𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐕𝐈𝐍𝐓𝐄 𝐄 𝐐𝐔𝐀𝐓𝐑𝐎 - Súplica

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     Haviam certas coisas na vida que eram ironicamente cômicas, como a forma que estar literalmente em um abrigo subterrâneo possivelmente feito pelo criador — ou aparentemente criadora — de toda aquela loucura de mundo, parecia mera futilidade p...

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     Haviam certas coisas na vida que eram ironicamente cômicas, como a forma que estar literalmente em um abrigo subterrâneo possivelmente feito pelo criador — ou aparentemente criadora — de toda aquela loucura de mundo, parecia mera futilidade para Harumi perante a arma que a estava apontada para a sua cabeça e de sua dupla, nenhum destino parecia mais cruel do que aquele, que fora despejado rudemente sobre o seu colo, sem qualquer opção de escolha. Talvez por isso a morena odiasse tanto aquela nova — e talvez um pouco da antiga — praia, aquelas pessoas lhe lembravam que era meramente insignificante diante todo o universo, e apesar de ser realmente um grandioso nada, era bom pensar às vezes que possuíamos as rédeas de nossas próprias prioridades. Harumi sempre gostou de controlar as coisas ao seu redor, até mesmo sua mãe já havia lhe dito isso, mesmo quando ela não possuía idade o suficiente para entender o peso daquela confissão. Talvez por isso ela ainda desejava sair de alguma forma daquele país dos jogos, apenas para ter a certeza que ao menos sobre alguma coisa ela poderia comandar, sua renúncia àquele mundo que, sem dúvidas, não havia pedido para se tornar parte, o desejo de sentir a raiva rotineira que possuía por pessoas do "outro universo", lugar o qual, apesar de exercer a mesma regra de inutilidade diante sua vida tão desnecessária, ao menos fazia o mínimo de sentido para que a garota pudesse refuta-lo com propriedade.

     Não demorou muito para uma daquelas vozes, ecoadas pelo vazio dos cômodos e das carcaças dos cadáveres, pedisse para que a dupla invasora se virasse em sua direção, talvez possuindo a mesma ânsia por domínio quanto Harumi sentia. Nem a morena, nem o platinado, ousaram levantar a mão em sinal de redenção, quase como se tivessem combinado tal orgulho, se contentando em, após um tempo em uma luta interna, apenas se virarem.

     Harumi sentiu mais raiva ainda quando vislumbrou, pela fraca iluminação do corredor, o rosto de Banda atrás da escopeta apontada para sua face, ele não estava sorrindo daquela vez, mas ela quase conseguiu encontrar, assim como no movimento do sangue já parado que escorreu do pescoço do rapaz do lado de fora do bunker, um pequeno movimentar em seus lábios subirem na mesma feição de divertimento quanto do último encontro que haviam tido, aquele seu olhar reluzindo assombrosamente pela mira da arma, como se fosse algum tipo de Deus. A morena já havia se questionado muito sobre como diabos Niragi havia se reunido com pessoas tão diferentes como o psicopata a sua frente, mas talvez eles possuíssem mais coisas em comum do que ela poderia imaginar, utilizando de exemplo, o desejo profundo de uma dominação, de uma confirmação, perante algo, como possuíam, suas ambições grandiosas e errôneas lhes faziam semelhantes.

     — Era óbvio que tinha que ser vocês — Banda zombou, olhando a dupla a sua frente, a arma ainda erguida, engatilhada, quase como se quisesse confirmar para a garota a sua frente que qualquer movimento que ela tentasse fazer poderia até mesmo o matar, mas não sem levá-la junto — Achava que o Niragi só estava sendo incompetente — Ele prosseguiu — Mas vocês são realmente um pé no saco.

     — Ou talvez você seja incompetente também — Harumi retrucou, seus olhos fixos nos do insano rapaz. Talvez aquela fosse uma boa hora de confessar que Chishiya estava certo, e ela realmente necessitava de ter sempre a última palavra em uma conversa, até mesmo em momentos como aquele.

𝐓𝐇𝐄 𝐑𝐄𝐀𝐋 𝐆𝐀𝐌𝐄 - 𝘚𝘩𝘶𝘯𝘵𝘢𝘳𝘰 𝘊𝘩𝘪𝘴𝘩𝘪𝘺𝘢Onde histórias criam vida. Descubra agora