sexta
11:01hrsLuisa
olhei cansada para o Lucas, que parecia que tinha energia que nao acabava mais.
real que eu tava cansada de muita coisa, eu só queria me deitar e dormir o dia inteiro, se fosse possível.
ouvi a porta abrir e olhei pra ela, vendo a Ellen, com o Castro e umas coisas na mão.
Ellen: olha, você não vai ficar com essa cara o dia inteiro nao -falou e eu sorri fraco.
Luisa: real que eu so tenho essa -comentei me levantando.
fui no banheiro e passei a agua no rosto, mais uma vez, eu tava literalmente cansada de tudo.
Luan tinha me deixado sozinha pela segunda vez, mas dessa vez iria ser pra sempre.
fazia dois meses que ele tinha falecido, numa invasão que teve aqui, eu sabia que ele iria embora naquela noite, mas ele nunca me escuta sobre ficar em casa e ele foi mais uma vez.
tinha dado tudo certo, mas um dos caras que tava caído no chão, quase morto, conseguiu atirar nele, parece que eu sabia o momento certo que ele iria morrer.
ele morreu com apenas um tiro, pra quem sobreviveu a três, morreu em apenas um que foi o final de tudo.
hoje eu iria visitar ele no cemitério, junto da Liz e Caio, mas eu tava realmente sem forças pra nada.
Ellen: eu fico com o Lucas -falou e eu olhei pra ela- eu sei que você vai visitar ele hoje, eu fico com ele pode deixar
Luisa: Lucas sabe que o pai dele foi embora, ele tem que visitar o pai dele junto comigo -falei negando- não vou deixar meu filho em casa
Ellen: pois deveria, se é uma dor pra você imagina pra ele luisa -falou e eu neguei- tudo bem, Liz vai colocar na sua cabeça que ele não deve ir
apenas ignorei isso como sempre faço e pedi pra ela ficar com ele, enquanto eu tomava banho.
fui pro meu quarto e a lembrança me envadia em cheio, fazia duas semanas que eu não entrava aqui dentro, pois sempre eu chorava quando via as fotos.
tentei ignorar mas senti uma lágrima escorrer sobre meu rosto, em uma foto nossa do ano novo, ele sorria enquanto me olhava e eu sorria pra foto, foi a nossa última foto juntos.
tomei meu banho depois de passar uns minutos olhando a foto e queria ficar ali de baixo pelo resto do dia , mas ouvi a Liz me chamando e sai enrolada na toalha.
coloquei uma calça junto da blusa enquanto sentia o olhar da Liz sobre mim, o que já estava me incomodando, sempre que ela me olhava, era com um olhar de pena, o que me dava raiva disso.
Lucas: mamãe -gritou entrando no quarto- a gente vai ver o papai?
assenti fraco e ele sorriu de orelha a orelha , ele saiu do quarto dizendo que iria se arrumar e eu me sentei ao lado da Liz, que me abraçou calada sem dizer nada e era isso que eu queria.
[...]
olhava pra foto dele em cima daquilo e me dava mais aperto no peito, mais arrependimento de ter vindo aqui.
Lucas olhava pra tudo atento, ele olhava pra foto curioso e parecia querer perguntar algo.
Lucas: mamãe, papai tá aí? -falou e eu assenti- mas ele não tinha ido pro céu?
ele ficou com uma cara de quem queria chorar e no mesmo momento vi uma lágrima cair dos seus olhos.
Ingrid: vem aqui luquinhas -falou pegando ele no colo- mamãe tá muito triste e ela tá em um momento único, depois você pergunta tudo bem?
ele assentiu e deitou no ombro dela, senti sua mão passar pela minha cintura e coloquei a mão por cima da dela.
ela tinha sido a única pessoa que ficou comigo nesses dias, tanto que depois da morte do pai, ela voltou a morar comigo.
era sempre eu e ela, pra cuidar do Lucas, quando ela chegava do trabalho que eu tinha um momento meu.
Lucas sempre saia junto dela para os cantos, já que eu não tinha animação para nada, e eu me marterizava por isso, por achar que ele tava perdendo a infância por minha causa.
Ingrid: a gente te ama lu -murmurou e eu olhei pra ela- você nunca vai estar sozinha, sempre vai ser nós todos juntos, todos os dias e todos os anos.
Soso: não chora vovó -falou e eu olhei pra ela- eu te amo muito, muito, muito
sorri fraco e senti ela me abraçar com dificuldade, mas um abraço sincero.
eu realmente queria que ele tivesse aqui, pra ele levar o lucas pra comer sempre que chegasse cansado, sempre com um sorriso no rosto, dizendo que me amava o tempo inteiro.
quando foi minha estrutura no momento mais difícil na minha vida, quando ele sozinho conseguiu ser minha família inteira, quando aguentou tudo comigo.
quando ele brigava com meu pai, pra dizer que me queria só pra ele, e que ele tinha que aceitar aquilo de todo jeito.
quando ele implicava comigo , sempre dizia o qual teimosa eu era e nunca iria mudar aquilo por nada.
quando ele me chamava pra dançar, e iria sempre ter o mesmo sentimento da dança, do ritmo, pelo simples fato de ser ele ali comigo, me guiando para um lado e para o outro.
quando ele me beijava sem ter medo do amanhã, ou ter medo de qualquer outra coisa que não fosse me perder.
quando ele fazia questão de dizer o quanto eu estava bonita, não importa o momento ou o quanto eu estivesse me achando feia.
ele era único, ele foi a única pessoa que eu posso dizer que amei o bastante, única pessoa que eu consegui chegar perto e falar "eu te amo e não importa a opinião de ninguém".
eu ainda o amo, mesmo ele nao estando presente, mesmo sabendo que tudo que passou ficou em minha memória, mesmo sabendo que tudo hoje em dia e daqui pra frente irá ser tudo momentos e memórias.
saber que foi diante do morro, que eu conheci o amor da minha vida, descobri que coisas incríveis só passei ao lado dele, conheci meus filhos que são tudo que eu tenho hoje em dia e se eu perder, iria estar perdendo minha parte por completo.
saber que ele me deu o caio , saber que ele me deu a Liz, saber que ele me deu a Ingrid, saber mais ainda que ele me deu o Lucas.
são as pessoas mais importantes da minha vida e eu vou viver daqui pra frente por eles, guardando em minha memória quem fez tudo por mim, quem me amou de verdade, quem sempre vai me amar.
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Diante do Morro
FanficApós uma decepção, siga em frente, sem levar consigo o peso do que ficou para trás.