O milagre

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Carina POV

Cheguei no apartamento mais leve, deixei minha bolsa no sofá e fui direto para o banheiro, apesar da fome que sentia precisava de um bom banho quente e roupas limpas primeiro. A água quente batia com pressão em minhas costas, deixei ficar assim por um bom tempo. Estava sentindo um ligeiro desconforto na minha região lombar, certamente devido a um mal jeito de uma posição ruim que fiquei no hospital.

Depois de um bom tempo no chuveiro senti a dor passar, a água quente tinha feito todo o trabalho para relaxar os músculos do meu corpo. Decidi sair para cuidar de outra necessidade urgente do meu corpo, estava morrendo de fome. Normalmente, quando estou com algum problema em minha vida, a primeira coisa que faço é parar de comer, parece que uma bola se forma em minha garganta e não passa nada. Dessa vez, tirando a primeira noite que realmente não estava com nada de fome, meu apetite não foi afetado. Isso era bom, precisava me manter forte para dar todo o suporte que minha esposa precisava.

De roupa trocada fui para a cozinha e comecei a preparar uma pasta simples, com as primeiras coisas que vi no armário. Macarrão com alho e anchovas e pinolli, fervi a água, fiz o molho e em 20 minutos já estava comendo. Como me fez bem aquela refeição. Sempre tive dificuldades com a comida do refeitório do hospital, não era horrível mas estava bem longe de ser boa e saborosa. Esse macarrão simples estava reconfortante, era o que eu precisava nessa noite fria que fazia em Seattle. Enquanto comia recebi uma mensagem de Katherine avisando que estava deixando o hospital pois o horário de visitas tinha terminado, mas que amanhã estaria de volta, para esperar pela cirurgia.

Depois de terminar de jantar, arrumei a cozinha lavando, secando e guardando a louça. Fiz um lanche para levar  e comer mais tarde, peguei uma muda de roupa para uma eventual necessidade e retornei ao hospital. No caminho comecei a pensar, amanhã seria o terceiro dia pós acidente, no quarto precisaria retornar ao trabalho, acho que não teria problema nisso, provavelmente Maya estaria no quarto e eu ficaria sempre de olho nela. Caso alguma coisa acontecesse de diferente ainda tinha vários dias de folga guardados, frutos de inúmeros plantões desnecessários que peguei apenas para não ficar sozinha em casa, sem Maya.

Chegando no hospital, estacionei o carro, passei pala portaria e fui direto para a sala dos médicos guardar minhas coisas, chegando lá encontrei Jo deitada, estava com um semblante cansado.

- Carina! Oi, como você está - disse Jo ainda deitada, só movendo o pescoço e olhando em minha direção com um sorriso no rosto.

- Estou bem, mas e como você está? Parece cansada. - falo já colocando minhas coisas no armário.

- O cansaço é pelo de sempre, hoje fiz quatro partos, mas estou bem. - disse enquanto se levantava para sentar na cama. - Agora, fiquei sabendo das boas novas, o quadro clínico da Maya está melhorando! Amanhã vão tirar os drenos, isso é ótimo.

- Sim, é maravilhoso. O estado dela era extremamente crítico na primeira noite. -falo sentando em uma cadeira em frente a cama que Jo estava sentada - eu esperava uma melhora mas ela me surpreendeu... sabe que ela tem esse poder de me surpreender, mas acho que ainda não me acostumei. - esboço um sorriso.

- Logo logo ela estará no quarto.

- Jo, sei que está pesado para você, pretendo voltar ao trabalho logo. Amanhã ainda fico com ela mas no dia seguinte vou retornar com os atendimentos.

- Carina, não quero que você se preocupe com isso. Eu aguento. Você, como a melhor mentora que poderia ter, me ensinou muito bem a suportar qualquer carga de trabalho e também a momentos de crise. Estou cansada mas não é nada demais. Nada que 20 minutos de sono não resolvam.

Maya e Carina - Depois do acidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora