Harumi acreditava que aqueles que levariam o mundo a sua ruína não seria simplesmente quem fizesse algo de ruim para ele, mas sim uma espécie pior, aquele dos que não movimentam um dedo sequer para impedir. Não fazer nada também é fazer algo, encaixado para pessoas — que ela acreditava serem — medrosas e impotentes, coisa a qual a mulher odiava se sentir equivalente, todavia nos últimos dias parecia ser tudo o que lhe restava. Harumi não sabia se realmente estava sendo inútil, se haveria algo o que ela pudesse fazer em uma situação como aquela que fora posta, mas quando suas costas encostaram na parede gélida daquele estranho quarto, e seu coração bateu em seu peito em sincronia com os passos pesados que se afastavam pelo corredor, ela não pode se sentir nada mais, nada menos, do que completamente impotente, como quem ousasse resgatar alguém em meio as marés violentas do mar, mesmo sem saber nadar, e acabasse apenas afundando ainda mais a pessoa. Harumi ainda odiava a sensação de se afogar, mas talvez sua cabeça submersa naquele maldito balde fosse mais fácil de lidar do que aquele sufocamento pela água invisível de seus medos. A morena sempre fora assim, criada para contra-atacar, retrucar sem qualquer tempo destinado para pensar antes daquilo, uma ação instantânea, imediata, o qual inclusive, naquele momento não chegou, que naquele momento não poderia chegar.
— E a garota? — Uma voz masculina ecoou pelo corredor, afastando Harumi de seus pensamentos avassaladores, a mulher suspeitou que o tom fosse de Yaba, o homem de madeixas com gel qual pouco havia falado no abrigo subterrâneo.
— Akiko ainda não saiu da sala, deve estar com ela ainda — Uma segunda voz respondeu, seu tom duro se assemelhava com o do rapaz tatuado qual a morena havia acumulado tanta raiva.
— Não vamos levá-la de qualquer jeito — A voz de Niragi soou até os ouvidos de Harumi sem nenhuma dúvida de quem seria o dono do timbre — Deixe-a apodrecendo mais um pouco.
— Katsuo pode ajudar a colocar o resto dos equipamentos no carro, e depois fica aqui com ela, só por segurança — Fora a voz de Banda a sugerir o novo plano, sua voz também sendo, infelizmente, tão comum para a prisioneira.
O corpo de Harumi se arrepiou com aquela nova informação, que demonstrava que ela não teria tanto tempo disponível para programar o que fazer, entretanto nenhum movimento fora feito apesar do nervosismo que lhe atingiu, seus braços e pernas paralisados, sua cabeça conseguindo apenas encostar totalmente na parede atrás de si, buscando escutar qualquer único sinal que pudesse ser dado de Chishiya. A porta de madeira distante sendo destrancada se tornou a única certeza de que eles haviam realmente ido atrás do rapaz, a longitude tornando suas falas abafadas, em sussurros difíceis de entender, mas que sem dúvidas não batiam nem um pouco com o timbre da voz rouca do platinado. Apesar disso, não era muito difícil imaginar a sua reação, seu olhar apático, sem dizer uma única palavra, demonstrando uma soberania em seu singelo silêncio, até o momento que uma nova piada fosse feita. Talvez Chishiya também não aguentasse permanecer sem fazer nada, o que na situação que estavam, poderia ser perigoso.
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𝐓𝐇𝐄 𝐑𝐄𝐀𝐋 𝐆𝐀𝐌𝐄 - 𝘚𝘩𝘶𝘯𝘵𝘢𝘳𝘰 𝘊𝘩𝘪𝘴𝘩𝘪𝘺𝘢
Fanfictionㅤ E se não houvesse como voltar para casa? Quando mesmo após conquistar todas as cartas, Harumi, o estranho garoto qual salvou depois do jogo do rei de espadas, chamado Chishiya, e as demais pessoas que conheceu, descobrem com o fim dos jogos q...