VIII. Meroveu

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Era escuro, não o ambiente em si, mas dentro de sua mente. Não sabia há quanto tempo se encontra dormindo, não havia se quer tido um mísero sonho. O vazio é suprimido por um zumbido constante, parecia de ir de um lado para outro, como se andasse em círculos sobre sua cabeça, com esse maldito som Aurora acorda. Seus olhos ardiam, se recusavam a serem abertos, pesavam muito mais que o comum.

Seu corpo ainda parecia desligado, todo movimento precisava de um grande esforço, assim limitou-se a olhar para os lados. O clarão da luz a cega por alguns segundos, após isso, ela percebe um quarto que nunca havia visto antes, era simples e aconchegante, com uma grande janela que mostrava que acabava de amanhecer, a ponta do gigante ardente saltando entre as gélidas e escuras montanhas.

Movendo sua cabeça para o outro lado, percebe uma porta velha, parecia robusta. Além disso, havia uma cadeira, talvez era de balanço, Aurora não conseguir confirmar, seus olhos ainda a enganavam. Sobre o móvel, uma pessoa se sentava, apenas seu contorno se destonava do restante da sala escura, era uma grande pessoa.

— W-Wem? — Aurora sussurra sem saber ao certo se era seu salvador.

O homem parece ouvir seu pequeno apelo, o vulto se aproxima, ficando menos borrado e escuro a cada passo. Quando estava bem em frente aos seus olhos, Aurora finalmente consegue notar o rosto de seu amigo.

— Está bem?— Wem pergunta com uma voz grossa.

— Acho sim... mas ainda estou bem lerda.— Aurora responde sorrindo.

— Normal para quem está dormindo há muito tempo. — Wem continua olhando para ela.

— Muito tempo? Nem deve ser tanto, continuo exausta! — Ela retruca enquanto passa as mãos pelos olhos.

— Há uma semana.

— U-uma semana? Que eu estava dormindo? — Ela questiona um pouco apavorada.

— Sim.

— Nossa... o maior sono que eu já tive! Haha!

— Como está a dor?— Wem pergunta com um olhar sério.

— Nem está doendo tanto.— Ela responde enquanto observava seu corpo.

Nesse momento, as suas mãos surgem em sua visão, uma com uma faixa ao redor do seu palmo e a outra com apenas um grande curativo em seu dedo mindinho, o qual estava encurtado.

 — Ah!... Me lembrei... do que aconteceu...— Aurora fala enquanto seu semblante se torna levemente melancólico.

— ...

— M-mas não está tão ruim... podia ser no meu olho. Haha! — Ela tenta apaziguar a situação.

— Você não tinha que ter ido sozinha.— A voz de Wem parecia ter um pouco de culpa.

— N-não se culpe... você não tinha como saber que o padre era o ser amaldiçoado... O importante é que você me salvou!

— Você quase morreu.

— Eu sabia quem você era quando te procurei... O importante é que salvamos a vila!— Aurora tenta mudar o curso dos diálogos.

Aurora sorri, um dos mais belos do mundo. Apesar que tudo que passou, as dores que sentiu, os medos que a dominou, sorria de verdade, com um coração difícil de se abalar. Wem parece notar o esforço dela em prosseguir, em não se lembrar dos traumas, isso aliviou a aparente culpa em seu rosto. 

— Para falar a verdade... eu não me lembro muito bem do final... Lutei contra o monstro e... A ESPADA! —Aurora começa a olhar ao redor a procura de sua arma.

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