De cara com a morte

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Lukan Ryder
17:56

Cavalgamos por um tempo até chegar primo a uma ilha... Era tão lindo que eu fiquei feito um idiota olhando em volta e apreciando a paisagens, de alguma forma aquilo me lembrava casa. Parecia familiar e eu me sentia bem naquele lugar.

- o Seu cabelo ainda está bonito, Lukan. - Tuktirey falou olhando para o meu cabelo.

Elas fizeram algumas tranças pequenas e prenderam na minha tswin, deixando uma trança pequena em cada lado da lateral do meu rosto.

- Obrigado, Tuk! Vocês fizeram um ótimo trabalho. - Falei sorrindo para a criança.

- Ei cara... Acabou que eu nunca perguntei... Tá tudo bem mesmo sobre aquela briga que tivemos? - Lo'ak me olhou.

- Tá tudo sim, cara... Sem problemas entre nós. - Sorri para ele também.

- Vamos descer aqui... Respira fundo e vamos lá. - Tsireya falou segurando firme em seu ilu.

Concordei com a cabeça e logo todos descemos em nossos ilus, já podia ver a grande árvore de folhas enormes e brilhantes. Poderia jurar que meus olhos brilharam ao ver aquela imagem tão linda.

Descemos dos ilus e nós aproximamos da árvore nadando, chegando próximo a ela, Tsireya me olhou inclinou a cabeça para as folhas, me dizendo para ir.

Segurei a minha tswin e uma folha, aproximando uma da outra as conectando, logo fechei os meus olhos. Senti uma sensação tão boa, fazia anos que tinha me conectado a Árvore das almas, acho que a última vez foi antes de ganhar meus poderes.

Quando abri os meus olhos eu estava na floresta, conhecia a vegetação para saber que era em Tipani. Mas logo ouvi um choro baixo junto de uma respiração pesada. Olhei em volta e logo vi um garotinho sentado entre as raízes de uma árvore e suas costas no tronco dela, seus cabelos eram curtos e sua pele púrpura... Era eu?  Cheguei mais perto e cada vez mais o choro e a respiração ficavam mais fracos.

- Por favor, Eywa... Eu não quero morrer sozinho... - O garoto tinha um corte gigantesco no peito e não estava se mexendo, somente chorava alto.

Era eu! Seus olhos estavam baixos e seu rosto estava sujo, fazendo as marcas das lágrimas ficarem visíveis. Logo ouvi gritos chamando meu nome.

- Por favor, Eywa... Não me abandone... - Aos poucos o peito do garoto parou de se mexer, e uma última lágrima caiu de seus olhos, olhos esses que permaneceram abertos.

Não acredito nisso... Eu estava vendo a minha morte?

- Lukan? - Olhei para trás e vi Kenykan criança olhando para o menino, estava sujo e com marcas de arranhões pelos braços e no peito, ele parecia em choque e logo deu um grito. - LUKAN!... - Logo correu na direção do corpo e se ajoelhou balançando o menino pelos ombros. - KASÄMY! AJUDA!

Senti a minha própria respiração ficar ofegante.

- Kanykan?! - Kasämy adolescente apareceu e ficou em choque também, ele carregava seu arco e flecha, colocou a mão na boca ao ver o corpo, olhando para o lado e passou a vomitar.

- AJUDA AQUI! - Falou tentando segurar o corpo.

Kasämy limpou a boca e pegou a criança no colo, eu devia ter uns nove anos nessa época, enquanto Kasämy seus dezesseis e Kenykan uns treze.

- Ele tá muito mole... - Kenykan falou já chorando.

- Vamos logo! - Kasämy falou correndo. - VAI NA FRENTE E AVISA A MAMÃE E A LUGIRI! Elas vão ajudar ele.

Kenykan correu na frente entre as árvores.

Fechei os olhos com força e sentindo meu peito doer,  quando abrir os olhos novamente eu estava na entrada da nossa Árvore lar, onde estava ocorrendo as festas de maior idade dos guerreiros, todos sorriam, cantavam e dançavam juntos em volta de uma grande fogueira, tambores batendo e flautas sendo tocadas. Agora as memórias iam voltando aos poucos, estávamos comemorando exatamente a maior idade de Lusäkin.

Avatar - Guerreiros Da Cor PúrpuraOnde histórias criam vida. Descubra agora