‹4

1.3K 115 8
                                    

𝐃𝐄𝐙𝐄𝐒𝐒𝐄𝐓𝐄 𝐀𝐍𝐎𝐒 𝐀𝐓𝐑𝐀́𝐒

ᴇsᴛᴀᴅᴏs ᴜɴɪᴅᴏs, ᴄᴀᴍʙʀɪᴅɢᴇ
28 ᴅᴇ ᴊᴜɴʜᴏ / 16:16

𝑨𝑳𝑬𝑿𝑨𝑵𝑫𝑬𝑹 𝑪𝑶𝑳𝑳𝑰𝑵
(cinco anos)

Ela era pequena. Muito pequena.
Jasper e eu encaramos aquele berço, que era pequenino igual a garotinha que estava nele.
Stella.

A tia Ellie, tinha acabado de dar à luz, na semana passada. E hoje, estamos finalmente podendo visitá-la.
A minha mãe disse que não podemos falar alto e nem tocar na recém-nascida, por mais que eu quisesse, eu obedeci. Tenho medo de tocar nela e ela se quebrar, de tão pequena que é.

Estávamos no quartinho dela, um pouco escuro, mas dava para ver tudo perfeitamente bem por causa da luminária em formato de lua, que refletia uma luz amarela bem fraquinha.

A Stella era delicada, e suas mãos eram minúsculas iguais aos seus pés cobertos com uma meia mais minúscula ainda. Sua boca era pequeninha, mas, era arqueada, seu nariz era empinadinha e suas bochechas eram fofinhas. Os poucos fios lisos do seu cabelo eram escuros, mas como a sua mãe e o seu pai eram loiros eu imaginei que ela iria ficar loira quando crescesse.

Ela estava meio avermelhada, eu perguntei o porquê ela estava com batom vermelho no corpo todo e mamãe e minha tia riram. Eu não entendi no início, mas logo depois elas me explicaram. Era temporário. 

Tudo era temporário. Logo ela não estaria vermelha, e nem estaria daquele tamanhinho para sempre. Um dia ela iria falar, andar, e talvez, até correr comigo e os meus outros irmãos. Confesso que estou ansioso para isso acontecer logo, eu nunca tive uma amiga menina e os meus irmãos são tudo garotos. 

— Posso carregar ela? — sussurrou Jasper, encarando a titia Ellie.

Ele assentiu, e disse;
— Com cuidado, ok? — ele balança a cabeça assentindo, e ela se aproxima do berço.

Eu queria pegá-la primeiro, mas eu estava com muito medo de carregar aquela coisinha pequena e frágil nos meus braços fracos. E se ela fosse pesada demais?

Titia Ellie, carrega a Stella cautelosamente. Meus olhos acompanhando cada passo e movimento. E quando ela se inclinou para colocar a recém-nascida nos braços de Jasper, meu olhos se abriram mais.

Ele estava com ela nos braços.

Seu corpo parecia tenso, e ele estava paralisado e observando ela no seu colo. Eu queria carregar ela também, agora eu já não estou mais com medo. O Jasper era mais novo que eu e conseguiu, porque eu não conseguiria?

Stella ainda dormia profundamente, e a minha mãe agradecia por ela ainda estar desse jeito. Mas eu queria que ela acordasse, queria ver como ela ia agir. Ela ia chorar? Acho que ela ainda é muito pequena para brincar, infelizmente.

⟩⟩

Respiro fundo, aguardando impaciente a minha vez.

Jasper já estava carregando ela por mais de 15 minutos, e a neném ainda não estava acordada. E elas já tiraram foto dos dois, riram, conversaram e nada da minha vez chegar.

— Eu também quero carregar ela. — Eu digo, lembrando para eles que eu também estou na fila para segurar a pequena Maeve.

Minha mãe me olha junto com a tia Ellie. O rosto da minha tia Ellie, se iluminou, ela sorriu largo e gentil. Já a minha mãe, ela estava com um rosto pálido e um sorriso fraco.

Mamãe, no fundo, deve achar mesmo que eu vou deixar Stella cair. Talvez ela tenha um pequeno trauma, e com razão. Quando eu segurei o meu irmãozinho, Matt, sem querer deixei ele escorregar dos meu braços. Ele não caiu no chão, mas sim no sofá.
Chorei muito e a minha mãe ficou bastante brava.

Tia Ellie se aproximou de Jasper, tirando a Stella lentamente dos seus braços.

— Tchau bebezinhaa. — Sussurrou Jasper, e minha mãe sorri enquanto passava a mão pelo o seu cabelo bagunçando 

Ao ver Stella se aproximando nos braços de sua mãe. Sinto minha respiração de repente ampliar o ritmo. 

— Segure, Alex. — Comentou Ellie, parada a minha frente com a sua filha.

Eu estava paralisado. 

Pisquei, voltando para a realidade. E posiciono o meu braço para estar preparado para carregar ela.

Tia Ellie inclina o seu braço. 

Meu coração acelera

E então, ela coloca a pequena Stella nos meus braços.

Meus olhos se fixam nela.
Stella dormia tranquila, seu peito subindo e descendo suavemente. Ela era tão pequena, não parecia ser real de tão linda que era. Parecia que ela era uma boneca de silicone, e eu não sei brincar de bonecas e então, o meu medo repentinamente volta. 

E se ela cair dos meus braços sem querer, igual o que aconteceu com o Matt ?

Pensamentos negativos surgem na minha mente, sinto minha mão ficar trêmula por baixo das costas de Stella, e por um momento penso em dizer que não quero carregá-la mais.

Mas então, a mãozinha dela se mexe.

Com o susto e o nervosismo, reprimo a minha respiração ofegante.

Ela continua a se mover um pouco, e percebo que a tia Ellie se aproximou um pouco. Meus olhos vidrados na recém-nascida que agora estava se mexendo pausadamente.

Mas então…

Ela abre os olhos.

O meu coração volta a bater exageradamente rápido, necessitando de alguma coisa. 
Ar.

Meus olhos se arregalaram ao ver seus olhos. Escuto a voz de Jasper, da minha mãe e até da tia Ellie, mas não consigo entender nada. Era como se eu não soubesse o idioma deles. 

Eu só conseguia prestar atenção na Stella, com os seus pequenos olhos abertos, me olhando. 

Eram castanhos.
Seus olhos eram castanhos.

Mas eu sabia que logo eles iriam virar azul como os da sua mãe, ou verde como os do seu pai.

Eu sorrio fraco. Notando o meu coração se apertando em animação e felicidade.

— Olha mamãe, como ela é de olho aberto. — Diz Jasper, dessa vez eu entendendo.

— Estou vendo, filho. Estou vendo — Minha mãe comenta.

— Porque ela não chora, mamãe? — Indaga o meu irmão novamente.

Minha mãe demora a responder, mas depois fala;
— Não sei… Talvez, ela só não quer chorar — Ela finaliza.

E ela realmente não chorou, apenas me olhou.

Me perguntei antes, se ela iria chorar quando acordasse.

E ela não chorou.

•••

"Mas, ela chorou quando saiu dos seus braços?"

Sim.

Ela chorou.

E eu voltei lá, todos os dias às 13:00, até ela completar os seus 3 anos e começar a morar com a gente.

...

“— Acho que ela gostou de você. — Tia Ellie, menciona sobre Stella. E eu sorrio feliz.”

𝐎𝐬 𝐐𝐮𝐚𝐭𝐫𝐨𝐬 𝐈𝐫𝐦𝐚̃𝐨𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora