e pensei: agora mais essa, não tinha como piorar. Apenas sentei no sofá aguardando ela fazer a mesma coisa.

- Você sabe que passou por uma cirurgia delicada na área mais sensível do seu corpo há menos de 3 semanas, não sabe? - não me contive, tinha que falar sobre toda aquela quantidade de álcool que ela estava ingerindo

- Ah... Carina, me deixa! - coloca a garrafa que está na sua mão, também no centro da mesa e se afunda no sofá - Por isso que eu não me vejo em um casamento, são cobranças sem fim. - jogando a cabeça para trás e colocando as palmas das mãos no rosto.

- Maya, isso não é uma cobrança! Você se esqueceu que sou médica? Mesmo que não fosse, qualquer pessoa razoável saberia que teria que pegar leve após uma cirurgia tão invasiva. Isso é apenas um alerta, de quem se importa com você.

- Sobre o que quer falar? - disse de forma objetiva saindo da sua posição largada e sentando de forma correta no sofá.

- Você faltou a terapia! - eu disse erguendo as minhas sobrancelhas.

- Como sabe disso? Você conversa com a terapeuta? - franzindo o cenho demonstrando que realmente estava irritada

- Não! É claro que não! - me adiantei e respondi logo em seguida - Isso seria totalmente antiético. Sua terapeuta ligou para sua neurologista e ela me contou.

- Não consegui ir hoje, tá bom? Isso é um crime? - suspirou - Parece que matei alguém - disse em tom debochado, acho que ela não estava entendendo a seriedade do tratamento, eu teria que intervir de maneira firme, parecia estar lidando com uma criança.

- Sem bobeira por favor, eu só espero que você saiba que os relatórios da terapeuta comporão os documentos que serão avaliados pela junta médica que aprovará ou não seu retorno ao trabalho.

Maya ficou em absoluto silêncio, eu também. Tinha atingido meu objetivo e ela realmente estava começando a ver a seriedade de fazer a terapia corretamente. Por fim, depois de ver que ela tinha entendido, tirei meu celular de dentro da bolsa e olhei relógio na tela do aparelho, devolvendo o aparelho ao local logo em seguida.

- Agora que vi que você está bem preciso retornar ao trabalho, mas volto no fim do expediente. Precisamos terminar aquela outra conversa - disse de forma séria mas tentei não ser ríspida.

Maya e Carina - Depois do acidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora