𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐃𝐄𝐙𝐎𝐈𝐓𝐎 - Morte

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[Atenção, este capítulo possui menção ao suicídio]

     Harumi não sabia dizer se havia seguido Yuta por não confiar nele o suficiente para deixa-lo perambulando por aí com tanta liberdade em mãos, ou porque seu semblante estava incrivelmente mais pesado do que costumava ser

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     Harumi não sabia dizer se havia seguido Yuta por não confiar nele o suficiente para deixa-lo perambulando por aí com tanta liberdade em mãos, ou porque seu semblante estava incrivelmente mais pesado do que costumava ser. Não era difícil notar as nuances no comportamento das pessoas, apesar da morena, na maioria das vezes, não entender os sentimentos por trás deles, seu olhar apurado sempre lhe contava algo novo. Era como colecionar detalhes de uma obra de arte, cada mínimo movimento como uma pincelada sobre a tela, a força a qual a tinta chocava-se com o quadro denunciando quem seria o dono da obra, os tons frios ou quentes sendo a marca de cada artista, os formatos dos objetos, a forma como se enxerga o mundo através da junção do todo sendo mais sua assinatura do que de fato o nome escrito abaixo dela.

     Yuta estava sério quando se sentou na poltrona próxima à cama de casal a qual Kuina estava, o estofado em um tom de marrom-claro enfeitado por pequenos losangos, o braço de madeira sendo perfeito para suas mãos que apesar de estáticas, demonstravam certa ansiedade. Harumi permaneceu por um tempo junto a abertura da parede, distante, apenas o observando, a respiração pesada da garota ferida sendo mais presente perante o silêncio que engolia a todos naquele quarto de hotel.

     Ela não precisou analisar o moreno por tanto tempo assim para imaginar que tipos de pensamentos se passavam em sua mente, como em um jogo de adivinhação, apesar de, no fim, tal ação apenas fosse consequência da tremenda semelhança que encontrou em seus movimentos tão sutilmente nervosos.

     O medo de não conseguir se soltar da sombra do que um dia havia sido, aquele sentimento de saber que poderia ter feito mais.

      Mesmo que odiasse a forma como aquele termo tão medroso insistia em aparecer em sua rotina ultimamente, era impossível Harumi negar aquilo.

     — Por incrível que pareça, não foi sua culpa — A mulher murmurou, finalmente ultrapassando os limites para dentro do cômodo, sua voz estranha em meio àquele início de conversa tão inusitado.

     — Logo você me dizendo isso? — Yuta retrucou, levantando seu olhar, um certo humor posto em seu tom, apesar de não ter tido nem ao menos coragem de negar o conhecimento sobre o que Harumi se referia.

     — Eu não confio em você, sua voz me irrita, seu comportamento me irrita... — A garota listou algumas verdades presas em sua garganta, seu corpo agora escorado sobre a parede em frente ao mais alto, apesar de ainda estar distante do mesmo — Mas eu não sou hipócrita — Completou, finalizando a lista com uma grande mentira.

      Harumi conseguia ser incrivelmente hipócrita na maioria das vezes, talvez estivesse sendo naquele exato momento.

     — Você conseguiu abrir o carro rapidamente, o que nenhum de nós teria conseguido, Kuina de um jeito ou de outro teria acabado levando aquele tiro — Conforme a fala foi se desenvolvendo, Harumi desejou engoli-la novamente, o peso daquele fato sendo demais para a ocasião — Não foi sua culpa.

𝐓𝐇𝐄 𝐑𝐄𝐀𝐋 𝐆𝐀𝐌𝐄 - 𝘚𝘩𝘶𝘯𝘵𝘢𝘳𝘰 𝘊𝘩𝘪𝘴𝘩𝘪𝘺𝘢Onde histórias criam vida. Descubra agora