Família

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Maya POV

- Acho que pegamos tudo, certo? -  perguntei com as malas em mãos, já tinha conferido tudo enquanto Carina empacotava o pequeno bebê recém nascido, em uma manta, em cima da cama.

- Acho que sim, - disse  sem tirar os olhos dele, entretida roçando seu nariz no minúsculo nariz de Andrea - você conferiu umas três vezes, então acho que sim. - concluiu sem nenhum tom de deboche na fala dela, mas senti que estava implicando, como de costume, com a minha mania de conferir tudo mais de uma vez.

Ela sempre implicava comigo pela minha maneira de organizar e arrumar as coisas, mas eu não me importava muito. Era assim que eu tinha aprendido, desde os tempos de atleta e essas coisas já estavam bem interiorizadas dentro de mim, não era algo que eu pudesse mudar e para falar a verdade, eu nem queria. 

Naquele exato momento eu me sentia confortável em saber que por ser sempre precavida, meu filho estava vestido e voltaria para cidade protegido em um bebê conforto. Neste momento eu realmente não me incomodaria com nenhum comentário a respeito da minha organização. 

- Certo, então vou para o carro e volto para te pegar, pode ser? - esperei a resposta ainda contemplando a cena dos dois e com as malas nas mãos.

- Certo, meu amor. Estaremos te esperando. - Carina disse terminando de colocar Andrea na manta, pegando no colo e dando um cheiro na cabeça dele.

Como combinado fui até o carro deixei as malas e voltei com o bebê conforto nas mãos, para acomodar Andrea com segurança. Durante o trajeto foi impossível não observar e reviver os momentos do dia anterior, era impressionante o estrago que o terremoto tinha feito, ainda estávamos sem energia e sem sinal de celular. Pelo menos, com a estrada desbloqueada a maioria dos hóspedes já tinham partido e só restaram 2 carros no estacionamento.

Chegando no chalé, colocamos o pequeno bebê bem acomodado e por cima dele a pequena manta que o envolvia antes. Fomos andando devagar até o carro, Carina precisava de cuidados, pois apesar de ser parto normal, seu corpo precisava de descanso. Depois de certificar tudo e com os dois acomodados, no banco traseiro do carro, eu fui me despedir dos poucos funcionários que restaram e deixem meu contato com eles.

A estrada estava parcialmente livre, mas ainda muito bagunçada. Eram galhos, pedras, barrancos em alguns lugares. Era preciso atenção no trajeto, então dirigi com calma para evitar qualquer contratempo. 

Em certo momento da estrada o sinal voltou para meu celular, que permaneceu todo tempo carregado, graças a um carregador de baterias portátil que eu sempre deixava no carro. Assim que o sinal surgiu o telefone tocou. Atendi.

- Oi, mãe. Estou no viva-voz. - avisei.

- Minha filha, estou tentando te ligar desde ontem de manhã. - sua voz era de preocupação.

- Sim, mãe.. ficamos completamente incomunicáveis.

- Vocês estão bem? Teve um terremoto.

- Sim, nós sabemos. - olhei pelo retrovisor para ver se os dois estavam bem - Estamos voltando para casa e estamos bem. - tentei tranquilizar minha mãe.

- E a Carina?

- Estou bem, também! - Carina falou pela primeira vez na ligação -  Na verdade estamos bem!   - fez uma pequena pausa e contou a novidade -  Seu neto nasceu!

- Como assim? Meu Deus!!! - Como assim meu neto nasceu? Como? - minha mãe falava tudo junto, ao mesmo tempo . Era uma espécie de gritaria controlada, uma mistura de susto com emoção.

- Calma mãe, - tentei controlar os ânimos - foi um grande, um gigante, susto mas todos estamos bem. Estamos indo para o hospital.

- Mas aconteceu alguma coisa com o bebê? Com ela?

Maya e Carina - Depois do acidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora