ㅤ E se não houvesse como voltar para casa?
Quando mesmo após conquistar todas as cartas, Harumi, o estranho garoto qual salvou depois do jogo do rei de espadas, chamado Chishiya, e as demais pessoas que conheceu, descobrem com o fim dos jogos q...
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— Ganhei! — Mira comemorou ao final da terceira rodada do jogo, seus olhos, apesar da destruição em volta, estavam verdadeiramente alegres — Você participou de três rodadas sem desistir — O brilho em suas íris se acalmou, enquanto levantava o rosto para olhar o garoto em sua frente, ela repousou o bastão sobre o chão — Parabéns, Arisu.
— Até que enfim — Murmurou Usagi escorada sobre uma das colunas de gesso do jardim — Acabou mesmo?
— Acabou, a gente zerou — Respondeu o rapaz, virando-se lentamente para a mulher de cabelo curto, um sorriso cansado invadiu seu rosto — Então, que lugar é esse? — Insistiu em perguntar para a rainha de copas, voltando a encará-la.
— Arisu, você vai descobrir em breve — Tranquilizou a desafiante, olhando para o céu — Vocês vão ter bastante tempo para descobrir.
— Como assim? — Questionou, dando um passo em direção a rainha — Ao menos nos diga, como vocês se tornaram reis e rainhas dos jogos, foi após zerar todos, não é?
A risada de Mira ecoou pelo vasto jardim florido, as flores brancas com o reflexo da lua possuíam um estranho brilho azulado.
— Oras, mas eu já te contei isso — Disse dando de ombros.
Arisu parou, confuso, seus olhos olharam para o céu infinito sobre suas cabeças, como se as estrelas nele pudessem lhe dar a resposta para aquilo, ele buscou, em meio a sua memória embaralhada e perdida, o momento que a rainha teria tido algo sobre aquilo. Haviam tantas mentiras, tantos universos paralelos inventados somente pelo simples timbre de sua voz, como ele saberia distinguir o que era verdade? Como ele saberia dizer se ela não insistiria de mentir até mesmo agora?
"Nós participamos de um jogo extra", a voz de Mira soou em sua memória, distante, enquanto seu cérebro o tentava alertar que havia achado algo pertinente, "Sabe, estava escrito, 'Boas-vindas ao jogo do Coringa, deseja fazer parte disso?'", ela havia dito. "Parecia tão legal, e ainda havia como escolher? Muitos aceitaram! E então nós jogamos, antes mesmo de qualquer outra pessoa chegar aqui", sua voz continuava estranhamente animada até mesmo em suas profundas lembranças, o corpo de Arisu estremeceu, "Nós roubamos, acho que seria isso, certo? Ganhamos cidadania permanente antes de todos, nos tornamos o exército desse lugar", o garoto achava que ela estava apenas brincando com sua cabeça, tentando fazê-lo achar que todas as teorias que havia feito até agora não eram verdadeiras, tentando quebrar o padrão, "Mas infelizmente vocês são muito insistentes, e finalmente chegaram até aqui".
— Mira — A voz de Arisu saiu fraca, falhada, embriagada de sentimentos que ele nem ao menos entendia — O que você quis dizer?
— A vida — Murmurou a rainha — É um jogo — Completou, um sorriso surgindo em seu rosto novamente — Tente se divertir, e aproveite sua nova casa.
Antes que a mulher de cabelos negros, tão profundos quanto a noite, pudesse dizer mais alguma coisa — o que era improvável que quisesse — ou algum dos dois ganhadores pudessem lhe implorar por alguma explicação plausível — o que era extremamente provável que quisessem — um novo laser, o último laser que cortaria aquele céu, caiu sobre sua cabeça, perfurando seu crânio e fazendo seu corpo repousar de uma vez só sobre o chão, o gramado, tão perfeitamente alinhado que até mesmo parecia de mentira, de um tom verde vibrante foi para o escuro e avermelhado do sangue fresco, que se espalhava como uma praga, não só ali, mas em todo lugar para onde eles iam, todo lugar que aquele estranho mundo dominava.
