𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐎𝐈𝐓𝐎 - Fraqueza

248 31 28
                                    

     Harumi nunca havia visto os destroços da praia, tendo partido a muito tempo da utopia, nunca se deu ao luxo de voltar para lá, ignorando qualquer vestígio que encontrasse do local

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

     Harumi nunca havia visto os destroços da praia, tendo partido a muito tempo da utopia, nunca se deu ao luxo de voltar para lá, ignorando qualquer vestígio que encontrasse do local. Ela escutou em murmúrios soltos em cada jogo que participou sobre o que estava acontecendo no hotel, montou quebra-cabeças sobre o dia a dia de do antigo abrigo, viu a fama da praia crescer, mais e mais integrantes aparecessem em vislumbres inesperados, se escondeu o máximo que pode de pessoas como Niragi, e de ambições tão grandes quanto do chapeleiro. E então um dia simplesmente escutou sobre o seu fim, ela sabia que aquilo não duraria muito, sabia que Takeru lentamente se degradaria com a mordomia daquele local, como viu entre as sombras toda vez que ele chegava rodeado de pessoas em um daqueles carros, toda vez que ele jurava para Deus e o mundo que tinha como alguém escapar desse — denominado por ele — país, mas descobrir sobre a sua morte e a destruição da praia lhe causaram sensações estranhas, uma mistura de vitória por ter corrido de lá com o maior número de coisas que conseguiu levar, e angústia, por saber que realmente não havia para onde voltar, na verdade, desde que havia chegado aqui, Harumi nunca teve para onde voltar.

     E mesmo se estivesse em seu mundo "antigo" também não teria.

     A praia e o chapeleiro foram a segunda coisa qual a ex jogadora nunca viu de fato indo embora, apenas suspeitava e imaginava como teria sido, repassava maneiras de como os gritos poderiam ter ecoado, e quanto tempo durou as pausas entre cada suspiro. Assim como Fuyuki, ela apenas guardou aquele arrependimento no lugar mais obscuro que encontrou em seu coração. Todavia agora estava ali, passando próximo aos destroços da utopia que viu crescer, eles não estavam exatamente na frente do hotel queimado, afinal, graças a grama alta que continuava a crescer junto de alguns muros do outro lado da rua, possuíam um lugar para se esconder e não serem notados por algum indivíduo que passasse ali, mas ainda estavam perto o suficiente para vislumbrar o local manchado pelas chamas. Ela não precisava mais viver de suspeitas sobre aquilo, estava exatamente em sua visão o fim da praia, sem rodeios, sem criações imaginárias. Foi preciso uma dose de coragem para conseguir parar de encarar aquela construção, e seguir abaixada, caminhando sorrateiramente junto ao estranho grupo. Todos pareciam de certa forma abatidos por passarem ali, cada um relembrando da marca qual a utopia deixou em seu peito, apesar de Harumi sentir que a sua marca era injusta.

     — Não estou vendo nada — Kuina sussurrou quando eles se esconderam atrás de uma pequena casa após passarem pelo hotel destruído.

     — Eu vi uma pessoa caminhando para lá — Arisu apontou com a cabeça para a rua que continuava adiante.

     — Então parem de falar e vamos, Arisu deve estar certo — Murmurou Harumi.

     A garota passou por todos, tomando a dianteira da equipe, e sem dizer mais nada apenas continuou a andar, achando os melhores lugares para se esconder, os demais seguiram seus passos, como em uma ritmada apresentação de dança, entenderam o silêncio como o silêncio os entendia, e prosseguiram por mais um tempo. Sons distantes começaram a serem escutados novamente, e enquanto subiam um pequeno morro, puderam avistar um segundo hotel no meio ao deserto do ambiente, ele parecia ter mais andares do que aquele qual estavam acostumados, porém era mais estreito, sua decoração em um vermelho tão mórbido quanto a destruição que atingia sua pintura e arredores, não era mais possível ver a antiga praia dali, mas sem dúvidas, as pessoas que entravam e saiam daquele lugar, mostravam que estavam na possível nova praia. Era preciso ver o fim trágico da primeira para chegar até ela, e Harumi se questionou se aquilo era proposital, ou apenas uma coincidência infeliz.

𝐓𝐇𝐄 𝐑𝐄𝐀𝐋 𝐆𝐀𝐌𝐄 - 𝘚𝘩𝘶𝘯𝘵𝘢𝘳𝘰 𝘊𝘩𝘪𝘴𝘩𝘪𝘺𝘢Onde histórias criam vida. Descubra agora