ㅤ E se não houvesse como voltar para casa?
Quando mesmo após conquistar todas as cartas, Harumi, o estranho garoto qual salvou depois do jogo do rei de espadas, chamado Chishiya, e as demais pessoas que conheceu, descobrem com o fim dos jogos q...
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Harumi não esperava que a primeira vez que entraria em um teatro seria para jogar um daqueles jogos mortais, o local era em sua maioria decorado por tons dourados e adornos em gesso branco, uma multidão caminhava apreensiva pela larga entrada, seguindo o caminho deliberado pelas faixas vermelhas que impediam que alguém fosse para algum outro lugar, parecia alguma estreia importante de uma peça, e se esquecesse a voz irritante da mulher no telão do lado de fora, poderia se enganar com aquela fantasia por alguns minutos. As pessoas caminhavam lentamente, passo após passo, fazendo com que os mais ousados se destacassem entre eles, a morena até mesmo conseguiu reconhecer alguns sobreviventes da praia, por mais que não quisesse.
"As inscrições para os jogos estão encerradas"
Anunciou um novo telão dentro do teatro no momento que todos terminaram de adentrá-lo, um grande palco era iluminado por uma única luz quente, as mãos da jogadora sentiram o veludo das cadeiras enquanto avançava.
"Dificuldade: Valete de espadas"
Faltavam poucas pessoas para subir ao palco, e Harumi permaneceu escorada na parede próxima a cortina aberta, uma segunda garota replicou seus movimentos, apesar de não estar de fato a olhando para fazer tal cópia.
"Jogo: O quebra nozes. Regras: permaneça em cima do palco até o fim da peça, não haverá intervalos entre o primeiro e segundo ato"
— Que jogo interessante para ser do naipe de espadas — Murmurou a garota de dreads, Harumi a olhou de canto de olho, a jovem esticava seu pescoço, olhando para cada canto daquele palco como alguém que havia perdido algo muito importante.
— Não subestime esses jogos, eles são traiçoeiros — Comentou a mais baixa, ganhando a sua atenção — Quanto tempo dura quebra nozes?
— Eu não faço ideia, talvez não saber faça parte do desafio — Confessou, uma música começou a tocar dos grandes alto-falantes nas paredes, aumentando gradativamente, encerrando assim o curto diálogo.
Alguns bailarinos começaram a sair de trás da cortina do outro lado do palco — que não era tão grande assim — e apesar de nunca ter assistido a um espetáculo daqueles, a jovem adulta suspeitou que na peça original ninguém utilizava aquelas máscaras pretas, e suas roupas não estampavam o naipe de espadas sobre o peito, aquele era um balé especial, exclusivo, o balé do valete de espadas. A música finalmente havia chegado em seu ápice, as pessoas se amontoavam nas laterais do palco observando a bailarina principal ganhar o boneco de madeira vestido de soldado, da posição que estava, Harumi conseguia ver que seu rosto era diferente, estampando a feição da carta do valete de espadas. Tudo parecia tranquilo, os mais sádicos até mesmo ousaram caminhar entre os dançarinos, as luzes acompanhavam a sinfonia, apagando em alguns momentos.
